INCERTEZAS

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Mirella Águiar

- você não perde uma oportunidade né Matheo? e você Mirella sem um pingo de vergonha na cara! - nunca pensei ouvir algo assim vindo do Gavi.

- você me magoa falando assim, mas já que você acha que eu seria capaz de fazer isso, não há o que eu fazer - meus olhos lacrimejam, e Matheo seguia do meu lado como se nada estivesse acontecendo. - fala alguma coisa Matheo, diz a ele que você invadiu a minha casa e eu apenas estava te colocando pra fora! - ele não parecia se importar, até porque era o que ele queria

- eu? - ele fala apontando pra si mesmo. - mudo eu me deito e sem um soco do seu namoradinho me levanto, me deixa fora dessa gatinha. - filho da puta esse Matheo.

- relaxa Matheo, não vou te dar o trabalho de ter que gastar dinheiro consertando essa sua cara que eu facilmente faria um estrago nesse momento. - Gavi entra e coloca minha bolsa em cima da poltrona. - sua bolsa Mirella. - ele fala dando as costas e saindo do apartamento batendo a porta.

- pelo visto nenhum de vocês sabem ser receptivos né?! - esse filho de uma boa senhora ainda estava falando?.

- cara você é muito sacana. isso foi jogo baixo Matheo, muito baixo. - falo me sentando e passando a mão pela cabeça.

- olha pelo lado positivo, as vezes isso foi até um livramento.

- livramento? você tá falando sério cara? olha só sai daqui, pro seu bem só sai Matheo. - falo autoritária, mas dessa vez ele pareceu entender.

mas era óbvio que ele ia sair dessa vez, ele havia conseguido o que queria. não tinha mais o que fazer aqui, a não ser tirar o resto de paciência que habitava em mim.

- você quem manda Mirella, mas saiba que se precisar de um ombro amigo eu estou aqui. - eu preciso que você suma das minhas vistas, isso sim.

ele bate a porta, e eu ainda raciocinando o que havia acontecido aqui.

primeiro brigo com o Gavi por causa de um miserável, o miserável invade minha casa e me suborna, e por fim Gavi aparece e nos vê juntos.

fui querer salvar o meu relacionamento e acabei piorando a situação.

quanta desgraça para um só dia, sem contar que minha cabeça está tomada de dúvidas de como Marga está.

agora vou tomar um banho e ir até lá, e mais tarde tento convencer Gavi de que o que ele viu não era o que parecia.

(...)

visto a primeira roupa que encontro em minha frente, e enquanto tentava dar um jeito em meu cabelo meu celular começa a tocar, era meu pai.

confesso que nesse momento sinto meu coração gelar e minha respiração ficar mais forte. era um frio na barriga, uma sensação diferente que nem se quer pode ser explicada.

atendo o celular e nem sei o que eu esperava ouvir, afinal, quem está dentro de um hospital vive de incertezas.

- pai, aconteceu alguma coisa?. - segundos de silêncio e logo depois vem a sua resposta.

- filha você não vai acreditar. - sua voz tinha uma alegria que eu não via faz dias. - a Marga filha, ela acordou. - um sorriso enorme se faz sobre meu rosto ao ouvir essa notícia.

- tá falando sério pai? mas ela está bem? não está com nenhuma sequela ou algo do tipo?.

- claro que estou filha, foi do nada que ela acordou, uma melhora repentina. chega a ser inacreditável não é?! vem pra cá logo filha, ela quer te ver.

não sei ao certo o que tenho a dizer sobre melhoras "repentinas", mas sei dizer que não acho elas uma boa coisa. posso parecer louca ou algo do tipo, mas nas minhas vivências ela não é bem conhecida como melhora.

- tabom pai, chego aí o mais rápido possível. - desligo o celular e me apresso a terminar de me arrumar para ir o mais depressa possível pro hospital.

(...)

chegando lá corro até o quarto da Marga e me deparo com uma cena significativa.

meu pai beijava sua mão enquanto ela sorria gentilmente, confesso que isso acabou comigo de uma forma.

entro caladinha e vou até ela que rapidamente tirava sua mão sobre a do meu pai, o que não entendi, mas o que importa é que agora eu poderia conversar com ela e saber como ela se sentia.

- Marga, como você está?

- tô melhor querida, tava louca pra te ver - ela fala sem medir esforços.

- você não sabe como me desesperou te ver dessa forma! - baixo a cabeça e a abraço.

meu pai parecia não querer interromper, então se retirou de fininho sem que percebermos.

- foram dias torturadores Marga, sem saber como você se sentia, se estava sentindo algo. - acarinho seu rosto. - é bom te ter de novo. - sorrio fraco.

- fique tranquila meu amor, para mim foi como tirar uma soneca. - ela coloca sua mão sobre a minha. - tem algo acontecendo minha flor? você  não parece estar bem. - ela fala e pela minha cabeça só vem o episódio de hoje mais cedo.

- só estou um pouco cansada Marga, com você aqui eu não consegui descansar em nenhum momento. - não quero tomar a preocupação dela com esses problemas que apenas eu posso resolver.

Marga tinha um olhar diferente, um brilho a mais, uma felicidade que chegava a ser contagiante. nem parecia ter passado por toda essa barra nesses último dias.

ela estava tão feliz.

- o que acha de buscar uma água pra mim querida? nem me lembro a última vez que coloquei algum líquido na boca. - ela fala, e realmente sua boca parecia estar seca.

- claro Marga, vou lá rapidinho e volto agora tabom?!. - ela apenas concorda com a cabeça e permanece com seu sorriso largo.

solto sua mão e me levanto, assim, indo em direção a porta do quarto.

- Mirella. - ela me chama e eu volto meus olhos para ela. - de alguma forma sei que você está com problemas, mas quer saber de uma coisa?! liga o foda-se para eles e viva uma vida dá qual você irá se lembrar, você merece ser feliz. - ela me faz abrir um sorriso com isso. - agora vá buscar minha água.

- amo você Marga, já volto me espera aí tá?!. - acato seu pedido e saio da sala em busca de uma água para ela.

(...)

e depois de uns 10 minutos há procura de uma água, aqui está, me perdi umas 5 vezes só agora.

voltando para seu quarto vejo diversos enfermeiros correndo de um lado para o outro, e junto deles havia o médico que cuida da Marga. meu coração no mesmo instante congelou e sem nem perceber soltei o copo de água que havia em minha mão.

corro para o quarto e chegando o médico apoiava suas mãos sobre seu peito, e ela já não estava mais acordada.

- o que aconteceu aqui doutor? - ele nem sequer respondeu.

- enfermeiro por favor, me fala o que aconteceu, porque a Marga não está acordada!? - meu coração pulsava fortemente, e o enfermeiro me olhava com uma cara de que não havia mais nada a se fazer.

- sinto muito Mirella, fizemos tudo o que podíamos.

meu mundo desabou aqui.

Meu Único Amor - 𝑷𝒂𝒃𝒍𝒐 𝑮𝒂𝒗𝒊Onde histórias criam vida. Descubra agora