Gar e Rachel - Melodias do Caos

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Rachel Roth

Não tenho mais pesadelos, mas de alguma forma sinto meus nervos à flor da pele.

Não sei por que estou irritada, mas evito olhar para frente enquanto como os bolinhos de arroz.

Terra está grudada no braço de Gar enquanto mexe nos cabelos dele, mas o mesmo parecia não se importar muito com isso.

Tive que me controlar muito pra não me levantar da mesa e terminar de comer no meu quarto.

Mordi minha língua pra não acabar falando merda e deixar o clima pesado, mas sei que deve ter uma nuvem negra acima da minha cabeça como nos desenhos animados.

-Vocês já sabem com que roupa vão para o baile? -Terra perguntou se contentando apenas em ficar grudada no braço de Gar.

-Acho que roupas de gala seria o apropriado, não? Pelo que eu sei é um festival que apenas gente rica vai.

-Mas não é no centro da cidade?

-Acho que vocês devem ter entendido errado, mas de fato o local fica no centro, sendo o bairro mais movimentado. Fica na mansão da família Lockhart e iremos fazer a segurança da festa.

-Mas com certeza poderemos nos divertir, certo Dick?

Dick a olhou com um olhar bastante sugestivo.

Me segurei pra não engasgar com o bolinho de arroz, faziam dois anos que estavam nessa melação e eu ainda não me acostumei o suficiente.

Gar estava mais concentrado em conseguir sustentar o bolinho de arroz no hashi e por isso tentou afastar Terra mas sem sucesso.

Tinha uma aura estranha entre os dois.

Terra estava com o coração pulsante, indicando que estava gostando dessa "atenção" do Gar.

Gar parecia bastante melancólico e sem fome, mas não queria se retirar da mesa, sua cabeça estava inundada de pensamentos.

De repente ele me encarou, como se soubesse que eu estava tentando ler ele.

Não sei ao certo o que eu senti, senti tudo e ao mesmo tempo nada e eu odiava essa sensação confusa dentro de mim.

Gar agora possuía poderes místicos do Red, talvez ele até possa ser um pouco empata.

Desviei meu olhar para meus bolinhos de arroz me sentindo um pouco alterada, minha visão de repente se tornou roxa.

Me levantei sem aviso prévio no momento que Aqualed tentou falar algo no meu ouvido, dei as costas e me retirei da mesa.

-Rachel, ainda falta a sobremesa! -ouvi Kory me chamar.

-Valeu, mas eu vou meditar um pouco! -disse, com a voz um pouco rouca e sumindo pelos corredores.

De repente comecei a sentir a energia das coisas, eu sentia que aquele ambiente estava suficientemente desequilibrado.

Minha visão continuou roxa, em diversos tons pela iluminação do meu quarto e meu coração batia como louco.

O ódio estava quase me dominando, eu sentia vontade de quebrar tudo naquele quarto enquanto trincava os dentes.

Corri para o banheiro e bati a porta com força enquanto ia até o espelho.

Minhas pupilas estavam arroxeadas e um pouco brilhantes, muito dilatadas.

Passei a mão pelo meu rosto, tudo continuava roxo enquanto procurava uma maneira de fazer isso parar.

De repente algumas batidas na porta me fizeram parar, com o ritmo cardíaco acelerado e por algum motivo eu sabia quem era.

-Rachel, tá tudo bem? -a voz de Gar pareceu penetrar dez vezes mais meus ouvidos.

-Tá! Agora vai embora, eu preciso ficar sozinha.

-Eu não vou sair daqui até conversarmos. Eu preciso que você me diga o que tá sentindo.

-Raiva...-eu disse enquanto fitava meu próprio reflexo com as pupilas ainda roxas. -eu sinto raiva! -gritei, apertando a beirada da pia com as mãos.

-Rach, abre essa porta, é sério! É perigoso você ficar sozinha desse jeito. Me deixa entrar!

-NÃO!! -gritei.

O espelho á minha frente se quebrou e alguns cacos voaram para o meu rosto.

-Merda...

Houve um minuto de silêncio e Gar entrou no banheiro sem minha permissão.