Acordei com a luz do sol invadindo o quarto. Abri os olhos devagar e fixei meu olhar no local a onde eu estava. De imediato não reconheci o quarto e depois me recordei de que estava na casa de Sayra, em algum quarto nessa imensa casa.
Estava dolorida e minha cabeça doía muito. Sentei-me a cama e percebi que estava nua. Meu vestido e a minha roupa intima estavam jogados pelo quarto. Não me recordo muito bem do que aconteceu.
Eu estava sozinha na cama quando acordei e quando levantei com dificuldade pode ver sangue nos lençóis. Fiquei desesperada e acabei lembrando-se da noite de ontem.
Tudo vinha muito rápido na minha cabeça. Parecia um quebra- cabeça e eu tinha que monta-lo passo a passo.
Lembrei-me de ter passado mal e o Gustavo trouxe-me para este quarto. A imagem distorcida dele sobre em mim me deu ânsia de vômito. Ele abusou de mim... Ele tirou a minha virgindade...
Lágrimas escorreram em meu rosto e eu fiquei em pânico. Queria sumir dali.
Coloquei minha roupa, passei as mãos no rosto para limpar as lágrimas, mas foi em vão, pois não conseguia parar de chorar. O garoto a quem eu achava que eu poderia confiar me violentou.
Eu o amava e estava preste a perder minha virgindade com ele, sim, pois sentia algo muito grande pelo Gustavo. Entretanto não queria que fosse assim, dessa forma. Eu não havia permitido. Eu estava... Dopada. Eu não sei, colocaram algo na minha bebida.
Gustavo... Foi ele que fez isso. Ele fez tudo. Como fui tola em acreditar que ele me amava que o mesmo sentia algo por mim. Sinto-me usada e com nojo de mim mesma. A minha ingenuidade ou a minha burrice mesmo me fez chegar a esse ponto.
Peguei os lençóis e os joguei no lixo do banheiro. Depois peguei meus sapatos e consegui encontrar meu celular no criado-mudo. Desci as escadas com dificuldade, ainda estou tonta e com o corpo doendo.
Quando cheguei à sala parecia que havia passado um furacão nela porque estava muito suja e bagunçada. Tinha algumas pessoas dormindo na sala, no sofá e outras no chão. Fui andando de fininho e consegui sair de dentro da casa de Sayra.
Estava sem rumo, não queria voltar para casa nesse estado. Não queria contar o que me aconteceu para ninguém. Sentia vergonha demais. Não poderia ligar para minha melhor amiga Camile, pois ela estava viajando com o noivo. Eu não queria perturbar ela com meus problemas.
Só tinha uma pessoa para quem eu ligaria e me ajudaria na mesma hora. Andei pelas ruas e liguei para o Didô. Demorou pra me atender e com razão. Era 7h da manhã e eu estava o acordando. Eu não parava de chorar. Sentei no banco de uma praça.
Fiz um coque no cabelo e tentei ligar novamente para ele. No terceiro toque ele me atendeu.
-''Analua, minha menina, oque houve? Você me ligando há essa hora aconteceu alguma coisa? '' Perguntou todo preocupado com uma voz rouca de quem acordou agora.
Na mesma hora cai no choro e ele ficou mais preocupado ainda.
-''Analua, me diga a onde você está. Por favor, digaaa Analua. Eu vou a onde você está agora, só me diz. '' Ele fala e eu começo a soluçar.
-''Diz a onde você está minha pequena. Por favor, anjo. '' Disse tentando se manter calmo.
Expliquei a onde eu estava e ele diz que dentro de 20minutos ele estaria aqui e que não era para eu sair do lugar a onde estava. Fiquei esperando ele e antes de 20 minutos ele já estava estacionando o carro em frente à praça.
Ele me avistou e veio correndo em minha direção. Ele estava de calça, blusa preta de manga tênis, boné e com a barba por fazer. Ele simplesmente me abraçou com muita força beijando o topo da minha cabeça. Eu o abracei e chorei mais ainda. Acabei molhando sua camisa de tantas lágrimas que escorria.
-''Oque houve? '' Ele pergunta levantando minha cabeça para que possa me olhar.
-''Me tira daqui... Leva-me para um lugar calmo... Por favor, Didô... p-por favor. '' Digo aos prantos e volto abraça-lo
-''Tudo bem. Venha comigo. '' Ele disse sério e preocupado ao mesmo tempo.
Ele me caminhou até o carro e colocou o cinto de segurança em mim. Limpou minhas lágrimas e deu partida.
-''Coloca o cinto você também. '' Digo entre os soluços.
Ele olha para mim e coloca quando paramos no semáforo que estava fechado.
-''Você tem que me contar o que aconteceu Analua? Diga para mim que eu irei resolver minha menina. '' Disse tocando em mim. Eu me afastei e apoie na janela e fiquei chorando.
Quando cheguei ao lugar que o Didô me trouxe eu o reconheci. Era o nosso cantinho no alto do morro, fiquei feliz por ele me conhecer também. Eu pedi para que trouxesse em um lugar calmo e aqui estou no meu lugar favorito.
Sentei na grama e ele sentou ao meu lado.
-''Obrigada. Você me trouxe para o melhor lugar que eu gostaria de estar. E desculpa pela camisa. '' Digo, gesticulando com a mão a parte molhada da camisa.
-''Isso é o de menos, minha menina. Só diga-me oque houve, por que está chorando? ''
-''Eu não quero falar sobre isso. Agora. Só quero ficar aqui vendo o sol e a beleza do mundo. '' Digo limpando as lágrimas e apoiando minha cabeça no ombro do Didô.
Ele passou as mãos nos meus cabelos e me abraçou. Ficamos sem dizer mais nada, apesar de que, eu saberia que depois eu não iria escapar do interrogatório do Didô.
Eu apenas quis aproveitar aquele ar puro e ficar nos braços da pessoa que, apesar de ter feito várias coisas comigo, ele é o único que me ajuda e me passa confiança que eu tanto preciso nesse momento.
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PÔR DO SOL
RomanceAnalua uma jovem dedicada, amorosa, inteligente e bonita. Estuda em uma escola no bairro nobre do rio, pois se esforçou para entrar, é moradora do morro do macaco, aonde é comandada por Didô, traficante da área, o mesmo tem uma paixão descontrolada...