Capítulo 14

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Analua

Ao ver aquela cena do Didô com a Lorraine, meu sangue ferveu. Como ele pode tratar uma mulher assim, mesmo se tratando da Lorraine. Homem nenhum deve bater em uma mulher ou machuca-la, mesmo ela tendo feito coisas ruins. E pelo oque eu entendi a Lorraine está esperando um filho dele.

-''Que merda você esta querendo fazer Didô?'' Gritei com ele.

-''Não é oque você achar que é. Eu não fiz nada e nem vou fazer nada com essa garota. Ela ta mentindo, querendo me dar o golpe da barriga, você sabe como essa menina é dissimulada. '' Falou chegando perto de mim.

-''Uau que babado. Continua que eu estou adorando. '' Disse Sayra toda maldosa. Só a Sayra para achar graça nisso.

-''Olha Lorraine, se você estiver realmente grávida é melhor você fazer um teste de DNA para provar para esse cabeça dura que é filho dele. '' Digo olhando de lado para o Didô.

Por um lado eu fiquei feliz dessa historia de gravidez. Talvez assim o Didô me esqueça de vez e acaba ficando com a Lorraine.

Lorraine consentiu e desceu o morro. –''Olha Didô, se esse filho for seu mesmo, tenta ser um bom pai.'' Digo olhando em seus olhos e me desviando dele e subindo as escadas.

Quando olho para baixo Sayra está olhando de cima a baixo o Didô. Ele nem percebeu.

-''Meu nome é Sayra. Sou amiga da Analua, estudamos juntas... '' Ela esticou as mãos para cumprimenta-lo, mas ele nem fez questão de cumprimenta-la. –''Vejo que você é marrento, mas não tem problema. Olha pelo pouco que eu conheço da vida, tenho 99,9% de certeza que essa mina não esta grávida de você e nem sequer esperando um filho. '' Disse e depois subiu.

Didô olhou para nos duas, para mim primeiro, e depois para a Sayra. –''Eu sei disso, agora tenta colocar isso na cabeça da sua amiga aí... '' Disse, e depois estava entrando no beco.

Quando cheguei em casa já fui jogando minha mochila no sofá e a Sayra fez o mesmo, e se jogou no meu sofá. Eu fui á cozinha pegar água para ela. Essa confusão só aumentou o meu apetite. Esquentei o almoço e eu e Sayra comemos. Ficamos o almoço todo em silêncio. Depois eu subi para tomar banho e escovei os dentes. Sayra quis tomar um banho e eu ofereci uma roupa minha confortável para ela.

-''Obrigada. Até que a roupa deu direitinho em mim. '' Ela disse se olhando no espelho.

-''Verdade. Agora vamos fazer o trabalho. '' Peguei meu notebook e já fui acessando a internet. Eu estava sentada na cama encostada na parede e a Sayra estava olhando pela janela. A minha janela dava para ver o morro todinho e era muito bonito. Sempre quando chegava à tarde, eu ficava na janela vendo o pôr do sol. Era a coisa mais linda do mundo.

-''Oque você e o Didô têm? Por que ele ficou tão preocupado que você entendesse que aquela menina não estava grávida coisa nenhuma? Ele gosta de você?'' Indagou Sayra me olhando.

-''Eu e o Didô não temos nada e nunca vamos ter. '' Digo ficando um pouco nervosa. –''Dá para você prestar atenção no trabalho e parar de fazer perguntas, Sayra.'' Tentei encerrar o assunto, mas, a Sayra era irredutível.

-''Hmm ficou nervosinha é porque ai tem. Conta-me tudo. A gente vai ter muito tempo para fazer esse trabalho... Por favorzinho. '' Ela pediu fazendo bico.

-''Você é terrível. Vou contar, mas depois vamos fazer o trabalho, viu? '' Contei para ela que eu e Didô tivemos um casinho, mas, nada demais. E que até hoje ele tenta ter algo comigo de novo. Deixei de lado as coisas ruins que ele tentou fazer comigo.

-''Ow ele gosta de tu. Ai amiga ele é um gato, apesar de ser traficante. Se eu fosse tu dava uma chance para ele. '' Disse toda animada.

-''É claro que não. Você não conhece o Didô é por isso que esta falando asneiras. Ele não gosta de mim, ele é obcecado. Sempre falando que eu sou dele como se eu fosse um objeto. É horrível, e agora já estou em outra... '' Puta merda, eu com a minha boca grande de novo em ação. Sempre falo demais.

-''A é? E quem seria essa ''outra pessoa''? '' Perguntou curiosa.

-''Uma pessoa aí...Vamos estudar, você prometeu que se eu contasse sobre o Didô você ira fazer o trabalho.'' Tentei mudar de assunto, mas não resolveu.

-''Se essa outra pessoa for o Gustavo... '' Ela parou de falar e fez uma cara não muito boa. Depois olhou para mim. Será que ela ainda gosta dele? Ai meu Deus, isso não seria nada bom. –'' Deixa para lá, vamos fazer o trabalho. '' Ela mudou de assunto, agora quem ficou curiosa fui eu.

-''Nada de mudar de assunto, agora que começou a falar, pode terminar. '' Digo querendo saber qual era a dela.

-''Não é nada Analua. Espero que vocês deem certo. '' Ela diz olhando para mim. Ainda acho que há mais para ser dito.

-''Você gosta dele, é?'' Digo sendo direta. Ela fica surpresa com a minha resposta e arregala os olhos.

-''É lógico que não, sua boba. Eu e ele somos só amigos. '' Ela diz jogando uma almofada em mim. Ela estava sendo sincera.

Depois do interrogatório todo, fomos fazer o trabalho. Depois de horas, terminamos. Descemos para devorar o bolo de cenoura. Sayra estava adorando o bolo.

Meu pai chegou e eu apresentei Sayra a ele.

-''Pai essa é a Sayra, minha amiga. Ela estuda comigo. '' Ele aperta sua mão cumprimentando-a.

-''Oi, tio Osvaldo. '' Ela disse toda íntima. Meu pai subiu para tomar banho. Sayra ligou para seu motorista vim busca-la, eu até insisti ela para ficar, mas, ela quis ir.

Quando estava indo ela perguntou ao meu pai se eu podia ir à festa dela que ela daria amanhã. –''Por favor, tio Osvaldo, a deixa ir. '' implorou para meu pai deixar e ele acabou cedendo. Ele até me deixou dormir na casa dela e eu fiquei muito feliz.

-''Obrigada Pai, você é o melhor. '' Eu o abracei e a Sayra nos abraçou.

-''Agora tenho duas lindas filhas. '' Rimos e depois de Sayra se despedir do meu pai, desci com Sayra até a saída da favela. Quando o motorista dela chegou, ela me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Conhecer melhor a Sayra, me fez perceber que ela não era aquela patricinha chata como pensei que fosse.

-''Até amanhã, gata'' Disse entrando no carro e mandando beijinhos pela janela. Acenei para ela.

Subi para casa, mas, fui impedida pelo Filipe, amigo do Didô. –''Oque foi Filipe? ''

-''Aí Analua, o Didô ta mó doido, ta ligado? Ele ta bêbado e ta gritando pelo teu nome. Nunca vi ele assim ta ligado? Talvez ele até faça alguma merda. Sobe lá para ajudar ele. Só tu para acalmar a fera. '' Filipe falou preocupado.

Eu tinha que subir, mas, se meu pai descobre estou frita, porém, apesar de tudo o que Didô fez comigo ele não merece ficar desse jeito e nem tentar cometer uma loucura. Subi com o Filipe para casa do Didô. A casa dele continuava linda. Já adentrei a casa dele um tanto preocupada, foi ai que eu vi-o na sala de estar com uma garrafa de uísque na mão e com seu revólver em outra mão. Fiquei com medo, mas chamei pelo teu nome. 

-''Didô...'' Falei baixinho. Ele se virou em minha direção e me encarou.


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