Rachel Roth

Gar voltou faz alguns dias e pediu uma semana de atestado médico, ele têm tido febre emocional desde que o Caulder morreu.

Mas chegando em casa, ele me pediu para que o curasse e logo ele melhorou, se deitando na cama junto comigo e me abraçando por trás.

-Gar...

-Shh...eu quero ficar abraçado com você mais um pouquinho, eu senti sua falta nesses dias fora.

Ele ajeitou meus cabelos e senti sua respiração em meu ouvido.

Seu batimento cardíaco estava forte e seu corpo quente, mas mesmo assim puxei a coberta para cima de nós.

Ele me envolveu de uma forma tão gostosa, que adormeci depois de um longo dia de trabalho.

Amanhã seria minha folga, por isso dedicaria meu dia apenas á ele.

[...]

Quando acordei, assim que abri os olhos, Gar não estava ali e me senti um pouco atordoada.

Tomei impulso pra me levantar e ao encostar os pés no chão senti eles formigarem.

Minha respiração estava abafada, senti leves tremores em meus braços descobertos enquanto caminhava até a cozinha.

Senti um cheiro bom, Gar certamente estava tirando proveito do seu atestado para ficar mais tempo comigo, espero que ele não se dê mal depois.

Mas ao parar no corredor, uma náusea subiu para minha garganta e entrei no banheiro apressadamente.

Ouvi o barulho de algo sendo colocado na mesa com força e passos.

-Rach, tá tudo bem?!

Não consegui responder, pois minha garganta pedia para que meu vômito saísse logo.

Quando consegui, me debrucei no vaso depois de dar descarga.

-Rach, eu vou entrar!

Quando ele entrou, eu já estava em pé novamente escovando meus dentes com uma fraqueza descomunal nos braços.

Ele me encarou pelo espelho e analisou o vaso.

-Rach? -ele me perguntou, me abaixei para limpar a boca e enxaguar o líquido.

-Deve ser aquele doce que eu comi mais cedo no trabalho.

Ele me encarou mais uma vez antes de pegar minha mão e me guiar até a mesa de jantar.

-Fiz sua sobremesa favorita, torta de cereja. -ele falou com um sorriso simples, ultimamente ele têm sido fechado demais.

Quando nos sentamos e nos servimos, eu não conseguia comer nada, porém não iria passar mal mais uma vez perto dele.

Quando terminamos, Gar deixou as louças sujas e fomos para o quarto, onde deitamos em conchinha.

-Eu ainda não contei o que aconteceu né? -ele falou, depois acenei a cabeça que não.

Ele suspirou e retirou uma mecha de cabelo de cima do meu ouvido.

-A Patrulha me falou que...ele sentia orgulho de mim, por eu estar usando meus poderes para fazer o bem.

-Isso é bom, não?

-Você acha que ele sentia mesmo isso sobre mim? Depois que eu os deixei...eu pensei que ele tivesse me odiado.

-Ele não quis de todo seu mal, Gar. Ele deve ter se conformado ou simplesmente colocou na cabeça que não poderia ter sido diferente.

Ele ficou em silêncio por alguns instantes.

-Minha vida seria miserável se não fosse você e os Titans, eu estaria provavelmente como sucessor daquele laboratório.

-Você não estaria noivo de mim, bobinho.

-Isso já seria motivo mais do que suficiente para não ter escolhido ficar lá.

Ele beijou meu pescoço.

-Te amo, minha futura esposa.

-Te amo, futuro marido.

Inclinei a cabeça para beijar ele, mas aquilo causou uma incrível labirintite em mim.

Ele conseguiu adormecer, mas continuei com aquela sensação horrível de tontura.

Senti meu estômago revirar de uma forma nada legal no início da madrugada, Gar já havia virado para o outro lado de tanto dormir então fui cuidadosa.

Controlei a ânsia até chegar no corredor do banheiro e fechei a porta silenciosamente.

Mas todo o barulho de depois seria capaz de acordar ele, de alguma forma.

Não consegui me controlar, apenas deixei que as tosses frequentes durante o processo saíssem.

Quando limpei minha boca novamente e saí do cômodo iluminado, vi Gar sentado na cama olhando para mim.

-Rach...

Ele se levantou e se aproximou, me segurando pelos cotovelos e me encarando preocupado.

Quando minhas pernas perderam as forças, ele prontamente me segurou e me carregou até a cama novamente e me deitou.

Acendeu a luz fraca amarelada e pegou o copo de água da cômoda, me oferecendo.

Bebi lentamente, para que a sensação de vômito não me fizesse jogar toda a água pra fora.

-Rach, pelo amor de deus o que tá acontecendo? -ele falou em tom baixo para não me alarmar.

-Eu me sinto enjoada, só isso.

De repente ele levantou uma das sobrancelhas, depois olhou para minha barriga.

-Não, não, não, não. Garfield, não pense besteira! -o repreendi, me sentindo nervosa.

-Rach, algo me diz que...

-Não, pelo amor de deus, Gar! Não termine essa frase! -o ameacei.

-De qualquer jeito, você sacou o que quero dizer. Rach...precisamos fazer um teste.

-Não diga besteiras, isso só foi algo que comi no trabalho, eu não posso estar grávida, tomo remédios lembra?

-Sabe que nenhum remédio é cem porcento eficaz, certo? E a gente transa muito, meu bem.

-Ah, que merda...

-Eu vou á farmácia do outro lado da rua, te trago um teste e iremos saber se é isso.

Ele vestiu o moletom e uma calça, saiu de chinelo e instantes depois o vi pela janela entrando na farmácia.

Me senti nervosa enquanto andava de um lado para o outro, até que ele voltou e me entregou o teste.

Nunca fiquei tão nervosa assim em uma batalha, mas fiquei nervosa por um resultado que determinaria minha vida.

Fiz e esperei, ele entrou no banheiro e de repente foi até a mesinha e pegou.

Ele apenas me encarou com um sorriso e uma expressão estarrecida.

-Eu vou ser pai!

Com aquela informação, precisei me segurar firme na pia pra não desmaiar ou ter um ataque cardíaco.

Gar simplesmente me abraçou, feliz com aquela notícia enquanto eu ainda estava em choque.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora