Após aquele momento, parece que algo havia mudado. Mudado para melhor. Eu estava com meu rosto praticamente enterrado contra o peito de S/n. Ela fazia um carinho muito bom em meus cabelos e constantemente deixava beijos no topo de minha cabeça, sua respiração estava relaxada e calma, eu conseguia sentir seu coração batendo em um ritmo calmo, e incrivelmente isso me acalmava muito.
Ao fundo eu conseguia escutar a televisão, mas o som parecia cada vez mais distante a medida que o sono ia me atingindo.
Eu me entrego ao conforto do momento, o calor de S/n e seus gestos suaves me envolvendo como um cobertor invisível. O cansaço do dia, junto com o peso das emoções que compartilhamos, começa a pesar em minhas pálpebras, e sinto o sono chegando devagar. O som da televisão se transforma em um sussurro distante, irrelevante comparado à sensação de estar segura nos braços dela.
S/n continua a acariciar meus cabelos, e cada toque parece me puxar mais fundo para o sono. Seus beijos no topo da minha cabeça são reconfortantes, quase como uma promessa silenciosa de que está tudo bem, de que estou exatamente onde deveria estar.
Meus últimos pensamentos, antes de me perder completamente no sono, são de gratidão e um certo alívio. Algo realmente havia mudado entre nós, e, pela primeira vez em muito tempo, sinto que tudo está no lugar certo.
Sem resistir mais, deixo o cansaço me vencer, adormecendo nos braços de S/n, sentindo-me em paz como nunca antes.
S/N
P.O.VMeus olhos ardem, forçando-me a piscar repetidamente, na tentativa de aliviar a dor. A batida frenética do meu coração ecoa nos meus ouvidos, como se fosse explodir a qualquer momento. Sinto um gosto metálico na boca, meu corpo se contorcendo em desespero. Tento mexer meus braços, minhas pernas, mas não consigo — estou amarrada, presa em algum tipo de tecido grosso. As cordas apertam meus pulsos e tornozelos, limitando meus movimentos a praticamente nada. Sinto o chão áspero sob meu corpo sendo arrastado, a grama e as pedras arranhando minha pele enquanto sou puxada.
Desesperada, forço meus olhos a se ajustarem à escuridão ao meu redor. Árvores altas e a vastidão de um campo de grama me cercam. Tento me orientar, mas tudo ao meu redor parece uma borrasca de sombras, sem fim, sem direção. O medo me consome por completo.
Meus pulmões queimam ao tentar gritar, mas nenhum som sai. É como se minha voz estivesse presa, sufocada pelo terror que me consome. Tento me virar para ver quem está me arrastando, mas a escuridão da noite não me permite distinguir nada além de uma sombra amorfa à minha frente.
De repente, sinto uma mudança no movimento. Ele percebeu. Percebeu que estou acordada.
O corpo que me arrasta para, e por um momento, o silêncio é ensurdecedor. O pânico me toma por completo quando sinto a presença dele se aproximando. O ar parece mais pesado, carregado de intenções que desconheço. Tento me preparar para o que quer que venha a seguir, mas não consigo me mover, não consigo fazer nada. Estou à mercê dele.
-- Vejo que ja esta acordada princesa... Podemos começar nossa brincadeira...-- Aquela voz ecoa por meus ouvidos.
Acordo de repente, sentindo o ar escapar de mim como se tivesse sido sufocada. O quarto ao meu redor parece mais escuro do que antes, e meu coração bate descontrolado, como se estivesse fugindo de algo. A voz dele ainda ecoa na minha cabeça, como se estivesse me seguindo mesmo depois de acordar. "Podemos começar nossa brincadeira..." As palavras reverberam nos meus ouvidos, me deixando com a sensação de que ainda estou lá, presa, vulnerável
Ao meu lado, Billie desperta, visivelmente assustada com a maneira brusca como me movi. Sua mão encontra a minha no mesmo instante, seu toque quente oferecendo um pouco de conforto, mesmo que por um breve momento. Seu olhar preocupado busca desesperadamente o meu, como se ela pudesse enxergar a tempestade interna que me consumia.
-- Ei... Está tudo bem -- ela diz com uma voz suave, quase em um sussurro. -- Eu estou aqui... Foi só um sonho ruim.-- Seus olhos me fitam com ternura e preocupação, tentando me ancorar na realidade, longe daquele pesadelo.
Eu forço um aceno de cabeça, tentando convencê-la — e a mim mesma — de que era apenas um sonho. Mas sei que não era só isso. O medo que sinto não é apenas de algo fictício, é uma lembrança. Algo que me persegue de forma implacável. Mesmo sabendo que não posso contar tudo para Billie, aperto sua mão com mais força, tentando me segurar nela, no aqui e agora.
Mas o medo ainda está ali, à espreita.
-- Esta tudo bem... Eu juro. Nada pode te machucar aqui, ok?-- Sua voz, doce e melodiosa, parecia me ajudar a voltar a realidade. -- Pronto... Quer me contar sobre o que sonhou?
-- Eu... Eu acho que não quero falar sobre isso...-- Billie me olha por um instante, seus olhos cheios de compreensão. Ela não pressiona, apenas me dá o tempo que preciso, respeitando o meu silêncio.
Quando ela se inclina e sela nossos lábios com um beijo suave, sinto um pouco da tensão em meu corpo se dissolver, mesmo que momentaneamente. O toque dela, sempre tão delicado e seguro, me ajuda a voltar para o presente, para o conforto do seu lado.
-- V-Você pode me abraçar?...-- Minha voz sai mais fraca do que eu gostaria, mas o pedido é sincero, quase desesperado.
Ela não hesita. Billie me puxa para seus braços com um cuidado extremo, como se eu fosse algo frágil que ela queria proteger a todo custo. Seus braços fortes me envolvem, trazendo uma sensação de segurança que eu não sentia há muito tempo. Ela me segura firme, seu corpo quente contra o meu, e, por um momento, o mundo parece um pouco menos assustador.
Eu fecho os olhos e me afundo naquele abraço, ouvindo sua respiração calma, sentindo seu coração bater de forma constante. Ali, no calor do seu corpo, consigo, por alguns minutos, esquecer o medo, esquecer a voz. Só há ela, Billie, e o conforto que seu abraço me traz.
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Silent Obsession (Billie/You G!p)
FanfictionRecém-chegada a um bairro perigoso de New York, a detetive Billie enfrenta seu primeiro grande caso: o brutal assassinato de um homem que deixa a cidade em alerta. Enquanto mergulha na investigação, Billie encontra refúgio inesperado em sua nova viz...