(...)

Eu estava na sala, Theo estava fazendo o seu tummy time. Ele esta num tapetinho bem a minha frente, tentando alcançar diversos brinquedos que tem a sua frente.

A campainha toca, o que faz Théo automaticamente procurar o som. Eu me levanto, pego o pequenino em meus braços e vou em direção a porta.

-- Mas... O que você está fazendo aqui?!-- Pergunto irritada ao ver a mulher parava na minha porta.

-- Eu vi as notícias, e dei um jeitinho de vir ate aqui -- Minha mãe diz e eu franzi minhas sobrancelhas.

-- Qual o seu interesse nisso? Até onde me lembro você me dizia que era para eu sair da sua casa, sumir da sua vida, e nunca mencionar que sou sua filha. So assim você teria paz -- Digo olhando-a seria

Minha mãe suspira, cruzando os braços de maneira defensiva.

-- As coisas mudam, S/n. Eu mudei. E, pelo que estou vendo, você também.-- Ela olha para Théo, seu rosto se suavizando por um breve momento. -- Eu queria... consertar as coisas entre nós.

Sinto uma mistura de raiva e incredulidade subir pela minha garganta.

-- Consertar as coisas? Depois de anos de abandono e indiferença, você aparece aqui como se nada tivesse acontecido? Como se fosse simples assim?-- Minha voz tremia, mas tentei não aumentar o tom por causa de Théo.

Ela abaixa os olhos por um segundo, evitando meu olhar.

-- Eu sei que errei, S/n. Mas você agora tem uma família, um filho. Eu só queria... fazer parte disso.

O riso amargo escapa dos meus lábios antes que eu possa me controlar.

-- Parte disso? Você nunca quis ser parte da minha vida, e agora, do nada, acha que pode se aproximar como se fosse a avó do ano?

-- Eu quero mudar -- ela insiste, mas as palavras parecem vazias para mim.

-- Bom pra você -- respondo friamente. -- Mas eu não preciso que você mude. Não agora, não depois de todo esse tempo.

Théo se agita em meus braços, e eu dou um passo para trás, pronta para fechar a porta. "Eu não sei o que você esperava ao vir aqui, mas eu não estou interessada."

-- Por favor, S/n, só... só me deixa tentar.

Sinto um peso no peito. Parte de mim quer fechar a porta na cara dela, mas outra parte, a mais vulnerável, não consegue deixar de pensar em como seria se ela realmente quisesse tentar. Mas esse pensamento é perigoso.

-- Você teve diversas chances de tentar, e em todas você me batia, me humilhava, me privava de meus direitos básicos, e sempre tentava se livrar de mim... Agora eu não quero mais que tente porra nenhuma. Eu não tenho mais sete anos Elizabeth, então por favor, saia da porta da minha casa. Agora sou eu quem não quero mais olhar para a sua cara... Minha vida estava em paz antes de você aparecer -- Digo e sinto Théo colocando uma de suas mãozinhas em meu rosto, como se percebesse as emoções transbordando.

-- Tão em paz que você simplesmente matou um homem!-- Ela diz em um tom desaforado

O peso das palavras de Elizabeth cai sobre mim como um soco. Por um segundo, o ar parece se esvair dos meus pulmões. Sinto o corpo de Théo contra o meu, sua mãozinha ainda descansando no meu rosto, como se tentasse me ancorar. Mas as palavras dela ecoam na minha mente.

-- Você não tem ideia do que está falando -- respondo, minha voz saindo mais baixa do que eu pretendia, quase um sussurro carregado de raiva. Tento manter a calma, principalmente por causa de Théo, mas a fúria está crescendo dentro de mim. -- E mesmo que tivesse, você não tem o direito de vir aqui me acusar desse jeito.

Elizabeth cruza os braços, me encarando com aquele olhar superior que sempre me irritou desde a infância.

-- Eu tenho todo o direito. Acha que só porque tem uma família agora, pode apagar o que fez?

Meu coração acelera, e as memórias daquele dia voltam como flashes, mas eu as empurro para longe, me recusando a ceder ao peso da culpa e das dúvidas que já me atormentam.

-- Não venha aqui falar sobre família, Elizabeth. Você não sabe o que isso significa.

Ela faz uma careta de desprezo, mas antes que possa responder, Billie aparece na porta, sua expressão tensa ao ver a cena.

-- O que está acontecendo aqui?

-- Nada amor... Pode pegar Theo?-- Pergunto e Billie concorda, se aproximando para pegar o pequenino. Assim que ela o faz, Théo começa a chorar.

-- Calma, ela já vem pegar você...-- Billie diz para Theo, que chorava de forma sentimental.

Eu olho para Elizabeth, ela tinha seu olhar fixo em Théo.

-- A saida é pelo mesmo lugar onde entrou -- Digo seria, atraindo a atenção de Elizabeth.

Billie olha entre mim e Elizabeth, confusa com a tensão que surge no ar. Théo ainda chora baixinho nos braços de Billie, mas ela tenta confortá-lo, dando leves balanços enquanto me observa com uma expressão que mistura preocupação e incerteza.

Elizabeth levanta uma sobrancelha, mas não se move imediatamente.

-- Você realmente acha que pode me mandar embora assim?-- Sua voz é fria, quase desafiadora, mas eu mantenho meu olhar firme, sem me deixar intimidar.

-- Eu não acho, Elizabeth. Eu sei que posso -- respondo, minha voz sem vacilar. -- Agora, se você realmente se importa comigo e o bem-estar de Théo, não vai querer prolongar essa conversa na frente dele.

Ela hesita por um momento, os olhos escurecendo enquanto considera minhas palavras. Billie parece ainda mais tensa, como se estivesse prestes a intervir, mas permanece em silêncio, respeitando minha decisão.

-- Isso não vai acabar assim, S/n -- Elizabeth diz finalmente, antes de virar as costas e sair, o som de seus saltos ecoando pelo chão.

Assim que a porta se fecha atrás dela, sinto meus ombros relaxarem um pouco, mas a tensão ainda está no ar. Billie se aproxima de mim com Théo ainda nos braços, o pequeno soluçando suavemente enquanto se acalma.

-- Ela vai voltar, não vai?-- Billie pergunta em um sussurro, a preocupação evidente em seus olhos.

Eu suspiro e acaricio a bochecha de Théo, tentando afastar o peso que a presença de Elizabeth sempre traz.

-- Provavelmente. Mas não hoje.

-- Ele esta com sono ja -- Billie comenta e Theo boceja ameaçando chorar novamente, me olhando com um biquinho adorável.

Eu me permito um pequeno sorriso ao olhar para Théo, mesmo em meio a toda tensão. Ele está tão pequeno, tão inocente, e de alguma forma, mesmo sem saber, nos une quando parece que estamos nos afastando.

-- Vem, deixa eu pegar ele -- digo, estendendo meus braços para Théo.

Billie hesita por um segundo, mas então entrega o nosso pequeno com cuidado. Eu o balanço suavemente, e ele encosta a cabecinha em meu ombro, os olhos piscando devagar, quase cedendo ao sono.

-- Eu vou colocá-lo para dormir -- murmuro, sentindo o peso do momento. Billie me observa, e por um segundo, tudo parece suspenso no ar — o que foi dito, o que ainda está por ser resolvido. Mas agora, só há Théo, e ele precisa descansar.

Silent Obsession (Billie/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora