Garfield Logan

-Rach, você tá me ouvindo? -a encaro com a lista em mãos.

-Acho que devemos substituir as peônias por orquídeas e rosas, vai ter mais contraste.

-Tem razão. -risco as peônias da lista, adicionando rosas e orquídeas.

-Sabe que ainda faltam cinco meses né? -ela falou, enquanto comia mais sorvete.

-Cinco meses passam muito rápido meu amor, vai ser menos complicado se ajeitarmos tudo agora.

-Me esqueci que você é precavido, mas relaxa vai dar tudo certo.

Ela tirou uma colher de sorvete e colocou na minha boca, depois depositou um beijo na minha bochecha.

Eu simplesmente a amo, esses pequenos gestos apenas confirmam isso.

-Iremos convidar todos que conhecemos?

-Pode convidar seus colegas de trabalho, vou convidar as minhas.

-Eu posso convidar...minha família? Quer dizer, a Patrulha do Destino.

-Que pergunta boba, Gar. Claro que pode, é o nosso casamento esqueceu?

-Como eu poderia esquecer? -abracei sua cintura, sinto suas mãos mexendo meus cabelos. -é que faz um bom tempo que não os vejo, seria bom.

-Eles foram a sua família antes de nos conhecermos, cuidaram bem de você e eu gosto bastante do Larry.

-Com certeza ele iria, mas pra ver se a comida dos chefes seria melhor que a dele, mas acho que do jeito que ele é, se ofereceria pra fazer o jantar.

De repente meu coração começou a apertar e logo depois a tela do celular na mesa indicava a ligação de Larry.

Atendi na hora, sentando Rachel no meu colo e esquecendo da lista com uma expressão preocupada.

-Larry? Estávamos falando agora pouco de vocês!

-Gar...-sua voz não parecia nada animadora -aconteceu uma coisa aqui na mansão...

Houve uma pausa de silêncio e Rachel se levantou, ficando preocupada.

Também me levantei.

-O que aconteceu?!

-Houve um atentado, a mansão foi explodida e...

-Mas estão todos bem né?!

Eu podia ouvir choros de fundo, reconheci sendo da Rita e depois barulhos de passos metálicos.

-O doutor Caulder morreu, Gar.

Meu coração parou, Rachel estava guardando o resto do sorvete de costas para mim quando comecei a ir em direção ao quarto com os olhos ardendo.

Me sentei na cama ainda em ligação, com a respiração pesada.

-Gar, precisamos de um lugar pra ficar, pelo menos por enquanto até que as coisas melhorem pro nosso lado.

-Claro, claro. É...vocês podem ficar na Torre Titan, fica em San Francisco, eu mando a localização mais precisa quando chegarem...

-Gar...

Desligo a ligação e mando a localização por mensagem, pois tinha a certeza de que não conseguiria lidar com aquilo depois.

Me deito na cama, abatido.

Rachel entra e eu nem preciso falar nada, com certeza ela sentiu tudo.

Mas ela não diz nada, apenas se deita ao meu lado e passa os braços ao meu redor enquanto acaricia meus cabelos.

-Ele foi como um pai pra mim, salvou minha vida e me acolheu quando eu não tinha ninguém...por que as pessoas tem que morrer desse jeito?

Eu sabia que Rachel não tinha uma boa opinião sobre Caulder, mas isso porque ela conheceu a personalidade curiosa dele.

A personalidade que faria de tudo para entender mais sobre as anomalias, mas ela nunca o viu como eu vi durante anos.

Ela não disse nada, pois não sente nada, mas sente o que eu sinto e isso foi o bastante para ela me reconfortar com seu toque.

A verdade é que todos esses anos me perguntei se alguma vez ele sentiu minha falta, já que nunca mais entrou em contato comigo.

Eu escolhi proteger Rachel e ir contra ele.

Mas não me arrependo.

Dick seria informado depois que eu me acalmasse, mas porra, é difícil lidar com a perda de um segundo pai.

Se não fosse por ele, eu não estaria aqui.

Ele me convenceu a aceitar essa minha anomalia, fez diversos testes mas acima de tudo me protegeu do mundo exterior, que não me aceitaria se eu não fosse um herói.

Aperto a mão de Rachel com mais força e sinto uma lágrima cair, me viro de costas pra ela ainda agarrado á sua mão.

Detestava que me vissem chorar.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora