Ao sair da terapia, eu sentia a cabeça um pouco mais leve, como se um peso estivesse temporariamente fora dos meus ombros. Caminho em direção à cafeteria próxima, tentando não pensar demais nas sessões e no que havia sido discutido. Apenas me concentro em um simples ato: comprar dois donuts e dois cafés. Algo que eu sabia que Billie apreciaria. Uma pequena surpresa para ela.
Chego à delegacia, o ambiente já tão familiar. Conforme entro, meus olhos encontram Billie, conversando animadamente com um rapaz que eu não conhecia. Algo na cena me fez hesitar por um segundo, mas então me aproximo. Ela me vê e sorri, aquele sorriso que sempre faz meu peito se aquecer. Eu beijo sua testa, um gesto automático, quase instintivo.
-- Trouxe café e donuts -- digo, tentando manter a leveza na voz. Me viro para o rapaz, que me lança um sorriso amigável, e lhe dou um aceno rápido, apenas por educação.
-- Obrigada, S/a -- Billie responde, sorrindo de lado, mas é a próxima frase que faz meu coração afundar. -- S/n, esse é Jesse, um velho amigo... Jesse, essa é S/n, minha... amiga.
Amiga.
A palavra ecoa na minha cabeça com um peso que eu não esperava. O estômago revira, como se algo ácido estivesse subindo pela minha garganta. Por um segundo, penso em corrigir, em dizer algo, mas em vez disso, sorrio forçadamente, tentando engolir a dor e disfarçar a decepção.
-- Muito prazer, Jesse -- digo, estendendo a mão para ele, minha voz falhando levemente, traindo o que eu realmente sentia. -- Eu só... Tô de passagem... Só vim trazer café mesmo...-- Tento manter a casualidade, mas sei que Billie me conhece bem o suficiente para notar algo diferente em mim.
Mas ela não diz nada. E eu continuo fingindo que estou bem.
-- A gente se vê por aí... Billie -- digo baixo, entregando os donuts a ela e mantendo meu café comigo. A voz sai quase em um sussurro, como se não quisesse que ela percebesse a mágoa por trás das palavras.
Eu não espero resposta, não olho para trás, e ignoro qualquer coisa ao meu redor. O peso no meu peito só aumentava a cada segundo que passava ali. Tudo o que eu queria era sair dali o mais rápido possível, antes que o nó na minha garganta me traísse.
Enquanto saía da delegacia, o som dos meus passos parecia ecoar mais alto do que o normal, cada passo me afastando mais daquela cena que eu não sabia como processar.
(...)
Eu aperto o botão de mudar de canal mais uma vez, parando no canal onde passava "muquiranas".
Ouço batidas na porta, mas ignoro, esse horário só pode ser uma pessoa: Billie.
-- S/n... Eu sei que você está ai...-- Ela diz através da porta.
Eu suspiro pesado e vou até a porta, abrindo-a apenas o suficiente para poder ver Billie.
-- Pensei que iríamos juntas ao mercado... Havíamos combinado hoje de manhã -- ela diz um pouco confusa.
-- Chame outra amiga... Estou um pouco ocupada no momento -- Respondo começando a fechar a porta, mas Billie põe seu pé na frente.
-- Como assim? Por que você está agindo assim?-- Ela pergunta, claramente sem entender o motivo do meu afastamento.
Eu evito seu olhar por um momento, tentando controlar o que sinto, mas é impossível. A palavra "amiga" ainda ecoa na minha mente, queimando como ácido.
-- Eu só... estou ocupada, Billie -- digo, tentando manter o tom distante. -- Vai ser melhor você ir sozinha dessa vez.
Ela não desiste, olhando para mim com aquele misto de preocupação e frustração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Silent Obsession (Billie/You G!p)
FanfictionRecém-chegada a um bairro perigoso de New York, a detetive Billie enfrenta seu primeiro grande caso: o brutal assassinato de um homem que deixa a cidade em alerta. Enquanto mergulha na investigação, Billie encontra refúgio inesperado em sua nova viz...