Capítulo 69

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Didô:

Quando sai do hospital não sabia para onde ir, estava completamente sem rumo. Perdi Analua, Sayra e agora estou abandonando a minha filha, sei que se eu cuidar dela não serei um bom pai. Minha vida está uma merda e tudo isso por minha causa, não soube administra-la. Não tenho sangue frio, estou triste pela morte da Sayra, apesar de tudo ela era uma menina legal, um pouco solitária, mas mesmo assim fazia de tudo para ser feliz. Esses últimos meses me aproximei dela e pude conhecer o lado bom dela e confesso que foi ótimo para mim, aprendi tanto com ela. Eu fui um homem e agora estou agindo com uma criança chorona.

Estava dentro do carro em frente à praia e fiquei lá por algumas horas chorando e vendo o sol nascer, várias pessoas caminhava pela orla e tudo parecia normal. Peguei meu celular e tive vontade de ligar para Analua, mas reprimi meu desejo. Não quero saber mais dela, a mesma já disse que não me ama e até beijou aquele filho da puta na minha frente estou com raiva dela e vou fazer de tudo para nunca mais vê-la.

O médico disse que a minha filha nasceu saudável, só que ficara na incubadora por alguns dias, isso me deixou preocupado e aliviado ao mesmo tempo porque eu ao menos sei que ela ficara bem, a Sayra havia prometido que iria trazer ela ao mundo saudável e a mesma cumpriu. Ela era uma mulher articulosa e engraçada às vezes, lembro-me de quando ela veio morar comigo e eu não gostava nem de ir pra casa só por causa dela, no entanto teve um dia que eu fui jantar e ela havia preparado a comida que por sinal estava ótima. Comemos em silêncio e depois ela começou a quebrar o silêncio perguntando como foi meu dia e como eu estava; não gostava de ficar de conversinha com ela, mas quando comecei a falar isso me aliviava um pouco e ela me escutava sempre sem falar nada, apenas me ouvia. Chegava a falar da saudade que eu tinha da Analua e, mesmo ela ficando triste, ela dizia para eu não perder a esperança que eu teria de volta a minha Analua. Ela foi boa comigo e eu não posso reclamar dela já que quem a colocou nessa confusão fui eu. Fui eu que a levei no motel e fui eu que não me preveni usando preservativo e fui eu que agi por impulso porque estava inseguro, mesmo não precisando.

Decido voltar para o hospital e ver a minha Maria Esperança, pois ela não tem culpa de nada do que está acontecendo e a minha menininha perdeu a mãe e precisará de mim. Chego ao hospital e encontro a enfermeira no corredor, peço para a mesma me levar para a onde está a minha filha. Quando chego ao berçário encontro vários bebês e tento de alguma forma reconhecer a minha, a enfermeira por fim me guia para a incubadora a onde estava a minha pequena e realmente ela é tão pequenininha e bonita.

-''Quer segurar ela? '' Perguntou a enfermeira.

-''Eu não sei... Eu posso machuca-la, ela é pequenininha. '' Digo sem jeito.

-''Que nada papaizinho. Senta aqui que eu vou colocar ela em seus braços. '' A enfermeira passou álcool gel nos meus braços e em seguida pegou a bebê. Ela estava acordada quietinha, quando a enfermeira a colocou em meus braços ela resmungou e chorou um pouco. Eu a peguei todo desajeitado e fiquei imóvel com medo de machucar ela.

Eu nem respirava direito, não queria me mexer para não machuca-la porque dizem que bebês assim são fraquinhos e quaisquer coisas possam machuca-los. A enfermeira segurava o riso para não rir de mim, pois creio eu que a cena estava muito engraçada.

-''Nunca segurou um bebê, senhor? ''

-''Já, mas não era tão pequeno e mole assim. ''

-''Entendi, ela acabou de mamar, então não mexa ela senão vai golfar em você. '' Ela me alerta.

-''Aqui tem leite materno sobrando? '' Indaguei curioso.

-''Sim, tem pouco, mas temos. '' Ela diz

PÔR DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora