Quando cheguei na delegacia, a senhora Ernandes já me esperava para dar seu depoimento, mas antes, decidi passar na sala do legista. Precisava de respostas concretas sobre o que havia acontecido com Martin.
-- E aí, o que tem para mim?-- perguntei assim que entrei, cruzando os braços enquanto ele olhava em minha direção com um sorriso gentil.
-- Olá, Billie. Parabéns pela promoção -- disse ele, e eu agradeci com um sorriso discreto.
-- Obrigada. Então, o que descobriu?-- perguntei, indo direto ao ponto.
-- Bom -- começou, pegando as fotos do exame -- Martin não teve muita sorte... Ele sentiu praticamente todos os golpes. Foi uma morte lenta e dolorosa. -- Ele fez uma pausa, me mostrando uma das fotos com os ferimentos mais graves. -- Morreu afogado com o próprio sangue. O último golpe foi esse aqui, na artéria do pescoço -- indicou com o dedo, uma linha de corte profunda e precisa na imagem. -- Pela brutalidade dos golpes, é difícil imaginar que tenha sido uma única pessoa. E se foi, estamos falando de alguém forte... provavelmente um homem com cerca de 1,90 de altura e físico atlético.
Meus olhos percorreram as fotos enquanto eu absorvia as informações. O padrão dos ferimentos, a força envolvida... Era uma cena brutal. Tudo indicava que o assassino não só queria matar, mas fazer Martin sofrer.
-- Você acha que pode ter sido mais de uma pessoa?-- perguntei, inclinando-me para examinar mais de perto os detalhes.
-- É uma possibilidade. Mas, considerando a precisão do golpe final, quem quer que tenha feito isso sabia o que estava fazendo. Foi uma execução meticulosa após a tortura -- explicou, apontando para outros ferimentos nas pernas e braços, como se tivessem sido causados para incapacitar Martin antes do golpe fatal.
Eu respirei fundo.
-- Então, se foi uma única pessoa, estamos lidando com alguém incrivelmente forte... ou com algo pessoal -- murmurei, mais para mim mesma do que para ele.
-- Exato -- concordou o legista. -- Se eu fosse você, consideraria todas as hipóteses. Porque, seja quem for, fez questão de ser cruel.
Olhei para ele por um momento, processando tudo. Precisava interrogar a senhora Ernandes agora, mas a imagem de Martin, brutalizado daquele jeito, ficaria gravada em minha mente.
Em passos rápidos, fui até a sala de interrogatório. A senhora Ernandes já estava lá, segurando um copo de cappuccino, aparentemente um pouco nervosa, mas tentando manter a compostura.
-- Bom dia, me desculpe a demora -- disse, me sentando à frente dela. Seus olhos me seguiram atentamente, como se já tentasse adivinhar o que viria a seguir. -- Eu vou te fazer algumas perguntas sobre Martin e sobre os últimos dias antes da morte dele -- comecei, entrelaçando os dedos sobre a mesa. -- Preciso que seja detalhista, mas objetiva... E, por favor, não omita nada. Mesmo que pareça irrelevante.
Ela assentiu, respirando fundo antes de perguntar:
-- Certo, o que exatamente você quer saber?
-- Vamos começar pelo básico. Como era sua relação com Martin? Vocês se falavam com frequência?
A senhora Ernandes pareceu pensar por um momento.
-- Sim, nós éramos vizinhos há anos. Ele era um homem tranquilo, sempre educado, mas... bom, ele tinha os seus segredos. Quem não tem, certo?-- Ela deu uma risadinha nervosa, levando a mão ao cabelo, ajeitando-o distraidamente.
-- Segredos?-- perguntei, inclinando-me levemente para frente, interessado. -- O que quer dizer com isso?
-- Ah, não sei de muita coisa -- respondeu ela, agora mais cuidadosa. -- Mas ouvi boatos de que ele tinha dívidas com algumas pessoas. Nunca me envolvi, mas... ele parecia sempre estar preocupado com algo. Sabe, aquelas conversas rápidas no corredor, ele às vezes mencionava estar com dificuldades financeiras.
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Silent Obsession (Billie/You G!p)
FanfictionRecém-chegada a um bairro perigoso de New York, a detetive Billie enfrenta seu primeiro grande caso: o brutal assassinato de um homem que deixa a cidade em alerta. Enquanto mergulha na investigação, Billie encontra refúgio inesperado em sua nova viz...