SALA DE ESPERA

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Mirella Águiar

e depois de uma noite com a cabeça a milhão, cá estamos nós de novo a caminho do hospital.

Gavi como sempre humilde me dando uma carona até lá, porque segundo ele, não tenho mais a necessidade de andar de táxi pois tenho ele como meu motorista exclusivo, mas ele tem à de se atrasar para o treino.

(...)

e como eu já havia pensado, meu pai não foi ao treino e com certeza não irá sair daqui até saber que a Marga está bem.

- oi pai. - falo dando um abraço em meu pai, e sinceramente? ele tá com uma cara péssima. - teve alguma notícia dela?.

- não filha, os médicos não falaram mais nada. - meu pai volta a se sentar na cadeira passando a mão pela cabeça. - e pelo que as enfermeiras me disseram, a gente pode entrar hoje para ver ela.

- olha pai, eu só vou me despedir do Gavi e já volto. - falo indo em direção à Gavi, que estava um pouco afastado da área em que meu pai estava.

e enquanto a gente se despedia, passa pela gente um homem desesperado indo em direção ao balcão da recepção do hospital.

e no instante em que reparo no seu rosto tenho a sensação de que eu já vi ele em algum lugar.

escuto ele falar com as recepcionistas que estava atrás de informação de alguma pessoa que estava internada aqui também.

ele fala o nome da pessoa mas não consigo escutar direito, a única coisa que escutei é que era uma mulher. e logo depois ela pergunta o nome dele para colocar no cartão de visita, e é aí que eu me lembro de onde conheço ele.

Matheo era seu nome, e esse eu conheço bem. e como conheço.

- conhece esse doido amor?. - Gavi pergunta ao perceber que eu olhava muito para ele, mas ao me lembrar das circunstâncias em que a gente se conheceu, acho melhor omitir essa informação.

estranho é ele não se lembrar do ocorrido que envolveu o Matheo, foi uma noite e tanta. mas se ele não lembra, não sou eu quem farei ele se lembrar.

- não que eu me lembre. - omitir é bem diferente de mentir. - bom, vai lá vida, se não você irá se atrasar. - deixo um beijo no canto de sua boca e vou até meu pai, ele tá precisando de mim.

e ao se aproximar dele, ele olhava para o Matheo desconfiado e com uma expressão de que o conhecia.

ignoro e volto a focar no que interessa.

(...)

após ficarmos igual loucos sem notícias desde ontem, lá vinha o doutor em nossa direção.

- bom dia - ele cumprimenta gentilmente. - vocês estão liberados para verem a senhorita Margareth Lima, mas claro que um por vez - ele é severo.

- antes doutor me fala como o estado de saúde dela está - o questiono juntamente do meu pai que já não aguentava toda essa ansiedade.

- bom, o estado dela por agora está estável e sem complicações, gostaremos que permaneça assim.

resolvo ver ela primeiro, pois logo mais tenho compromissos que não podem ser remarcados.

uma marca de roupas bem conhecida entrou em contato comigo com o interesse de me fotografar com as peças da marca. e isso já está marcado a um mês.

- Mirella, lembrando que ela pode ou não te ouvir ok?! não demore muito pois ainda tem mais duas pessoas para vê-la. - a enfermeira que me acompanhou até o quarto me dá as instruções, mas um detalhe em sua fala me chama à atenção.

como assim duas pessoas, se só tem o meu pai na recepção desse andar?.

repreendo esses questionamentos e volto toda minha atenção à aquele lugar ao ver Marga deitada naquela cama em um sono profundo e com todos aqueles aparelhos ligados à ela. foi de partir o coração.

me aproximo e começo a acariciar seu rosto e conversar suavemente com ela.

- Marga você vai sair dessa - mesmo não sabendo se ela está ou não me escutando, é bom motivá-la.

e ao pegar em suas mãos tão frias lembro de como ela tem o abraço quente e que sempre me aconchegava.

deito sobre seu peito, seu coração batia lentamente assim como de um passarinho.

- ainda temos tanta coisa para viver minha Marga. - sinto as lágrimas surgirem em meus olhos, estou muito sensível de umas semanas para cá. - você ainda precisa me ver vestida de noiva. você sabe que casar nunca esteve nos meus planos mas depois que Gavi entrou na minha vida isso se tornou uma possibilidade. você sempre me dizia para viver tudo de maneira intensa, para me entregar por inteira em tudo que eu vier à fazer e eu estou fazendo isso, mas por favor Margareth Lima não nos deixe. por favor. - ás lágrimas caiam incansavelmente, era nítido meu sofrimento ao ver a Marga presa no tempo.

a vida vai ser muito injusta se tirar ela da gente, só Deus sabe da importância que ela tem sobre minha vida. ela me curou de dores que nem foi ela quem causou.

ela vai sair dessa, ela tem que sair.

(...)

depois de um tempo ali, me lembro que ainda tinha mais pessoas para vê-la, e que eu ainda tinha um compromisso que não dava mais para remarcar.

- Marga tenho que ir, mas prometo que vou voltar todos os dias para te ver. eu amo você. - deixo um beijo em sua testa, pego minha bolsa que estava nos pés da cama e saio do quarto. com o coração na mão, mas não há o que eu possa fazer.

e ao sair meu pai esperava ao lado da porta, sua aparência parecia pálida e ao tocá-lo ele estava tremendo.

entendo que pelo tempo que estávamos sem notícias e sem vê-la, lhe causou isso.

(...)

após algumas horas fazendo publi de marcas, agora a espera de Gavi para voltarmos para casa e descansar.

a noite voltaremos para o hospital e dessa vez para passarmos a noite lá, e meu pai querendo ou não terá que ir para casa descansar.

Meu Único Amor - 𝑷𝒂𝒃𝒍𝒐 𝑮𝒂𝒗𝒊Onde histórias criam vida. Descubra agora