Ele se levantou e não baixei minha guarda, até que ele se sentou e se serviu de chá.

-Queira se sentar?

Não respondi.

Aquilo era uma brincadeira? Ele tá tirando com a minha cara?

A maneira calma dele agir não condiz com sua posição, ele devia estar um pouco mais temeroso pela sua vida.

-Eu prometo que não tentarei nada, afinal você é a filha do meu senhor.

-Sinto informar mas ele está morto, eu o matei.

Ele desviou o olhar do chá e encontrou o meu, logo depois analisou minhas roupas.

-Roupas brancas, Raven? Eu esperava mais da herdeira do Destruidor de Mundos.

-Digamos que me cansei do roxo.

-Você sabe o que o roxo representa, não acho que seja tão inocente.

-O roxo representa o poder demoníaco, meu sangue impuro que corre pelas veias. Vamos acabar logo com isso!

Concentro meu poder na palma das mãos novamente, mas ele não parece estar intimidado.

Bebe lentamente sua xícara de café e se recosta na cadeira.

"É impressionante a calma que ele tem em uma situação dessas

-Você se pergunta o porque estou tão calmo e o que posso afirmar é que eu não tenho motivos pra ter medo de uma garotinha.

-Tá brincando comigo?

-Eu não tenho medo, pois eu confio que meu senhor irá me proteger.

-Ele tá morto, seu velho caduco. Eu o matei, ele não existe mais, ele não possui mais poder algum, eu tô no controle.

-A senhorita tem a plena certeza disso? Eu tenho quase certeza que você pode sentir minha presença.

Merda, ele tem razão.

-Acho que ainda temos muito o que conversar, já que meu ritual foi atrapalhado.

-Você não vai machucar mais ninguém que eu amo -escuto mais gritos vindos de baixo.

Minha visão continuava roxa até que ele se levantou e se sentou na ponta da mesa, me encarando.

-Eu sei que você quer se libertar, por isso tenho uma oferta bastante generosa. Dê seus poderes á mim, eu posso restaurar esse mundo e você pode ser meu braço direito.

-E o que te faz pensar que eu iria querer negociar com você?

-É seu dever como filha do meu mestre se entregar de corpo e alma para o bem maior, podemos restaurar esse universo, restaurar o equilíbrio!

Ele fala isso com um sorriso e simplesmente tenho vontade de vomitar.

-Com equilíbrio, você quer dizer o caos e o sofrimento, certo?

-Não veja as coisas por esse lado, eu não quero o caos, apenas um mundo menos...como posso dizer, bondoso.

-É a mesma coisa. -começo a me estressar, ver ele tão calmo me deixa apreensiva.

-Parte do poder do seu pai continua em mim, enfraquecendo aos poucos por sua existência ter sido extinta, por isso regularmente preciso fazer sacrifícios.

-O único sacrifício aqui vai ser o seu.

Ele me encara e se levanta, eu posso ver suas olheiras profundas embaixo dos seus olhos.

-Receio que sua equipe esteja conseguindo o que quer lá embaixo, mas aqui encima as coisas podem ser diferentes.

Ele diz isso com uma adaga na mão, eu mal vejo seu movimento e sinto minha barriga arder.

Olho para baixo e vejo um corte no meu uniforme, apenas o suficiente para fazer o sangue sair.

Vejo minhas roupas sendo manchadas de sangue aos poucos e fixo meu olhar na adaga em suas mãos.

-Adaga Sagrada. Isso não...-passo meus dedos ao redor do corte.

-Minha jovem, não é porque você conseguiu purificar sua natureza demoníaca que ela vai deixar de existir por completo.

Me afasto até bater as costas na parede, tentando fazer com que o corte feche mas sem sucesso.

-Você tem duas escolhas, se una á mim e me dê o direito dos seus poderes, ou eu posso te fazer o favor de te matar primeiro e depois possuir tudo.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora