Me esgueirei até o homem e pulei nas costas dele, tendo como alvo seu pescoço.

Oliver se levantou, depois tirou a arma de sua mão e apontou para a cabeça dele.

Isso foi muito rápido.

Mas depois ouvimos o barulho de uma trava e olhamos para o lado.

O homem tinha duas armas, uma em cada mão e apontava para nós dois.

-Paradinhos aí, soltem ele ou terão suas cabeças perfuradas.

-Solte as armas e poderemos deixar seu parceiro sem nenhum arranhão.

Me surpreendo ao ouvir Oliver dizer isso enquanto sua mão trêmia sob o gatilho.

Minhas pálpebras estavam pesadas demais e meus músculos bem relaxados para um corpo cheio de adrenalina.

Isso me preocupou.

Tenho medo de que meu estado possa levar á morte de Oliver, ou até mesmo á minha morte.

-O que veio fazer aqui? -perguntei ainda imobilizando o outro homem á minha frente, como se fosse meu escudo humano.

Eu não sei como conseguia ter tanta força mesmo tão chapado.

Oliver estava atrás de mim com a arma apontada na cabeça do homem.

-Vá para o banheiro. -sussurrei para ele.

-Eu não vou te deixar sozinho.

-Confie em mim, sei o que estou fazendo, agora vá pra lá.

-Você tá chapado, eu não vou te deixar assim.

Corro meu olhar por um milissegundo até ver a mãe de Oliver desmaiada na cama dele, com uma expressão atormentada.

-Podemos negociar. -falei mais alto para que o outro escute.

-Negociar? Rapaz, eu tenho um alvo e ele está bem atrás de você, então se quiser fazer o favor de sair e nos deixar fazer nosso trabalho...

Aperto mais firme a faca contra o pescoço do homem e com o coração disparado, o empurro e o chuto para o chão e arremesso a faca contra o homem armado.

Um grito.

O pulso dele foi perfurado pela minha faca, fazendo ele largar uma das armas mas isso não o impediu de disparar.

Empurro Oliver para trás da cama e avanço contra o homem, o desarmando e jogando as armas pela janela.

Mas o outro me pegou desprevenido e sinto uma pancada na costela, depois me viro e me abaixo a tempo de desviar de um soco e depois revido dando um soco em seu estômago.

O empurro para que ele caia no chão e Oliver logo avança, ficando por cima dele e o socou até que ele perdesse os sentidos.

Porra, como ele fez isso?

De repente fui agarrado mais uma vez, mas dessa vez sinto algo metálico pressionando minha garganta e Oliver empalideceu com a arma na mão.

-Solte a arma, ou ele morre.

Me sinto paralisado, não só pelo fato da faca estar fazendo uma ardência na minha pele, mas pelo fato de que a última vez que fui a vítima de algo, foi quando eu era uma pessoa comum.

Depois que me tornei o Robin, eu me tornei a pessoa que Oliver está sendo agora, sendo responsável pela minha vida.

Eu sei a pressão que ele está sofrendo enquanto sua mão tremia segurando a arma.

Sua respiração se torna acelerada, mas ele não larga a arma.

Sinto a ardência ficar maior á medida que a faca é pressionada contra meu pescoço, paraliso no lugar.

Oliver pode atirar e errar o tiro.

Mas isso pode dar certo.

Á essa altura, alguns cachorros dos vizinhos latiam e luzes eram acesas, seguidas por barulhos de janelas se abrindo.

Mas piorou, quando escuto um tiro quase estourar meus tímpanos.

Não tive muito tempo, essa foi minha chance para me libertar pois agora o homem colocou a mão na coxa tentando estancar o sangramento.

A dor é visível no seu rosto, mas não tive piedade enquanto o espancava até que ele ficasse de joelhos e eu acertasse sua têmpora, o fazendo desmaiar.

Oliver largou a arma no chão com o rosto muito vermelho, depois ele chega perto de mim e me abraça.

Seu corpo treme e eu não sei exatamente o que fazer, pois estou muito chapado, mas apenas o abraço de volta.

-Eu tive tanto medo de perder minha mãe! Eu tive medo de perder você...! Tive medo de morrer...

-Oliver, tá tudo bem agora.

-Não, não tá tudo bem! Eu tive medo de errar o tiro e te acertar...

Ele intensificou o aperto, até que ouvimos o barulho das sirenes e depois ouvimos passos subindo a escada.

Nos separamos e fomos apreendidos pelos policiais, mas eles logo viram a situação e abaixaram as armas.

-O que aconteceu por aqui? -o policial chegou mais perto enquanto os outros algemavam os outros.

-Minha casa foi invadida por esses homens, eles queriam levar a mim e a minha mãe...mas ela acabou desmaiando pelo choque! -ele falou tentando parar de tremer.

-Meninos, vocês vão ter que prestar depoimentos. Quanto á sua mãe, iremos levar ela para o hospital, mesmo que ela esteja bem, esse pode ser um evento pós traumático.

Fomos levados para a delegacia em um dos carros, não ousei olhar para Oliver enquanto ligava para o Dick.

-Dick? Eu tô na delegacia, só pra avisar, eu não vou chegar muito tarde eu acho.

-O que aconteceu?

-Eu acabei combatendo uma tentativa de sequestro na casa de um amigo, eu e ele estamos na delegacia.

-Aguenta firme que estou indo aí agora mesmo -e desliga, antes que eu me oponha a sua decisão.

Ainda me sinto chapado quando entramos na sala de interrogatório, esperando por alguém.

Oliver ainda tremia.

E talvez minha decisão final seja refletida nisso.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora