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S/n estava largada na cama, relaxada e confortável, e eu, agarrada ao seu corpo, não conseguia controlar o desejo que crescia dentro de mim. Minha mão repousava em seu abdômen, sentindo a pele quente e macia sob a camisa larga. Não conseguia desviar meus olhos dela. A maneira como estava ali, descontraída, me atraía de uma forma quase irresistível.

Quando me aproximei para beijar seu pescoço, senti seu corpo se arrepiar imediatamente, e ela suspirou baixinho. O som suave que saiu de seus lábios foi como um convite, me incentivando a repetir o gesto, o que fiz, vendo o efeito que cada toque causava.

-- Amor... N-Não faz isso comigo...-- S/n pediu com um tom manhoso, a voz carregada de desejo, mas também com um leve receio. Eu sabia o que ela estava pensando. Temia que eu começasse algo e, como das outras vezes, parasse no meio, deixando-a sem saber como reagir.

Eu parei por um momento, refletindo sobre isso. Queria mostrar a ela que não era só sobre desejo físico, mas sobre como eu sentia por ela, como eu a achava incrivelmente irresistível, sexy e ao mesmo tempo, a pessoa que eu mais amava no mundo.

S/n parou de focar no filme, e senti seus dedos desacelerarem o carinho que fazia em meus cabelos.

-- Eu... quero tanto você, sabia?-- perguntei baixinho, meu rosto ainda aninhado em seu peito, quase sem coragem de encará-la diretamente.

S/n imediatamente para o carinho nos meus cabelos por um segundo, como se estivesse absorvendo minhas palavras. Eu podia sentir seu olhar sobre mim, e meu coração batia mais rápido enquanto eu mantinha minha cabeça deitada em seu peito, ouvindo o ritmo tranquilo de sua respiração.

Ela retoma o carinho de forma lenta, seus dedos deslizando suavemente pelos meus fios.

-- Eu sei...-- Ela responde com um tom suave, quase como se estivesse escolhendo cada palavra com cuidado. -- E eu também quero você... muito.

Eu suspiro, sentindo uma mistura de alívio e frustração. Era difícil expressar como eu me sentia, ainda mais com a barreira que parecia surgir sempre que tentávamos nos aproximar dessa maneira. Mas havia algo em estar assim, quieta, no abraço dela, que me fazia sentir segura, mesmo que o medo de não conseguir corresponder às minhas próprias expectativas ainda pairasse sobre mim.

-- Eu só... me sinto tão travada às vezes...-- Admito, minha voz soando pequena. -- Mas não é por falta de vontade.

S/n beija o topo da minha cabeça e sussurra:

-- Não tem pressa, amor. Eu estou aqui... a gente faz isso no seu tempo.

-- Você não se sente... Frustrada?...-- Pergunto e ela suspira, pensando um pouco antes de falar.

-- Um pouco... Mas não com você... Sabe?... É que... Não sei explicar... Essa situação me faz sentir que estou errando com você... Errando em não te fazer sentir amada, desejada... Mas de certo modo eu entendo você e jamais vou te forçar a fazer algo que não se sente confortável em fazer...-- As palavras de S/n fazem meu coração apertar. Eu a ouço tentando explicar como se sente, e percebo que a situação está sendo difícil para ela também, não só para mim. Ela está escolhendo cada palavra com tanto cuidado, com medo de me machucar, e isso só faz com que minha culpa cresça ainda mais.

-- S/n...-- Eu começo, minha voz tremendo um pouco. -- Eu te amo, e é por isso que... eu odeio que você sinta que não está fazendo o suficiente, porque você faz. Você me faz sentir amada, desejada, todos os dias. Só que, por algum motivo, eu me bloqueio... e eu não quero que isso continue te machucando.

Ela suspira e segura minha mão com firmeza, passando o polegar suavemente sobre a minha pele.

-- Eu sei que não é fácil pra você, Billie. E eu nunca vou te pressionar. O mais importante é que a gente se apoie, e que você saiba que pode contar comigo... sempre.

Eu fico em silêncio por alguns segundos, sentindo o peso das palavras dela. Queria tanto ser capaz de quebrar essa barreira, de mostrar a S/n o quanto a amo da mesma forma que ela sempre faz por mim.

-- Obrigada por isso... por me entender e por ser tão incrível comigo.-- Minha voz sai baixa, mas carrego sinceridade em cada palavra.

Ela apenas me puxa um pouco mais para perto, seus lábios tocando levemente a minha testa.

-- Estamos juntas nisso... sempre... Mas eu sinto saudades de ver a minha garota passeando pela casa só de calcinha e sutiã... De dormir agarradinha sentindo você se encolhendo toda contra mim porque se recusa a usar roupas para dormir... De tomar banho junto com você...-- Ela lista fazendo drama e ri fraquinho em seguida -- Mas acho que vou sobreviver até você se sentir a vontade em minha presença novamente

Eu rio baixinho com o drama dela, mas sinto um aperto no peito. S/n sempre encontra uma maneira de me fazer sentir melhor, de aliviar o peso que eu carrego sem me pressionar. Mas ainda assim, eu sei que ela sente falta dessas coisas. E a verdade é que eu também sinto.

-- Eu sinto falta disso tudo também, sabia?-- Digo, tentando deixar minha voz leve, mas não consigo esconder o tom de frustração. -- Eu... quero voltar a ser aquela garota, só que tem sido difícil.

S/n me olha com suavidade, sem nenhuma cobrança no olhar.

-- Eu sei que não é fácil. Mas você vai voltar a ser quem sempre foi, Billie... só no seu tempo.-- Ela dá mais um sorriso, brincando com uma mecha do meu cabelo. -- E enquanto isso, eu sobrevivo. Vai ser como se fosse uma surpresa quando você estiver pronta... como se eu tivesse ganhado na loteria.

Eu não consigo evitar rir de novo, apesar da tensão que ainda sinto.

-- Você é boba.

-- É, mas sou a boba que te ama -- ela responde, me puxando mais para perto de seu corpo. -- E isso não vai mudar... Nunca

(...)

S/n havia ido no mercado comprar algumas verduras para fazer sopa. Esta frio hoje e ela colocou na cabeça que isso é um sinal para tomarmos sopa.

Eu termino de vestir meu sutiã quando a campainha toca. Eu vou ate a sala e escuto S/n me chamando do lado de fora.

-- Eu esqueci minhas chaves de novo -- Ela diz culpada. Eu riu fraco e vou até a porta, destrancando-a e abrindo para a mulher entrar. -- Uau...-- Ela fala ao me ver

Eu sinto minhas bochechas corarem com sua reação. Ela pisca algumas vezes e então pigarreia.

-- Eu encontrei as verduras...-- Diz tentando desviar o olhar de meu corpo. Eu percebo que ela esta tentando nao me deixar desconfortável.

Ao ver S/n tentando desviar o olhar de mim, algo dentro de mim aquece. Não é a primeira vez que a vejo fazendo isso, mas a cada vez parece como a primeira. Ela sempre tem esse cuidado comigo, esse jeito de me fazer sentir bonita sem me pressionar, mesmo quando claramente quer olhar mais.

-- Obrigada pelas verduras -- digo com um sorriso tímido, ainda me sentindo um pouco exposta, mas ao mesmo tempo confortável com o jeito como ela me admira.

S/n sorri, ainda tentando manter o foco nas sacolas em suas mãos.

-- De nada... Eu achei que a sopa vai ser perfeita pra hoje, né? Com esse friozinho.-- Ela caminha até a cozinha, ainda meio desajeitada, e começa a colocar as coisas no balcão.

Eu a observo por alguns segundos, me sentindo estranhamente grata por esses pequenos momentos. Mesmo depois de tudo, a forma como ela me trata nunca muda. Isso me faz sentir segura, amada. Me aproxima dela, mesmo que eu ainda sinta certas barreiras entre nós.

-- Eu vou ajudar você a preparar -- digo, me aproximando, ainda sentindo minhas bochechas quentes.

Ela olha para mim com um sorriso suave, aceitando a ajuda, mas o jeito como seus olhos brilham me faz perceber que, para ela, eu sempre vou ser a mulher que a deixa sem palavras.

Silent Obsession (Billie/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora