Capítulo 51

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Desde quando cheguei nenhum médico veio dar alguma noticia para a gente, estava agoniada. Algo de errado acontecia e eu precisava ver meu pai, meu peito dava umas pontadas cada vez mais fortes. Eu devia ter ficado em casa com ele, talvez eu pudesse ter ajudado mais rápido, eu não sei, só sei que queria ver meu pai. Levanto-me e fico andando de um lado para o outro a sala. Estava com vontade de vomitar e com fome ao mesmo tempo, já era quase 2h da manhã e até agora Didô não me ligou e sequer me enviou uma mensagem. Espero que ele tenha visto a minha mensagem, mas se ele tivesse visto já estaria aqui comigo me abraçando. Talvez com ele aqui estivesse mais calma, o mesmo me acalma sempre quando estou nervosa ou preocupada e agora eu preciso muito dele. Apoio-me na parede e vejo a porta se abrindo e logo está o médico na minha frente.

-''Quem são os parentes de Osvaldo Guimarães Oliveira? '' Quando ele fala dou um passo a frente e ele me encara. O médico aparentava está na faixa de uns trinta anos ou mais, tinha cabelos grisalhos, pele negra e seus olhos eram verdes.

-''Eu sou a filha dele Doutor... Diz-me como está meu pai, por favor, me fala... '' Ele me olhou por alguns segundos e desviou o olhar tirando os óculos e voltando a me encarar. –''Diz... '' Minha voz saiu fraca e baixa. Todos estavam atrás de mim esperando por noticias.

-''Por favor, doutor conta pra gente. '' Tia drica disse ficando ao meu lado e pegando em minha mão.

-''Eu sinto muito, o seu pai não aguentou. Ele sofria de arritmia cardíaca e por não ter cuidado desde o inicio acabou falecendo... Eu fiz de tudo para ajuda-lo, mas não foi o suficiente. '' Quando o médico terminou meu chão se abriu, minha cabeça rodava e eu precisava ver meu pai... Meu paizinho... Não, não ele não pode ter morrido... Não.

-''Meu pai... Não... '' Tia drica estava chorando muito Camile a segurou e Gustavo pegou em minhas mãos tentando me acalmar. Corri para o corredor gritando o nome do meu pai, todos ali me olhava e tudo rodava. Entrei numa sala e avistei um corpo coberto, e havia alguns enfermeiros.

Não me importei com nada, tirei o lençol do rosto da pessoa e avistei meu pai. As lágrimas caíam e molhava seu rosto, abracei o corpo dele e gritava. –''ACORDAAA PAAAI, POR FAVOR, NÃO ME DEIXA... NÃO VAI PAIZINHO, NÃO VAI... PERDOE-ME PAI... EU TE AMO... '' Sinto alguém por as mãos em meus braços me tirando de perto do meu pai. –''ME LARGAAA, ME DEIXA FICAR COM ELE. PAAAAAI FICA COMIGO... PAIZINHO... VOLTA. '' Gustavo me tira da sala me abraçando, tento me livrar de seu abraço, mas é inevitável. Não tinha mais força, eu só queria ficar com meu pai. Sento no chão e ele passa a mão em minha face.

-''Seu pai está num lugar melhor agora... Ele está com Deus, Analua. '' Ele diz chorando. Coloco as mãos no rosto e choro até soluçar.

-''Meu pai... Gustavo, meu pai se foi... Meu paizinho... '' Meu lábio tremia e pôs as mãos na boca, estava toda catarrenta. O enfermeiro veio me ajuda a se levantar e perguntou se eu precisava de um calmante. Gustavo pediu que ele trouxesse e eu tentei negar, mas ninguém mais me ouvia. Estava tonta e sem forças pra conversar.

Minha amiga me abraçava e tentava me acalmar mais eu não conseguia, todos falavam palavras de conforto e nenhumas funcionaram. Eu queria sumir. Estava com tanta raiva de mim, de todos e de Deus, sei que é errado, mas por que ele tinha que levar meu pai... Por quê? Já não basta ter levado a minha mãe e agora leva meu pai. Uma parte de mim morreu junto com meu pai... Eu queria gritar, mas nada saia. As pessoas me abraçavam e diziam algo e eu sequer ouvia, só reparava nas suas bocas mexendo. Não conseguia ouvir e nem falar, tudo estava em câmara lenta pra mim.

Gustavo se afastou de mim e disse algo que não consegui ouvir, fiquei com Camile e logo o enfermeiro trouxe o remédio solicitado por Gustavo, sem pensar duas vezes minha amiga me fez tomar o remédio e também pediu pra sua mãe, pois a mesma estava abalada com a notícia. Depois de tomar o remédio eu fiquei mais dopada do que já estava, só sentia as lágrimas caindo e molhando todo o vestido.

Gustavo apareceu e disse algo para a Camile e a mesma o seguiu, me deixando com Murilo e a tia Drica. Abracei tia Drica e fiquei chorando em seu colo, mesmo ela estando abalada também ela me confortou de certa forma.

-''Vou te levar pra casa Analua... Eu vou cuidar de você. '' Gustavo disse me levantando e me segurando pra não cair.

Não consigo falar nada, apenas caminho com dificuldade pra saída e vejo os olhares sobre mim. Gustavo me coloca no banco e põe o cinto em mim, ele me olha e depois conversa algo com Camile do lado de fora e em seguida adentra o carro. Ele dá partida e Camile, Murilo e tia drica está logo atrás da gente no outro carro. Apoio à cabeça no vidro da janela e fico chorando, o remédio me deixou dopada e as minhas pálpebras vão fechando devagar, mesmo não querendo dormir. Por fim, apago de uma vez só.



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