Ana Lua Cardoso Guidelli
point of viewDepois que chegamos no pronto atendimento, demorou pouquíssimo tempo para me chamarem, além de estar de certo modo vazio, me colocaram como prioridade.
Depois da classificação de risco, colocaram a pulseira vermelha em mim, de urgência e me direcionaram direto para um consultório. Esperei pouco até um médico mais velho chegar na sala, ele ficou encarregado de me fazer umas perguntas de consulta, sintomas, olhou meus exames e me encaminhou para a obstetra de plantão, já que além de fazer um ultrassom, ela avaliaria se eu podia tomar medicação para a dor e as demais medidas que eu deveria tomar.
A Cecilia entrou comigo no consultório da obstetra, enquanto o Kaue esperava na recepção, já que o horário limitava a quantidade de visitas/acompanhantes. Deitei na maca da sala e segui o que ela me pedia para fazer enquanto me examinava.
O nervosismo, medo e ansiedade não davam trégua um minuto se quer e meu coração não acalmava.
— Olha Ana Lua, você teve um princípio de aborto, mas não consigo te confirmar se foi para frente ou não antes de fazer um exame
Escutei ela e senti minhas mãos e pernas tremerem de desespero, parece que o mundo tinha parado ali, mas tentei me sustentar que as vezes poderia ter sido apenas um princípio.
Enquanto preparava as coisas para o exame, a médica obstetra fez diversas sobre como foi minha rotina hoje e nos últimos dias, se fiz algo diferente, passei por algo intenso, emoções, estresse, entre outras coisas. Confesso que mesmo me esforçando para responder cada pergunta, minha mente estava longe dali, muito longe.
Me ajeitei como ela pediu e fechei os olhos, não queria olhar para tela do ultrassom, não conseguia, ver qualquer coisa ruim naquela tela seria mil vezes pior do que ouvir da boca dela.
Quando escutei o barulho dela desligando o aparelho, abri os olhos outra vez, me levantando com cuidado da maca. Quando levantei meu rosto, observando a feição da obstetra já senti meu peito apertar. O semblante dela era ruim, péssimo e dali eu já tive certeza do que ouviria.
— Senta aqui Ana Lua — Falou indicando para a cadeira do outro lado da mesa, enquanto sentava na sua. — Infelizmente você sofreu um aborto, eu sinto muito — Foi ali que senti tudo desmoronar, a mão da Cecilia tocou meu ombro me abraçando de lado e senti meus olhos marejarem. — Pelo o que eu olhei no ultrassom seu corpo expeliu tudo, então não vai ser necessário nenhum tratamento ou procedimento, a causa eu não consigo descobrir a fundo agora, mas querendo ou não, nessas primeiras semanas é algo que a gestante está mais sujeita devido a diversos fatores, o emocional também pode ser um antecedente também, mas sugiro você pedir sua médica para investigar
Mal conseguia prestar atenção no que ela falava, só conseguia sentir meu rosto molhar com as lagrimas que escorriam. A sensação que estava sentindo era horrível, péssima não consigo se quer descrever. Parecia que eu tinha visto o mundo inteiro desabafar na minha frente em pouquíssimo tempo e eu não pudesse fazer nada.
Só queria ir para casa, ficar sozinha, sem silêncio, sem escutar ninguém e nada sobre isso, sobre mim, sobre o Lennon, sobre qualquer coisa que envolvia essa situação toda.
Lembro da médica falar algumas palavras reconfortantes comigo, tentando me mostrar que não esta culpa minha, me dando alguns concelhos, mas eu nem consegui dar ouvidos, muito menos enxergar alguma outra culpa na situação que não fosse minha.
Peguei o envelope com os exames e saí de dentro do hospital com a Cecilia encontrando o Kaue na recepção novamente. Não consegui abrir a boca e falar para ele o que aconteceu, mas nem precisei assim que me viu, pressuponho que ele entendeu, porque me envolveu em um abraço calmo, carinhoso, confortável, enquanto alisava minhas costas.
— Vou fazer uma ligação ali fora rapidinho, fica aqui com ela — Escutei minha amiga falar com ele, caminhando para a parte de fora.
até a noite amigas
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𝓖eribá . 𝗟𝟳𝗡𝗡𝗢𝗡
Fanfiction"To ficando 𝘃𝗶𝗰𝗶𝗮𝗱𝗼 nesse beijo teu" - 𝗟𝗲𝗻𝗻𝗼𝗻 lembro quando nós nem tava junto, mas se falava direto geral dizendo que nós combina muito, mesmo nós não tando perto olha pra mim, olha pra 𝗻𝗼́𝘀, nem precisa dizer que 𝗱𝗲𝘂 𝗰𝗲𝗿𝘁𝗼 ...