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S/n me apertava com força, e eu podia sentir cada tremor em seu corpo, enquanto seu choro só aumentava. Já fazia quase cinco minutos que estávamos ali, abraçadas, e a intensidade do seu desespero parecia crescer a cada segundo. Sua dor me atravessava de um jeito que eu não conseguia ignorar, como se eu mesma estivesse afundando junto com ela.

-- Eu nunca quis machucar ninguém -- ela sussurra, sua voz abafada contra o meu peito, o rosto quase enterrado ali, como se buscasse segurança. Meu coração dói ao ouvi-la assim, tão quebrada. -- Eu sei... Eu sei... Você não é uma pessoa ruim -- tento tranquilizá-la, minha mão deslizando pelos seus cabelos em um gesto reconfortante. -- Você não fez por mal.

Ela soluça alto, o som quase partindo meu coração.

-- Ele ia me matar... Ele queria me matar...-- As palavras dela caem sobre mim como uma bomba. Sinto um frio percorrer minha espinha, e ao mesmo tempo, uma fúria silenciosa cresce dentro de mim.

Eu aperto meus braços ao redor dela, mais forte, querendo protegê-la de tudo isso, mesmo sem saber exatamente o que aconteceu.

-- Eu estou aqui... Eu não vou deixar ninguém te machucar de novo -- digo suavemente, mas minha voz carrega a promessa firme de que farei qualquer coisa para mantê-la segura. -- Ele não tinha o direito de fazer isso com você. Ninguém tem.

-- Me desculpa... Eu... Eu... Desculpa. Eu não queria fazer nada do que eu fiz...-- Ela diz me apertando mais em seus braços.

-- Você não teve culpa... Você so fez o que era necessário -- Sussurro, beijando o topo de sua cabeça -- Você quer me contar o que aconteceu?-- Pergunto não tendo certeza se quero escutar o que sei que esta por vir.

-- Eu... Eu matei Martin -- Ela sussurra, sua voz quase inaudível

Sinto meu coração parar por um segundo quando ela sussurra aquelas palavras.

-- Eu... Eu matei Martin.-- Sua voz é tão baixa que quase não ouço, mas o peso da confissão é esmagador.

S/n me aperta ainda mais forte, e eu posso sentir o pavor em cada músculo do seu corpo, o arrependimento profundo que a consome. Fico ali, imóvel, tentando processar o que acabei de ouvir. Por mais que eu soubesse que algo estava errado, ouvir isso sair da boca dela me deixa sem ar.

-- Shhh, está tudo bem... está tudo bem...- Sussurro, beijando o topo da cabeça dela novamente, tentando manter a calma enquanto o mundo ao meu redor parece girar. Eu preciso ser forte por ela agora.

-- Você não teve escolha, não é?-- Tento fazer minha voz soar firme, mesmo com o turbilhão de emoções dentro de mim. -- Você fez o que precisou para sobreviver.-- Minha mente corre com mil perguntas, mas agora não é hora de interrogá-la. O que ela precisa é de conforto, não julgamento.

Eu respiro fundo, tentando não demonstrar o quanto essas palavras me afetam.

-- Você está segura agora... Eu estou aqui. Você não está sozinha.

-- V-Você... Você vai me entregar para a polícia?... Eu não... Eu não quero morrer na cadeia -- Ela diz insegura.

O desespero na voz de S/n me rasga por dentro. Ela está tão frágil, tão vulnerável, e o medo que ela sente é palpável.

-- Ei, olha para mim -- digo suavemente, afastando-me apenas o suficiente para segurar seu rosto entre minhas mãos, forçando-a a me encarar. -- Eu não vou te entregar para ninguém, está bem? Eu nunca faria isso.

Ela ainda está chorando, e eu passo os polegares pelas suas bochechas, limpando as lágrimas.

-- Eu vou proteger você, não importa o que aconteça. Você fez o que precisava para sobreviver... e ninguém vai te tirar isso. Eu prometo.

Seus olhos estão carregados de medo, e a culpa que ela carrega é esmagadora, mas eu não vou deixá-la sozinha nisso. Não importa o que aconteça, eu vou encontrar uma maneira de tirá-la dessa.

-- Q-Quando eu percebi que era você quem estava investigando sobre isso... Eu entrei em desespero, mas eu... Você me cativa tanto que... Eu não calculei o risco... Mas depois comecei a pensar em como você se sentiria quando descobrisse, porque eu sabia que descobriria...-- Ela começa a falar, como se tivesse medo da minha reação diante de suas palavras -- Eu quis te contar por diversas vezes. Mas o medo de você me odiar era maior...

As palavras de S/n me atingem como um soco, cada sílaba carregada de medo e arrependimento. Eu a escuto atentamente, o coração apertado com a dor que vejo em seus olhos. Ela esteve vivendo esse pesadelo sozinha, lutando contra o medo de perder tudo, inclusive a mim.

-- Eu...-- começo, tentando encontrar as palavras certas enquanto ainda mantenho minhas mãos gentilmente em seu rosto. -- Eu não posso fingir que isso não me afeta, S/n. Saber que você estava envolvida em algo assim... é muito para processar-- Minha voz sai baixa, honesta, mas cheia de emoção.

Ela baixa os olhos, como se estivesse esperando o pior, e eu suspiro profundamente, tentando acalmar a confusão dentro de mim.

-- Mas, ao mesmo tempo, eu entendo que você fez o que fez porque estava em perigo. E acredite, eu jamais te odiaria por isso. Jamais.

Levanto seu rosto, forçando-a a olhar para mim novamente.

-- Eu queria que você tivesse me contado antes, mas entendo o porquê de não ter feito. Eu só... quero que saiba que estou aqui agora. Eu não vou te abandonar. Vamos passar por isso juntas.

A culpa e o medo ainda estão estampados no rosto dela, mas tento lhe passar um pouco de confiança, um pouco de esperança, mesmo que a situação seja desesperadora.

-- Nós vamos encontrar uma saída, ok? Eu não vou deixar você enfrentar isso sozinha.

Eu permaneço abraçando-a, como se eu pudesse protege-la de todo o mal.

-- Olha para mim -- Peço e ela me encara, seus olhos refletindo o medo e desespero -- Eu preciso que você dê o seu depoimento...

-- N-Não... Se eu falar... Eles vão querer me prender, Billie... Eu não fiz por mal, eu... Se eu não fizesse ele me mataria...-- Diz desesperada, afastando-se no mesmo instante

S/n se afasta rapidamente, o pânico evidente em seus olhos, como se estivesse à beira de um colapso. Eu sinto meu coração se apertar ao vê-la tão desesperada, tão aterrorizada com a ideia de ser presa. Não era para ser assim. Eu queria ajudá-la, não causar mais medo.

-- Ei, calma -- digo suavemente, levantando as mãos em um gesto de paz. -- Eu sei que você não fez por mal. Eu acredito em você. Mas se você não contar a sua versão, eles só vão ver os fatos como são e... eu não posso proteger você se você não falar a verdade.

Ela balança a cabeça, lágrimas caindo pelo rosto.

-- Você não entende, Billie... Eles não vão se importar com o que eu disser. Eu vou para a cadeia... Eles vão me fazer pagar.

Meu peito aperta com as palavras dela, e por um momento, tudo parece desmoronar. Eu respiro fundo, tentando manter a calma por ela, mesmo que internamente eu também esteja dividida.

-- S/n, escuta... Eu não vou deixar isso acontecer. Vou estar ao seu lado em cada passo. Mas precisamos fazer isso da maneira certa, antes que eles descubram por conta própria.

Ela me encara, os olhos cheios de dúvidas e medo. Sinto como se estivesse caminhando sobre gelo fino, e um movimento errado poderia quebrar tudo.

-- Eu estou com você -- insisto, minha voz firme. -- Nós vamos resolver isso juntas. Não vou deixar você enfrentar isso sozinha.

Silent Obsession (Billie/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora