Pela noite, eu sai do banheiro após um banho relaxante. Eu pego uma camiseta e uma cueca, vestindo-as em seguida. Quando retorno para o quarto, Billie me olhava em expectativa.
Após a conversa que tivemos, o clima ficou mais leve. Billie arruma o edredom sobre seu corpo e agita suas pernas, evidenciando sua animação.
-- Ta chovendo... A gente pode dormir de conchinha, com o barulho da chuva e o ronquinho de Theo -- Ela diz a voz tremendo pela animação e a agitação em seu corpo.
Eu a observo por um momento, surpresa com o contraste de humor. Depois de toda a tensão do dia, é quase reconfortante ver esse lado mais leve de Billie se manifestando. Um pequeno sorriso escapa dos meus lábios, mesmo que parte de mim ainda esteja machucada.
-- Você acha que vai ser tão fácil assim?-- pergunto, minha voz suave, mas mantendo um tom brincalhão. Ela me olha com um sorriso travesso, inclinando a cabeça para o lado.
-- É claro que não... Mas vale a pena tentar.-- Ela responde, me lançando um olhar caloroso. Seus olhos brilham com aquela familiar doçura que me faz sentir um aperto no coração.
Eu suspiro, deixando meus ombros relaxarem.
-- Tá bom... Mas só porque eu adoro o barulho da chuva e o ronquinho do Theo -- murmuro enquanto me aproximo da cama.
Billie sorri vitoriosa e levanta o edredom para eu me juntar a ela. Assim que deito ao seu lado, ela rapidamente envolve seus braços ao redor da minha cintura, me puxando para perto. O calor de seu corpo combinado com o som suave da chuva batendo na janela e o ressonar leve de Théo cria uma sensação de paz que há muito tempo eu não sentia.
Por um breve momento, tudo parece estar em seu devido lugar.
-- Me abraça!-- Billie diz puxando meus braços, me fazendo abraça-la
Eu me sinto surpresa com o gesto repentino de Billie, seus braços me puxando com força para mais perto. A princípio, meu corpo resiste, mas então a urgência no seu toque me faz ceder, e eu a abraço de volta. Sinto seu corpo tremendo levemente, e percebo o quanto ela também está vulnerável, mesmo que estivesse tentando esconder isso atrás de sua irritação.
-- Nao me solta, por favor...-- ela pede baixinho, a voz embargada, o tom implorando por uma conexão que parece estar se perdendo. Seus dedos se apertam em minha cintura, como se estivesse com medo de me soltar.
Eu fecho os olhos e respiro fundo, sentindo o calor de Billie contra mim, e a confusão em meu peito começa a ceder, sendo substituída por um sentimento profundo de carinho.
(...)
Eu acordo pela manhã e, surpreendente, Billie não estava mais ao meu lado na cama. Agora, quem estava aqui era Théo. Ele já estava acordado e ao perceber que eu estava acordada também, ele me encara e sorri se ladinho. Seus bracinhos se movendo de forma descoordenada.
Théo completará dois meses na próxima semana. O tempo está passando tão rápido que me sinto culpada por não conseguir aproveitar mais e mais.
-- Cadê sua mamãe?-- Pergunto e o pequenino emite sons com a boca, como se estivesse me respondendo.
Eu pego-o no colo e me levanto, vendo ele sorrir para mim. Parece que temos um pequenino bem animado hoje
Ao chegar na cozinha, encontro Billie preparando o café da manhã. Ao me ver, ela faz um biquinho.
-- Não era para levantar! Eu ia levar o café na cama para vocês dois!-- Ela diz e eu riu baixo -- Voltem para lá, vai.
Théo emite mais alguns sons, o que me faz sorrir olhando para ele.
-- Olha só, Théo, a mamãe está mandando a gente de volta para a cama -- digo, sorrindo e olhando para o pequenino em meus braços. Ele continua emitindo aqueles sons adoráveis, como se estivesse participando da conversa.
Billie sorri de volta, sua expressão suave enquanto nos observa.
-- É, mocinho, vocês merecem ser mimados hoje.-- Ela se aproxima e beija a testa de Théo, depois me dá um beijo no canto da boca. -- Vou levar o café em cinco minutos, então sem discutir, ok?
Eu suspiro fingindo uma derrota dramática.
-- Tudo bem, tudo bem... Vamos voltar para o conforto da cama, Théo. Acho que não tem como competir com isso.-- E então nos viro, caminhando de volta para o quarto com ele.
Deito na cama novamente, ajeitando Théo ao meu lado enquanto esperamos Billie com o café. Por um momento, deixo a calma daquele momento me envolver. Eu a amo tanto, e nosso pequenino é a coisa mais preciosa de todas. Mesmo depois das brigas, essa é a parte que me faz lembrar o quanto somos uma família.
Théo está crescendo tão rápido, e cada pequeno progresso dele parece uma conquista enorme. Ver ele tentando erguer o tronco, mesmo que ainda não consiga, é encantador. É como se ele estivesse descobrindo o mundo, e nós temos o privilégio de assistir a cada descoberta. Essas pequenas vitórias são momentos que fazem tudo valer a pena, especialmente quando o peso das nossas frustrações fica mais leve ao olhar para ele.
Eu estendo minha mão para o pequenino, logo ele tenta agarra-la, seus olhinhos fixos em seu objetivo. Mesmo sua coordenação motora sendo um pouco limitada, ele ainda se mantém determinado.
Ver Théo tão concentrado me traz uma onda de ternura. A determinação nos olhos dele, mesmo em algo tão simples como tentar pegar minha mão, me faz sorrir. Ele ainda é tão pequeno, mas já está aprendendo a explorar o mundo ao seu redor, um mundo que Billie e eu estamos construindo para ele, com todas as nossas falhas e imperfeições.
Eu brinco com seus dedinhos, sentindo o toque suave e quente da pele dele. Por mais que os dias possam ser difíceis, momentos como este me lembram de tudo que temos de precioso. Sinto o amor que nos une, mesmo quando as palavras falham ou os conflitos parecem insuperáveis.
Billie entra no quarto com uma bandeja de café da manhã, e por um momento, todos os sentimentos difíceis parecem se dissipar, deixando apenas o silêncio aconchegante de uma manhã em família. Ela coloca a bandeja ao nosso lado e senta na cama, seus olhos focando em Théo e depois em mim, como se estivesse buscando aquele mesmo sentimento de paz.
-- Ele tá ficando forte -- Billie comenta, observando o esforço de Théo para segurar minha mão. Sorrio para ela, sentindo o calor do momento aquecer meu coração.
-- Sim, cada dia ele parece mais determinado -- respondo, permitindo que a calmaria do momento nos envolva.
Theo murmura um "aa" e parece ficar surpreso com o som que sai de seus lábios. Suas sobrancelhas se franziram, os olhinhos ficaram confusos e suas mãos ficaram um pouco menos agitadas.
O som inesperado de Théo chama nossa atenção, cortando a tensão no ar. Eu sinto o corpo de Billie relaxar levemente em meus braços, e quando olho para o nosso pequenino, vejo a expressão dele — confusa, mas curiosa — enquanto explora os próprios sons.
-- Ele tá começando a descobrir a própria voz -- Billie diz suavemente, um pequeno sorriso surgindo em seu rosto. -- Olha só, nosso detetive mirim.
Eu também sorrio, mesmo que seja pequeno, e a sensação de calor que Théo traz nos ajuda a aliviar, ainda que um pouco, o peso da discussão.
-- Ele vai começar a falar antes do que imaginamos -- comento, tentando me concentrar em algo positivo. Mesmo que haja tantas coisas não resolvidas entre mim e Billie, Théo continua sendo o centro de tudo.
Billie suspira, ainda me mantendo perto.
-- Eu amo tanto vocês dois que até dói...
Eu respiro fundo, sentindo o abraço apertado dela, e lentamente afrouxo a tensão nos meus ombros. Talvez esse momento com Théo seja o que precisávamos para dar um pequeno passo à frente, mas eu também sei que ainda temos muito o que conversar.
-- Eu também amo vocês dois... Mais do que imaginam...
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Silent Obsession (Billie/You G!p)
FanfictionRecém-chegada a um bairro perigoso de New York, a detetive Billie enfrenta seu primeiro grande caso: o brutal assassinato de um homem que deixa a cidade em alerta. Enquanto mergulha na investigação, Billie encontra refúgio inesperado em sua nova viz...