(...)
Hoje estou de folga. Então decidi organizar as últimas coisas que faltavam em meu apartamento. Pela tarde, decidi sair para dar uma volta. Mas assim que abro a porta, vejo uma senhora tocando a campainha do apartamento de S/n.
-- Ola querida, sabe me dizer se S/n esta em casa?-- A senhora pergunta e eu dou de ombros.
-- A última vez que a vi foi ontem pela noite -- Respondo e ela suspira.
-- Ela tem o costume de ir la no 308, onde eu moro. Ela me ajuda com minhas plantinha, faz bolo para nos duas, faz chá e batemos um bom papo... Mas tem umas duas semanas que ela não aparece. Estou preocupada -- Ela diz quase em um suspiro -- Ela é uma menina tão boa, mas o mundo é tão injusto com ela.
-- Entendo sua preocupação... Talvez ela esteja apenas ocupada com o trabalho ou passando por algo pessoal. Mas, se eu a vir, posso avisá-la que a senhora está procurando por ela -- digo, tentando tranquilizá-la.
A senhora sorri, mas o olhar preocupado permanece.
-- Obrigada, querida... Espero que esteja tudo bem com ela. Às vezes, essas meninas tão boas acabam carregando mais do que deveriam.
Eu aceno, observando-a se afastar lentamente. Algo me diz que talvez eu deva conversar com S/n mais tarde e ver se está tudo realmente bem. Afinal, duas semanas de silêncio parecem um tempo considerável para alguém tão próxima de outra pessoa.
(...)
-- Billie, era com você que eu queria falar -- o legista, John se aproxima.
-- O que foi? Encontrou algo?-- Pergunto e ele concorda.
-- Um DNA, mas é tudo meio inconclusivo, não esta em nosso campo de dados pois a pessoa não é doadora de sangue e nem de órgãos, não tem antecedentes criminais... Bom, ela não existe em nosso campo de dados -- explica calmamente -- Aparentemente estamos falando de uma mulher, ela tem mais cromossomos Y do que o comum... Mas acredito que não ajude em muita coisa -- Ele parece se lembrar de mais algo -- Ah e também, o padrão dos ferimentos se altera constantemente. Todos foram causados pelo mesmo objeto, era o que eu acreditava. Mas tudo indica que houve uma luta corporal, alguns ferimentos podem ter sido causados por pancadas em diversos locais. Mas a maior parte dos ferimentos foram feitos por uma lâmina. Provavelmente uma faca.
-- Então estamos lidando com algo mais complexo do que imaginávamos...-- murmuro, absorvendo as informações. O fato de não haver registros de DNA no banco de dados, combinado com os cromossomos Y adicionais, adicionava uma nova camada de mistério. Não apenas o perfil da assassina parecia fugir dos padrões, mas também o padrão dos ferimentos indicava um conflito violento e caótico. -- Essa mulher... pode ser uma lutadora, talvez até uma profissional ou alguém com experiência em combate corpo a corpo. Não é comum ver uma mudança de padrão de ataque assim, exceto se a pessoa souber o que está fazendo -- comento, refletindo sobre o que John disse.
Ele assente.
-- É uma possibilidade. A maneira como ela lidou com a vítima não é de uma amadora.
-- Ok, isso já me dá uma nova linha de investigação. Vou olhar para qualquer envolvimento com lutas ou qualquer coisa relacionada a artes marciais. Quem sabe isso possa nos levar a algum lugar.
Eu me despeço de John e sigo em direção à minha sala, com o pressentimento de que o caso está prestes a tomar um rumo inesperado.
Minha mente parecia procurar respostas, ate mesmo nos locais mais improvaveis.
Eu decidi ir tomar um café na cafeteria próxima. Quando chego lá, S/n estava a fazer seu pedido. Eu observo-a, incrivelmente ela está em todos os lugares dessa cidade.
-- Olá S/n -- Cumprimento e ela me encara confusa, antes de sorrir abertamente.
-- Billie! O que faz aqui?-- Questiona parecendo surpresa.
-- Eu trabalho aqui perto, e você?-- Pergunto e ela da de ombros.
-- A loja onde eu trabalho é na rua de trás... Então meio que sou cliente assídua do café -- responde com simplicidade.
-- Posso... Te perguntar uma coisa?-- Ela concorda franzindo suas sobrancelhas parecendo confusa com meu tom sério -- Onde esteve dia 13 de fevereiro?-- Pergunto e ela parece pensar
-- Como assim? Você... Quer saber tudo o que fiz dia 13? Por que isso é importante?-- Pergunta claramente confusa com minha pergunta.
-- Sim, eu quero saber -- Digo firme e então ela parece entender o que está acontecendo.
-- V-Você acha que fiz algo errado?... D-Dia 13 eu... Eu estive com Dona Lourdes do 308, fizemos bolo de milho, eu fui à academia, depois passei no mercado, então voltei para o meu apartamento -- Diz parecendo um pouco incrédula com o que estava acontecendo -- Era só isso?...
Eu concordo com a cabeça e então ela se afasta, pegando seu café e saindo, parecendo chateada.
Enquanto S/n se afasta, um peso crescente toma conta de mim. A desconfiança que plantara na conversa anterior era palpável, mesmo sem evidências diretas para apoiá-la. Ela parecia genuinamente chateada, o que me faz questionar se estou indo longe demais, suspeitando de alguém de tal forma, me baseando apenas em estereótipos e suposições.
-- S/n, desculpa. Eu não quis insinuar que você fez algo...-- Digo vendo-a ja próximo a porta.
-- Está tudo bem Billie... Não te culpo por isso... Não é a primeira vez que me acusam de algo assim. Sempre recai sobre a esquisita do prédio -- Da de ombros, saindo da cafeteria em seguida.
Assisto S/n sair pela porta, com o eco de suas palavras ainda ressoando em minha mente. "A esquisita do prédio..." Aquela frase me atingiu de um jeito que eu não esperava. De repente, a imagem que eu vinha construindo dela começou a rachar. Não era apenas minha investigação ou intuição que estava criando essas suspeitas. Havia algo mais, um preconceito silencioso talvez.
Sinto o peso do olhar de algumas pessoas na cafeteria, mas ignoro enquanto tento processar o que acabou de acontecer. Estou me permitindo acreditar em coincidências, ou estou sendo cega pela necessidade de encontrar respostas? Tudo o que sei é que S/n estava magoada, e algo dentro de mim dizia que, culpada ou não, eu deveria ter mais cuidado ao tratá-la assim.
Precisava me recompor e avaliar os fatos friamente.
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Silent Obsession (Billie/You G!p)
FanfictionRecém-chegada a um bairro perigoso de New York, a detetive Billie enfrenta seu primeiro grande caso: o brutal assassinato de um homem que deixa a cidade em alerta. Enquanto mergulha na investigação, Billie encontra refúgio inesperado em sua nova viz...