𝓖eribá . 𝗟𝟳𝗡𝗡𝗢𝗡

𝓼𝓮𝓹𝓽𝓾𝓪𝓰𝓮́𝓼𝓲𝓶𝓸

Cecilia Marques
point of view

Desde que cheguei na casa da Ana Lua já imaginava como ela ia estar com o término, mal 'pra caralho. Ela e o Lennon tinham uma conexão foda, além do comum em todos os sentidos, ele valorizava ela, amava ela e isso era tudo que ela merecia depois do ex maluco que ela teve. Aos poucos ela 'tava se animando com a gravidez cada vez mais, entendendo o propósito daquilo tudo, para hoje tudo isso desabar nas mãos dela.

Tentei me manter forte desde que cheguei no hospital junto dela, não queria demonstrar nenhum tipo de sofrimento ou fraqueza, sabia que ela ia precisar de mim da melhor forma que eu pudesse estar para não deixar ela cair. Mas não vou ser hipócrita e falar que foi tranquilo, porque não foi, os últimos minutos foram um dos piores que eu ja vivi, não conseguia entender a finalidade de fazer tantas pessoas se alegrarem com algo, para arrancarem deles assim depois, além de ver de perto o estado que a Ana Lua foi ficando com cada vez mais certeza, nunca tinha visto ela assim.

Tudo de um modo geral mexeu comigo, mas 'tava tentando me manter forte e não demonstrar nada na frente dela, justamente porque ela não podia cair.

Logo que a gente saiu do consultório da doutora ela já foi dizendo que precisava avisar o Lennon, que não sabia como, e só se preocupava em contar para ele e ela 'tava certa, de fato avisar o L7, enquanto pai, era essencial, ele tinha que saber. Mas ela precisava se acalmar primeiro, antes de contar pra ele, até porque conversarem agora, depois do término, para os dois com certeza já exigiria um grande esforço emocional, ainda mais para receber e contar uma notícia dessa, tinha que ser feito com bastante calma.

Tive a ideia então de tentar falar com o Léo, para ele ir ficar com o Lennon, ou qualquer coisa do tipo, sabia que seria despertador para ele receber a notícia quando estivesse sozinho e assim como a Ana Lua, com certeza estaria e vai precisar de um ombro amigo.

léo
vc tá com o lennon?

visão ceci
tô mesmo
tu ta sabendo dele e da ana lua já?
vim para cá desde a hora que ele voltou para casa, tô tentando distrair ele aqui, ta malzão

sai um pouco de perto dele rapidinho e me liga
é urgente e sério

carai
ainda

Demorou pouco tempo para meu celular tocar com a ligação dele. — Oi Léo — Falei no momento em que atendi. — Tá sozinho

— Tô aqui no banheiro, ele tá la no quarto — Sua voz ecoou na linha — O que ta pegando cara, me ligando essas horas e tá com essa voz de quem viu defunto

— É o seguinte, eu tô no hospital com a Ana Lua, ela acabou de descobrir que teve um aborto espontâneo e perdeu o bebê, eu tô muito confusa com tudo, mas tô te ligando, porque daqui a pouco ela deve ligar e contar para o L7, então já quero te deixar preparado porque ele vai precisar de apoio — O Léo ficou em silêncio mas conseguia escutar ele cochichar alguns palavrões em forma de choque.

— Caralho, eu não sei nem o que falar contigo — Quebrou o silêncio em poucos segundos. — Me explica isso direito

— Foi basicamente isso Léo, foi horrível 'pra caralho, nunca vi a Ana Lua assim, mas ainda tô anestesiada, porque quero me manter forte por ela — Respirei fundo. — Não comenta nada com ele até ela ligar, mas já fica ciente que vai ser pesado

Trocamos mais algumas poucas palavras sobre a situação, o Léo queria saber o que fazer, como agir, mas nem eu sabia o que eu devia fazer, quem dirá o que ele deveria.

fiquem calmas amigas, tudo vai ser por um bom final 🙏🏻