Dick Grayson

Chegamos no Canadá faz dois dias, mas tiramos o primeiro para descansarmos depois de horas de vôo e não pude reparar no quanto Kory está nervosa.

Tem algo errado com ela e eu vou descobrir, ou não me chamo Richard Grayson.

Ela está de roupão, comendo um doce que pedimos por um aplicativo e tem mais duas embalagens restantes de seis que compramos.

Me sento ao seu lado enquanto ela está com os olhos fixados em uma série de cadeia feminina.

Ela olha pra mim por um momento e depois desvia o olhar.

-Tem algo errado.

-Por que?

-Isso não foi uma pergunta.

-Mas por que acha isso? Você tá paranóico faz alguns dias...

-Kory, sabe quem eu sou? Um detetive, eu sou um detetive e sei quando tem algo errado.

Ela para de comer e pousa o doce na mesa, se virando para mim e me aproximo.

-É...complicado.

-O que é complicado?

-É quando uma coisa é difícil demais pra lidar, sabe.

-Não tente me enrolar, mocinha.

-Promete não ficar bravo?

-Você estourou o limite do meu cartão? Bateu com o carro ou...

-Eu estou grávida. -ela falou, me cortando totalmente e paralisei por um momento apenas a encarando.

Abri a boca mas não saiu nada, eu queria poder falar algo, mas não vem nada.

-Eu vou ser...pai?

Ela pegou minha mão e colocou por dentro do seu hobby, massageando sua barriga com ela.

Eu pude sentir uma diferença mínima de tamanho.

Ela evitou olhar nos meus olhos, confesso que isso me deixou um pouco ofendido.

-Você tava com medo de contar isso?

-O que você esperava? Eu estava com medo da sua reação, caso não quisesse e...

-Eu não acredito que você pensa isso de mim, Kory.

Ela me encarou, com um olhar pesado como se minhas palavras a afeitassem profundamente.

-Mas eu entendo a situação, você baseou isso na minha personalidade responsável?

-...sim.

-Pois está errada, eu vou adorar ser pai. -digo a puxando para meu colo e a abraçando por trás, inalando o cheiro dos seus cabelos.

Desconfiei, mas nunca levei isso a sério, afinal nunca me imaginei sendo pai algum dia.

Preciso de um tempo pra assimilar tudo isso, mas por enquanto irei aceitar a situação como ela é.

De repente meu celular vibrou no meu bolso, Kory já tinha pegado seu doce e assistia a série no meu colo.

-Gar? Aconteceu alguma coisa?

Kory virou sua cabeça pra mim, também querendo saber.

-Aconteceu uma explosão na Mansão do Caulder, eu falei para eles irem para a torre, fiz o certo?

-Gar, você sabe que não pode trazer as pessoas para um lugar privado.

-Eles são heróis, Dick. Eles não tem um lugar pra ficar, se for preciso voltamos junto para garantir.

-Aproveitem as férias de vocês, ah...eles podem ficar, tem mais alguns quartos livres no terceiro andar.

-O Caulder morreu. -ele falou, com a voz rouca.

-Eu sinto muito. -falei, depois ele desligou a ligação.

-Caulder não é aquele homem que tentou estudar a Rachel?

-Ele mesmo. Gar me contou umas coisas, pelo visto eles eram como pai e filho.

-Coitado do Gar, mais tarde eu ligo para eles para saber como ele está.

Inspiro o cheiro de seus cabelos mais uma vez, o cheiro de cereja que conseguia me acalmar.

-Precisamos ir ao hospital amanhã mesmo para ver como estão as coisas com nosso pequenino.

-Mas não fazem nem seis semanas, eu acho.

-Mesmo assim, precisamos assegurar que vai ficar tudo certo.

-Você vai ser mesmo um papai coruja?

-É meu dever como projenitor zelar pela saúde do meu filho.

-Ou filha.

-Ou filha.

A ajeito mais no meu colo, inalando o cheiro dos seus cabelos até eu adormecer.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora