Rachel Roth

Alguns dias se passaram desde que comecei a dormir com Gar, mas hoje é a única madrugada que acordei e não consegui apenas ficar ali deitada.

Era um daqueles dias que eu sentia tudo á minha volta e de um jeito nada legal.

Precisava de um pouco de espaço pessoal, por isso me levantei lentamente e fui até a cozinha.

Fiz um chá e me sentei na bancada observando a janela que dava para ver os outros prédios á distância mal iluminados.

Fechei os olhos por um momento, aquela coisa de estar sentindo muito as coisas desde que acordei agora há pouco deixou minha ansiedade lá no alto.

Inspirei várias vezes e logo senti a presença de alguém quando minhas pupilas já estavam roxas.

O ambiente só meu redor se tornou roxo, eu podia sentir o cheiro dela como se estivesse muito perto.

Mas de alguma forma eu sabia que ela estava a alguns passos atrás de mim.

-O que você quer? -falei sem olhar pra trás.

-Vim me despedir. Eu tô fora da equipe, uma faculdade me chamou e acho que vai ser mais interessante que ficar aqui sem fazer nada.

-Tchau, então. -digo tentando beber o chá, mas a cada gole minha garganta arranhava.

-Eu vou dizer algumas coisas antes de ir, espero que não fique com raiva de mim.

Que garota cínica.

-Você deve estar tentando se controlar para não brigar comigo, e eu sei por que.

-Por que você consegue me irritar só com a sua voz? -eu disse me levantando e indo até a pia.

Minha visão continuava roxa e eu não sabia como controlar isso.

-Não. Por que você tá com o coração do seu paizinho dentro de você, bem aí no seu peito.

Minhas mãos soltaram a xícara de porcelana e ela caiu no chão aos meus pés.

Encarei o nada enquanto processava essas palavras.

-Eu ouvi o Gar falando com o Dick depois do treino ontem, ele não destruiu o coração, ele continua intacto e dentro de você.

Coloquei a mão no peito sentindo as batidas frenéticas dele enquanto minha visão ficava cada vez mais roxa.

-Tá tentando me provocar? -digo me virando pra ela, trincando os dentes.

-Eu faria isso de bom grado, mas eu sei que você procurava respostas e veja só, eu encontrei! -ela falou sorrindo.

Aquele sorriso cínico dela conseguiu me tirar do sério, senti vontade de acabar com ela.

-Ele mentiu pra você, Rachel. Você nem sequer perguntou pra ele se ele destruiu o coração? Ele não teria coragem de responder.

Minha visão embaçou por um momento, mudando para o vermelho e de repente meu sangue pareceu ferver.

Vejo as malas aos pés dela.

-Eu vou embora, mas quero ter o gostinho de te desestabilizar primeiro, pois você é uma aberração...você vai perder a sua humanidade até não restar nada, vai acabar machucando ele e ele vai voltar pra mim!

Senti meu corpo se arrastar até ela e a empurrar contra a parede, minha mão estava em seu pescoço, minhas unhas assumindo uma cor preta.

Dessa vez não contive meu ódio, eu queria que ela sentisse o gostinho do sofrimento, eu queria que ela fosse castigada.

Minha visão ficou vermelha e eu sinto o medo dela, o coração disparado dela batia contra a minha mão que apertava seu pescoço.

A levantei comigo, a arrastando pela parede até ficarmos niveladas e numa altura de dois metros do chão.

-Você tá com medo agora? -minha voz pareceu não ser mais minha voz.

Senti a pele dela arrepiar e o desespero tomar conta do seu corpo quando minhas unhas cresceram e perfuraram sua pele.

Sentia prazer em a fazer sofrer, o medo dela me fazia feliz, ela não conseguia nem ao menos gritar, apenas se debatia e me encarava com choque.

-Vai aprender a não mexer comigo.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora