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S/n havia ido para seu apartamento após o jantar. Eu fiquei assistindo as gravações. Já era de madrugada, e eu estava quase desistindo de encontrar algo, até que vejo uma gravação, onde S/n entra no vestiário feminino. Martin para perto da entrada do vestiário, olha para os dois lados e em seguida entra. Passam-se horas e eles não saem, a academia fecha, um novo dia começa, o dia termina, inicia mais um e simplesmente ninguém sai do banheiro... Eu olho a data de quando ambos desapareceram no vestiário... Nove de fevereiro.

Sinto um frio na barriga ao observar as filmagens. O que deveria ser apenas mais um dia na academia se transforma em um pesadelo quando vejo Martin entrar no vestiário feminino com S/n. A tensão aumenta à medida que as horas passam, e a academia fecha, mas eles não aparecem. A realidade do que pode ter acontecido dentro daquele vestiário se torna palpável e perturbadora.

-- Nove de fevereiro -- murmuro para mim mesma, anotando a data. Sete dias depois que Madalene desapareceu. As coincidências não podem ser ignoradas. Preciso descobrir o que aconteceu naquele vestiário, mas também sinto um impulso de proteger S/n.

A tensão na sala é palpável enquanto assisto as filmagens, cada segundo se arrastando como se o tempo tivesse congelado. A ideia de que S/n e Martin passaram horas dentro daquele vestiário, sem que ninguém soubesse o que estava acontecendo, me angustia. As perguntas fervilham na minha mente, misturando-se com a necessidade de proteger S/n a qualquer custo.

-- Nove de fevereiro -- repito, rabiscando a data em meu caderno, juntamente com as informações que já coletei sobre ambos os casos. A conexão entre Martin e Madalene agora parece mais sinistra, e a presença de S/n nas filmagens se transforma em uma sombra que me persegue.

"Preciso descobrir a verdade," penso, enquanto fecho os olhos por um instante, tentando organizar meus pensamentos. Eu sei que não posso confrontá-la sem mais provas, mas também não posso deixar isso passar em branco. O que mais ela não me contou?

Decido que o melhor caminho é investigar mais a fundo. Vou precisar de acesso aos registros da academia, talvez até ouvir outros funcionários que estavam lá naquele dia. Se S/n estava envolvida de alguma forma, talvez haja mais pessoas que possam lançar luz sobre o que realmente aconteceu.

Levanto-me e começo a buscar a documentação que compilei, preparando-me para o que pode ser uma jornada muito mais sombria do que eu imaginava. Ao mesmo tempo, sinto um peso crescente na consciência - a ideia de que, ao desenterrar a verdade, posso acabar machucando S/n, mas a justiça por Madalene e Martin precisa prevalecer.

Eu olho para o relógio: já é muito tarde, mas isso não importa. O tempo não é um aliado agora. O que preciso é agir rapidamente antes que a verdade se perca no limbo das incertezas. Com isso em mente, eu faço planos de visitar a academia assim que amanhecer, determinada a descobrir o que realmente aconteceu dentro daquele vestiário.

(...)

-- Eu preciso do registro de alunos e de frequência -- Falo para Diego, que havia acabado de abrir a academia

-- Como assim?-- Ele pergunta e eu mostro meu distintivo -- Ah... Claro --
ele responde indo em direção ao balcão.

Diego parece um pouco hesitante, mas sua expressão muda rapidamente para uma de compreensão ao ver meu distintivo. Ele caminha rapidamente até o balcão e começa a procurar os arquivos. O som das folhas sendo folheadas ecoa na quietude da academia, que ainda está despertando para o dia.

-- Qual é exatamente o objetivo disso?-- ele pergunta, lançando um olhar curioso em minha direção.

-- Estou investigando o desaparecimento de Madalene e o assassinato de Martin. Preciso verificar quem estava presente na academia nos dias que cercam esses eventos -- explico, tentando manter um tom profissional.

-- Entendi -- Diego responde, fazendo uma pausa antes de continuar. -- Você acredita que alguém aqui pode estar envolvido?

-- Não estou descartando nenhuma possibilidade -- digo, observando-o procurar os registros. -- Qualquer informação pode ser útil.

Diego finalmente encontra uma pasta e a abre.

-- Aqui estão os registros de frequência das últimas semanas -- diz, passando as páginas até que uma delas chama minha atenção. -- Aqui estão as assinaturas dos alunos, além de quem estava de plantão durante os turnos.

-- Ótimo, obrigada -- respondo, pegando a pasta. Começo a analisar os nomes, procurando por qualquer coisa que pareça fora do normal ou que possa conectar S/n, Martin ou Madalene.

-- Se precisar de mais alguma coisa, me avise -- Diego diz, olhando para mim com um semblante preocupado.

-- Pode deixar --  respondo sem tirar os olhos dos registros.

Enquanto folheio as páginas, uma sensação de urgência começa a se acumular dentro de mim. É essencial encontrar a conexão, não só entre os eventos, mas também entre as pessoas. O nome de Martin aparece na lista de frequências, mas algo me diz que há mais por trás da superfície. S/n também está listada, e uma série de nomes desconhecidos levanta ainda mais perguntas.

-- Qualquer coisa que me ajude a entender o que aconteceu dentro daquele vestiário -- sussurro para mim mesma, focando nas informações à minha frente.

Depois de alguns minutos, percebo que um nome se destaca, um aluno que frequentava a academia há pouco tempo, apenas algumas semanas antes do desaparecimento de Madalene e da morte de Martin. Anoto o nome e uma breve descrição: "Rafael Silva – começou a frequentar a academia na última semana de janeiro."

-- Rafael -- murmuro, sentindo um frio na espinha. O tempo está passando e eu preciso me apressar. A verdade está mais perto do que imagino, e agora tenho um novo alvo para investigar.

Vejo que Madalene os registros dela ficaram em branco no dia dois em diante, S/n tinha os dias em branco do dia dez ao dia quinze... Ela ficou cinco dias sem aparecer. Mas de acordo com a folha de frequência, isso nunca havia acontecido.

Sinto um nó na garganta ao observar as folhas de frequência. As lacunas nos registros não podem ser uma simples coincidência. Madalene teve seus dias em branco a partir do dia 2 de fevereiro, enquanto S/n ficou ausente do dia 10 ao dia 15. Essa linha do tempo está se desenhando de forma preocupante.

-- Isso não é normal -- murmuro para mim mesma, meus pensamentos girando. -- Cinco dias sem aparecer na academia… O que aconteceu nesse intervalo?

Enquanto continuo examinando as folhas, começo a formar um padrão em minha mente. A ausência de S/n coincide com a sequência de eventos que culminou no desaparecimento de Madalene e na morte de Martin. Algo dentro de mim se agita, sugerindo que essas lacunas podem esconder verdades muito mais sombrias.

Decido anotar os dias ausentes de cada uma, criando uma linha do tempo visual. Os dias em que S/n não estava na academia se sobrepõem a um período em que o clima estava tenso, e as coincidências começam a parecer cada vez mais sinistras.

"Se S/n não estava na academia durante esses dias, onde ela estava?" penso, ansiosa. E o que realmente aconteceu com Madalene e Martin?"

Com as anotações em mãos, decido que preciso confrontar S/n sobre sua ausência, mas não quero que ela se sinta acusada. Também é crucial que eu descubra mais sobre Rafael, já que seu nome apareceu na lista de frequência. Há uma chance de que ele tenha alguma conexão com os eventos que cercam os desaparecimentos.

-- Ok, foco -- digo a mim mesma, respirando fundo. -- Primeiro, preciso entender mais sobre a ausência de S/n e, em seguida, investigar mais a fundo sobre Martin

Coloco os registros em uma pasta e me dirijo para o carro, decidida a encontrar S/n antes que mais tempo se passe. A ideia de não saber onde ela estava durante aqueles dias me deixa inquieta. Assim que chego ao prédio onde ela mora, a ansiedade se transforma em determinação. Eu preciso descobrir a verdade, e isso pode começar por S/n.

Silent Obsession (Billie/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora