Rachel Roth

Aquele beijo foi capaz de acalmar todos os meus monstros internos, a minha raiva que até alguns minutos atrás predominava, já não existia.

Me desequilibrei do estofado do sofá e o puxei junto comigo, Gar caiu em cima de mim e quando nos separamos por alguns centímetros começamos a rir.

Seu corpo se encaixou perfeitamente ao meu, seu peso controlado era confortável o suficiente.

O puxei pra mim novamente, unindo nossos lábios e sorrindo por dentro, enquanto as lágrimas secavam.

-Quer assistir Harry Potter comigo? -separei nosso beijo.

-Sim, mas só se for no meu quarto.

-Ah, mas que safado! -senti meu rosto esquentar.

-Nem vem que a safada aqui é você, Rach, só de pensar nessas coisas. Eu quero ir pro quarto pois eu sei que Dick vai nos dar uma bronca por termos saído sem a festa acabar e eu não quero que nada estrague nosso momento.

-Leva o sorvete. -digo me levantando e dando as costas pra ele com um sorriso.

-Eu não pensei que você fosse como uma adolescente média que come sorvete pra afogar as mágoas.

-Cala a boca!

Entrou no quarto e logo me jogou na cama, me sentindo exausta e ao mesmo tempo feliz, verdadeiramente feliz.

E isso era estranho, pois eu normalmente não sentia nada, mas ultimamente minhas emoções são dez vezes mais fortes.

Gar entra no quarto e fecha a porta, ele traz mais do que o sorvete, também traz alguns tacos e coca cola.

Ele coloca Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e depois deixa tudo no pé da cama e se deita ao meu lado.

Me sento e pego meu pote de sorvete para disfarçar minha insegurança em ter uma proximidade tão íntima com ele.

Gar também se senta e pega um taco, logo depois tira a colher de mim para passar um pouco de sorvete no meio.

-Você acabou de...passar sorvete no taco? -encaro aquela mistura um tanto peculiar.

-Nunca experimentou? É tipo uma massa salgada só que congelada, um agridoce. Experimenta!

-Não, eu não vou correr esse perigo.

-Vaaai Rachel por favorzinho...-ele me olha como um cachorro sem dono.

Me inclino e dou uma mordida.

O gosto foi estranho no começo e no fim também.

-Você é esquisito.

-Tá sujo aqui -ele indicou a própria boca.

Passei o dedo pela minha boca e não encontrei nada, mas ele rapidamente aproximou sua mão e tirou o sorvete com o polegar.

Ele me deu um beijo rápido e continuou comendo com os olhos fixos na tela e eu mordi meus lábios tentando controlar minha vergonha.

Quando terminamos de comer, Gar deixou a bandeja vazia e o pote encima da cômoda e se colocou embaixo das cobertas.

-Eu vou no banheiro! -acho que falei um pouco alto demais.

Fiquei cerca de cinco minutos me encarando no espelho enquanto escovava os dentes e lavava o rosto, nervosa.

-Tá tudo bem aí? -ouvi a voz de Gar e quase engasguei com a pasta na minha boca.

-Tá, eu já tô indo.

Limpei a boca e sequei, respirei fundo mais uma vez e apareci timidamente no quarto.

-Por que você tá tão tímida? Nunca esteve tímida antes quando vinha no meu quarto.

-As causas eram outras.

-E vão ser as mesmas, só que vamos curtir um filme a dois. Anda, tá frio demais pra ficar só de roupão. -ele puxou a coberta.

Senti meu rosto esquentar.

-É que...eu tô só de camisola. -falei contendo a respiração.

-Ah, puxa, e eu tô de terno, agora que eu percebi...-ele disse saindo da cama e indo até o armário. -eu já volto.

Foi até o banheiro se trocar, eu rapidamente me livrei do hobby e me enfiei embaixo do edredom me cobrindo até o pescoço.

Gar voltou e me encarou curioso, com um leve sorriso de que achava aquilo tudo engraçado.

Ele estava vestido apenas com uma calça moletom.

-Ah, as minhas camisetas de dormir estão na lavanderia...

-Não tem problema. -o interrompi, logo me dando conta de que falei demais.

Ele levantou uma sobrancelha e caminhou até a cama, se enfiando debaixo das cobertas e fixando seu olhar na televisão.

Senti vontade de me aproximar dele e fiz isso, ele logo percebeu e me puxou para seus braços pra cima dele.

Nós beijamos e confesso que as mariposas na minha barriga me fizeram amar aquele momento.

Mas ambos não tínhamos experiência alguma e não sabíamos o que fazer, por isso me deitei no peito dele.

-Gar.

-Sim?

-Podemos manter isso em segredo? Eu...ainda não sei como funcionam essas coisas.

-Por mim tudo bem.

-Mesmo?

-Vai ser melhor assim, pelo menos por enquanto e até descobrirmos como reverter sua situação com seus poderes.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora