Rachel Roth

Sinto uma dor invadir o lado esquerdo do meu peito e olho para mim mesma, vendo um braço atravessar meu peito.

Percebo que não estamos na igreja e sim em uma dimensão diferente, eu reconheço aquele lugar como Azarath.

De repente senti uma dor, logo depois senti como se meu corpo esfriasse enquanto pulsava.

Olho para frente e vejo meu pai em sua forma humana, ele tem um braço dentro de mim e um olhar sombrio.

-Eu te dei várias chances de se aliar á mim, criança, você recusou todas. Eu não fiz uma herdeira para que ela renegasse sua própria espécie, que não assumisse o pode de Destruidora de Mundos!

-Eu nunca quis isso -minha voz saiu sufocada enquanto tentava respirar.

Ele apertou ainda mais meu coração, fazendo minhas penas fraquejarem e minha boca secou.

-Eu te dei tantas chances de se tornar tão poderosa quanto eu, para que no final você se rebele contra suas origens!

-Eu não...eu nunca quis o poder, eu nunca quis ser temida e sim respeitada, eu nunca iria trazer caos para qualquer dimensão! Eu...-tossi, sentindo minha boca molhar muito de repente e com um gosto de metal.

Era sangue.

Eu não conseguia falar, minha boca estava respingando sangue como se fosse vômito.

-Você, Rachel, nasceu para ser a morte e o caos, nunca nada e nem ninguém vai mudar isso exceto eu.

-Mas eu, sim! -ouvi a voz de Gar e de repente uma luz vermelha se espalhou naquele templo.

Senti meu corpo sendo puxado para frente e atravessei o corpo de Trigon, como se eu fosse apenas um espírito e voltei ao normal.

Gar se pôs ao meu lado aproveitando que o tempo havia parado e o virou de frente para nós.

Uma luz vermelha envolveu Trigon e eu sabia que era a hora, mas eu estava muito fraca e sabia que não iria aguentar.

Gar de repente olhou para meu peito aberto exatamente onde meu coração pulsava muito devagar.

-Rach...-eu nunca vi tanto ressentimento em sua voz antes.

Ele tinha lágrimas nos olhos, enquanto me encarava.

-Vamos...acabar...com isso.

Ainda com a mão no peito, encarei meu pai enquanto a outra mão pegava na mão de Gar que a apertava trêmulo.

-Você...eu nunca mais quero te ver nos meus sonhos. -digo reprimindo a dor enquanto aperto meu peito. -eu vou morrer, mas antes irei te destruir de uma vez por todas...vai pagar por todo o sofrimento que me fez passar durante a minha vida toda.

Olho para Gar, que segurava firme seu cajado.

-É agora.

-Rach...-sua voz saiu num sussurro.

-Agora! Antes que ele recuperei as forças! Gar, eu não vou perder minha vida atoa! -eu agora me esforçava para não chorar.

-Você sabia desde o início que essa era sua vida...-seu sussurro se transformou em algo inaudível.

-Gar, por favor. -senti meu coração ficar cada vez mais fraco.

Ele deixou que um filete de lágrima escorresse enquanto apontava o cajado para Trigon.

Pela última vez canalizei minha magia branca e me esforcei até minha última força vital e apontei para ele.

-Azarath...

Sinto a dor invadir cada nervo do meu corpo.

-Metrion...

Gar aperta ainda mais a minha mão, sinto sua presença mais perto mas não consigo respirar direito.

Uma lágrima cai do meu rosto e olho para Gar mais uma vez.

Eu o beijo rapidamente.

-Zinthos!!!

Uma explosão se formou mas não me atingiu, nem atingiu a Gar, que segurava minha mão ainda mais firme, fechei meus olhos pois não podia ver mais nada pela claridade absurda com uma mistura de branco e vermelho.

Me concentrei no coração de Trigon e de repente senti algo pulsando entre meus dedos, era o coração dele.

Um grito pior do que tudo de ruim que já ouvi antes fez a explosão cessar e a claridade desaparecer.

Quando abri meus olhos vi o corpo dele com o peito aberto assim como o meu nesse exato momento.

Cambaleei para trás, sentindo o ar entrando com dificuldade e me deitei no chão gramado de Azarath.

Senti o coração de Trigon pulsar na minha mão mas o meu estava muito fraco e cada segundo parecia aumentar minha dor.

-Rach...-Gar se ajoelhou do meu lado largando o cajado na mão.

Ele agarrou meu corpo já sem força e trouxe para cima de suas pernas, ele inteiro estava tremendo.

-Destrua o coração...destrua para...garantir...-eu falei, forçando a respiração pela boca.

-Rach fica aqui comigo...-ele me puxou para perto de seu rosto.

Seu polegar fazia carinho no meu rosto enquanto senti uma lágrima dele pingar no meu pescoço.

-Gar...eu não gosto de você apenas como um amigo...

Deixei de sentir tudo, tudo ficou escuro e de repente o toque de Gar já não podia me esquentar.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora