Tim Drake

Estamos na frente da casa dos meus pais, depois da mudança deles pra cá nunca mais os vi, estava bem com isso até visitar esse bairro com mais frequência que o desejado.

Eu queria não ter ficado tanto tempo longe, para depois que estou perto, não pisar nem no jardim deles.

Os ajustes finais para o restaurante estavam quase finalizados, só faltavam mais algumas mesas que eventualmente chegariam de Gotham.

Oliver está ao meu lado, talvez esse seja o apoio.

-Me sinto ridículo por ficar tão apreensivo assim. É só a minha família.

-Você é naturalmente estressado, Tim.

Ele sorri, isso alivia um pouco a tensão enquanto bato na porta.

Demora alguns segundos enquanto uma figura pouco mais alta que eu surge, é meu irmão David.

Ele olha pra mim e depois sem aviso prévio me agarra pelo colarinho, não tenho outra reação senão o encarar apreensivo.

-Como você se atreve vir aqui só agora, hein?

Então ele me puxa pra um abraço e me arrasta para dentro da casa, mas antes agarro a mão de Oliver para entrar também.

A solto antes que percebam, observo a reação dele e posso dizer que talvez eu tenha sido um pouco insensível demais.

-Mãe! O Tim apareceu! -ele gritou, enquanto subia as escadas. -ela já vem, deve estar na sala de artesanato.

Me sento no sofá, nervoso demais pra alguém que só quer ver a própria família.

Ouço passos na escada, que se tornaram rápidos e minha mãe e meu pai vieram até mim.

Me levantei e não tive que esperar muito para receber um abraço apertado dos dois.

Eu senti tanta falta disso nos últimos tempos.

Enterro meu rosto no ombro da minha mãe, sentindo o cheiro de seus cabelos com poucos fios grisalhos.

-Pai -falei, desgrudando da minha mãe, vejo o olhar sem tanta emoção dele.

-Você voltou. E vejo que trouxe Oliver com você, como vai meu jovem?

-Vou bem, e o senhor?

-Vou bem, mas se bem que minha coluna não é mais a mesma, tenho sentido o peso da idade. Receio que logo Tim vá ter que cuidar do restaurante.

-Querido, Tim tem outras responsabilidades lembra?

-Oliver sabe dessas responsabilidades, não precisam falar em códigos. -digo me sentando no sofá.

-Hã...-meus pais pareciam confusos.

-Ele sabe que eu sou o Robin. Ou melhor, era. -digo em um suspiro, parecendo o menos estressado possível pelo menos por fora.

-Ah, bem, nesse caso...o que disse mesmo? Você não trabalha mais como Robin?

-Não, pai. Acontece que algumas coisas me fizeram desistir.

"Ainda me pergunto se vai valer a pena tudo isso"

-Poxa filho, ficamos felizes de saber que você não corre mais aqueles perigos. -minha mão disse, sorrindo.

-Finalmente decidiu ter amor á vida né seu cabeça de vento? -meu irmão acabou meu cabelo e depois me deu um tapa na nuca.

-Rick, não faça isso com seu irmão!

-Como nos velhos tempos. -sorri pra mim mesmo.

-Eu tenho que ir, está quase na hora do campus abrir.

-Está fazendo faculdade?

-Biotecnologia e games, talvez eu possa dar um update ao Mário Kart?

-Jason iria gostar disso.

Rick sorriu confiante e me deu mais um abraço.

-Tem que nos visitar mais vezes.

Depois ele pegou a mochila e saiu, me deixando apenas eu, Oliver e meus pais.

-Tim, você cresceu bastante desde a ultima vez que nos vimos, espero que não tenham pegado pesado no treino?

-Mãe, sem treino pesado eu não seria quem eu sou hoje. Agora me falem sobre vocês, eu senti tanta saudade!

Resolvi me desviar de ser o foco principal enquanto Oliver estava sentado ao meu lado.

Vez ou outra ele pegava o celular, depois o guardava no bolso e voltava a prestar atenção na conversa.

-E você, rapaz? Desde que era pequenino nunca te vi com ninguém, sua mãe sempre falou sobre querer netinhos.

-Ah...

Oliver começou nervoso, não sabendo o que responder.

Travei uma batalha intensa no meu interior naquele momento, como se tudo o que eu precisasse fosse uma mudança de assunto.

-Eu sou muito na minha.

Vi os nós dos seus dedos torcerem até ficarem brancos, sabia que aquilo não era um bom sinal.

-Tim também, não é atoa que nunca chegou em uma garota antes, mas com muita paciência...

-Estamos namorando. -falei, antes que meu cérebro parasse pra pensar direito.

-E quem são elas?

-Não, pai. Nós...-

Não ousei olhar para Oliver, que por sinal me encarava de uma maneira desacreditada.

Meu pai levou um tempo para digerir aquilo, mamãe apenas nos olhou e depois acenou a cabeça.

Eu sabia que ela entenderia.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora