-- Eu tenho que ir...-- Sussurro entre o beijo, sentindo as mãos de S/n apertado minha cintura, me trazendo mais para perto.

-- Eu sei...-- Ela sussurra de volta, juntando mais uma vez nossos lábios, em um beijo lento.

Eu me perco mais uma vez em seus lábios, puxando os cabelos de sua nuca levemente, aprofundando mais nosso beijo.

Sinto o calor subir pelo meu corpo à medida que S/n me puxa ainda mais contra ela. Cada toque e cada beijo parecem me prender ali, como se o tempo estivesse parado. Eu deveria ir, mas cada parte de mim quer ficar. Seus dedos pressionam minha cintura, e a forma como ela me beija, com tanta intensidade e ao mesmo tempo ternura, faz com que eu esqueça o mundo lá fora por um momento.

-- Eu realmente... preciso ir...-- digo, tentando recuperar a compostura, mas minha voz sai fraca, quase como um pedido para que ela não me solte.

-- Eu sei...-- ela repete, sorrindo contra meus lábios antes de me dar mais um beijo, dessa vez suave e cheio de carinho, como uma despedida temporária.

Finalmente, com um esforço, eu me afasto, mesmo que cada parte do meu corpo queira ficar.

-- Espera... Só mais um -- Digo voltando para perto dela. S/n ri balançando a cabeça, antes de juntar nossos lábios mais uma vez.

S/n sorri contra meus lábios, deixando escapar um riso suave enquanto me puxa de volta para mais um beijo. Esse é mais lento, como se cada segundo fosse saboreado com cuidado. Eu sinto seu calor, seu perfume suave, e o jeito que ela segura minha nuca, mantendo-me próxima, como se ambos soubéssemos que esse seria o último por um tempo.

Quando nos afastamos, nossos olhares se encontram, e ela me dá um sorriso que faz meu coração bater mais rápido.

-- Agora vai... ou nunca mais vai conseguir ir -- diz brincando, mas há um toque de seriedade em sua voz.

Eu suspiro, dando um passo para trás, mesmo que seja o que menos quero fazer.

-- Certo... nos vemos depois -- digo, sentindo meus lábios formigarem pelo beijo. Com um último olhar para ela, finalmente me viro e saio, tentando manter a cabeça no trabalho, embora tudo o que eu consiga pensar seja nela.

S/N
P.O.V

O sorriso de Mike e o tom provocativo me atingem como uma onda repentina de desconforto. Tento manter uma expressão neutra, mas por dentro, meu estômago se contorce ao ouvir sua insinuação.

-- Eu fui comprar um café, e vi uma certa gerente com namoradinha nova -- ele anuncia, alto o suficiente para que todos na loja ouçam, provocando olhares curiosos.

Antes que eu possa responder, Lilian se junta à conversa, cheia de empolgação.

-- S/n está namorando?! Por isso sumiu durante as férias? Fui na sua casa umas cinco vezes e não te encontrei...

Meu corpo tensa involuntariamente. As lembranças das minhas férias não trazem o mesmo entusiasmo que ela demonstra. Na verdade, são lembranças que preferiria esquecer. A cada palavra, as memórias do que realmente aconteceu voltam à superfície, e a sensação de ser arrastada, a escuridão, e aquela voz ameaçadora ecoam na minha mente.

-- Não é nada disso -- respondo com a voz um pouco mais seca do que pretendia, tentando ignorar a náusea crescente. Forço um sorriso, mas o peso das memórias torna difícil disfarçar o desconforto. -- Eu só estava... resolvendo algumas coisas pessoais.

Mike ergue uma sobrancelha, ainda malicioso, mas felizmente parece que ele decide não insistir. Lilian, no entanto, continua me olhando, esperando por mais detalhes que eu simplesmente não estou disposta a dar.

-- Agora, se me derem licença, tenho muito trabalho a fazer -- digo, virando-me rapidamente para o balcão, na esperança de afastar o assunto e, principalmente, as lembranças das férias que me assombram a cada vez que alguém menciona.

Quase ao final do expediente, uma viatura para em frente a loja. Um policial desce e vem em direção ao balcão. Eu sinto meu corpo congelar por completo, meu sangue parece se esvair de meu corpo.

-- Onde esta o gerente?-- A voz grossa ecoa pela loja.

-- S-Sou eu... Posso ajudar?-- Questiono, tentando manter a compostura.

-- Preciso das imagens das câmeras. Uma senhora foi assaltada aqui em frente durante essa madrugada. As imagens da loja ao lado, não pegaram o assaltante, apenas a vítima...-- Ele diz simplista e eu concordo com a cabeça.

Minhas mãos tremem levemente enquanto tento disfarçar o pânico que percorre meu corpo. As palavras do policial parecem distantes, como se o som estivesse abafado. Tento respirar fundo e manter a compostura.

-- Claro... Eu... Eu posso pegar as imagens para você -- digo, minha voz vacilando apenas por um segundo. Preciso me concentrar. Nada de anormal, apenas um procedimento de rotina. Não há motivo para suspeitas.

Me viro, caminhando em direção à sala onde ficam os monitores de segurança, sentindo os olhares curiosos de Mike e Lilian nas minhas costas. Eu sabia que eles estavam se perguntando o que estava acontecendo, mas, felizmente, nenhum deles ousa perguntar nada.

Dentro da sala, meu coração bate tão forte que parece que todo o prédio pode ouvi-lo. O que está acontecendo comigo? Só preciso fazer meu trabalho. Isso não tem nada a ver comigo. Tento me convencer disso enquanto procuro as gravações da noite anterior.

Finalmente, volto para o policial com o pen drive nas mãos.

-- Aqui estão as imagens -- digo, estendendo para ele com um sorriso nervoso.

Ele pega o dispositivo, sem parecer notar meu desconforto, e agradece com um aceno de cabeça.

-- Agradeço pela cooperação. Qualquer novidade, entraremos em contato.

A viatura parte, mas a sensação de que estou sendo observada não vai embora. Meu corpo ainda está tenso, e as memórias das férias e do que aconteceu voltam à tona como uma maré indesejada.

-- Então, S/n... Sua namorada tem quantos anos?-- Mike pergunta limpando o balcão -- Não se preocupe, eu gosto de outra fruta...

-- Ela não é minha namorada... Mas... Ela tem vinte e cinco -- Respondo tentando voltar a mim.

-- Vinte e cinco? Caramba... Você é bem mais nova -- ele diz e eu dou de ombros

-- São cinco anos...-- Respondo como se não fosse quase nada.

-- Bom, de qualquer forma, ela é bonita. Acho que deveria investir

Sinto meu rosto esquentar um pouco com o comentário de Mike, mas mantenho a calma.

-- Ela realmente é bonita...-- digo, quase sem pensar, mas logo me arrependo, tentando esconder o sorriso que escapa. Não posso dar muita margem para ele continuar com as provocações.

-- Então já está admitindo que tem algo aí -- Mike comenta com uma risadinha, levantando as sobrancelhas.

-- Não é nada sério, Mike. Só estamos... nos conhecendo melhor -- respondo, tentando encerrar o assunto. Não quero que ele continue me pressionando, especialmente com tudo que está acontecendo ao meu redor.

-- Ah, relaxa, só estou brincando com você. Mas sério, vocês formam um bom casal.-- Ele diz, dando uma piscadela antes de voltar a limpar o balcão.

Eu apenas balanço a cabeça, voltando a focar no que estou fazendo. Mesmo tentando disfarçar, sinto meu coração acelerar ao lembrar de Billie, das manhãs que passamos juntas, e das conversas silenciosas entre beijos. Algo dentro de mim parece se acalmar ao pensar nela, mas ao mesmo tempo, uma parte de mim está constantemente em alerta, como se estivesse esperando que algo desmoronasse a qualquer momento.

Tento me concentrar, mas o dia parece arrastar-se até o fim do expediente, enquanto as lembranças da visita do policial ainda ecoam na minha mente.

Silent Obsession (Billie/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora