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Any Gabrielly

Sabe o que é odiar alguém que até a voz da pessoa te irrita?

É assim que eu me sinto quando ouço a voz do meu vizinho. Como desgraça pouca é bobagem, a mãe dele é muito amiga da minha mãe. Isso é péssimo, pois eu não consigo evitá-lo.

Jantar de ação de graças? Ele está.

Aniversários? Ele também está.

Almoços aos Domingos? Adivinha.

Pra todo canto que eu vou ele está, minhas amigas são namoradas dos amigos dele, então isso quer dizer que as festas que eu for com elas, ele vai ir com os namorados das minhas amigas.

Que mágico.

Pra contextualizar o nosso ódio mutuo ( Deixando bem claro que foi ele quem começou tudo isso). Eu e minha mãe nos mudamos pra Califórnia pois ela conseguiu um ótimo emprego na empresa dos Beauchamp's, isso foi um divisor de águas pra nossa família.

Minha mãe é solteira, nos criou sozinha, deixando de comer pra não dormirmos com fome. Antes que perguntem do meu pai, ele morreu quando eu tinha 12 anos em um acidente de carro.

Sou eternamente grata pelos Beauchamp's, por darem uma oportunidade pra minha mãe no momento em que ela mais precisava.

Mas isso não quer dizer que eu tenha que engolir o filho mimado deles.

— Any, o almoço já vai ficar pronto, venham antes que esfrie.- Minha mãe grita da parte de trás da casa.

Termino de finalizar meus cabelos e saio do quarto, amassando os cachos pelo corredor.

— Sai da frente que eu tô passando! - Minha irmã grita descendo as escadas como uma louca.

— Parece que estava num cativeiro garota. Morta de fome!

— Cala boca! - Bela grita já no final das escadas.

— Não briguem por favor, está um lindo dia de sol lá fora. Sejam mais simpáticas com os vizinhos. - Minha mãe diz ao passar em frente as escadas com uma panela em mãos.

— Eu sou educada com quem é educado comigo, os Beauchamp's por exemplo, claro, com exceção do filho deles.

— Any minha filha, seja compreensiva com o nosso vizinho, você cresceu com ele.

— Não é porquê eu cresci com ele que eu tenha que socializar com ele.

— Meninos são assim meu amor.

— Por que será que eu só vi isso em um único menino até agora? - Questiono irônica, cruzando os braços.

— Pega leve com ele, vocês parecem cão e gato em uma luta sangrenta.

— Pegar leve? - Dou risada, ouvindo tenta baboseira. — Ele não pega leve comigo! Lembra do chiclete no cabelo? Você passou uma semana tirando aquele negócio dos fios.

— Eu sei minha filha, mas é coisa de adolescente, é só uma fase.

— Eu querer virar a mão na cara dele não é só uma fase adolescente mamãe.

— Se controla, eles estão chegando.

— Não prometo nada.

— Gabrielly...

— Ele pode escorregar sem querer na piscina, não podemos prever tudo... - Digo irônica, com um sorriso "doce" nos lábios.

— Por favor, podemos ter um almoço normal pelo menos uma vez? - A mesma questiona ao tirar o frango do forno, o colocando sobre a bancada.

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