Capítulo 56

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Hoje seria a minha primeira consulta e Didô estava muito ansioso, o mesmo acordou cinco horas da manhã e ficava olhando em cinco e cinco minutos o relógio. Sorria e brigava com ele quando fazia isso, e por fim deu a hora de se levantarmos. A consulta está marcada pra oito horas, e Didô me fez levantar as seis. Tomamos um banho rápido e, eu coloquei uma calça jeans escura e uma blusa ciganinha azul escura estampada com flor. Didô colocou uma calça jeans escura também, blusa social azul escura e sapa-tênis, e o mesmo estava lindo. Seu sorriso estava de orelha a orelha e com um brilho que ofuscava até o sol, ele estava feliz demais, parecia uma criança.

-''Está pronta, amor? ''Perguntou.

-''Estou quase, só falta pentear os cabelos. ''Digo e ele suspira fundo.

-''Amor, vamos logo senão vamos chegar atrasados. '' Ele me apressa andando de um lado para o outro.

-''Olha só não me apressa porque ainda é cedo... '' Olho para o relógio de pulso. -''Ainda são seis e meia, pelo amor de Deus. '' Digo nervosa e ele arruma a cama. -''Isso mesmo faça algo de útil. '' Ele me encara e depois abre um sorriso de lado. Aquele sorriso que tanto amo.

Ele arruma a cama e fica parado na porta. -''Vou descer e te esperar lá embaixo, não demora, entendeu? '' Fala saindo do quarto.

Penteio os cabelos e deixara-os solto, faço uma maquiagem leve e passo um batom cor rosa claro, encaro o espelho me olhando, sorri ao passar a mão na minha barriga. -''Hoje vamos saber se você está bem, meu amor... '' Continuo a me olhar e escuto os gritos de Didô soar pela sala. Reviro os olhos e calço uma sapatilha preta, pego a bolsa de lado e ponho meu celular e documentos.

Desço, e encontro Didô andando para um lado e para o outro, o mesmo estava muito preocupado e ansioso, na verdade, era uma mistura de sentimento ao mesmo tempo.

-''Agora podemos ir, coisa chata. '' Digo e ele me fuzila.

-''Estamos atrasados, vamos logo. '' Ele diz me puxando pelas mãos. Gargalho de sua pressa e saímos, fecho a porta e vou até o carro, logo Didô da partida indo o mais rápido possível.

-''Não precisa correr Didô... '' Digo o encarando.

-''Relaxa, amor... '' Ele diz com um sorrisinho de lado.

Não demorou menos de trinta minutos para chegarmos a tal clinica, e a mesma se localizava em uma área nobre e todo o prédio era lindo. Didô puxou a porta abrindo espaço para adentrar, e logo o mesmo me puxava até a recepcionista que era muito bonita, ela era uma loira dos olhos azuis.

-''Bom dia, em que posso ajudar? '' Ela diz toda formal me dando uma breve olhada e em seguida olha para Didô toda assanhada. Ah descarada! Didô é irresistível, ainda mais quando camisa social, mas, não gosto nenhum um pouco de mulheres olhando para ele, tantos homens no mundo e as vacas ficam olhando para os namorados dos outros.

-''Temos uma consulta marcada para as oito. Está no nome de Paulo Medeiros Mello. '' Didô diz ainda segurando em minhas mãos, a recepcionista nos olhou e depois digitou alguma coisa no computador balançando a cabeça.

-''Senhor Paulo, já pode entrar. Doutor o aguarda. '' Ela diz olhando para Didô colocando as mãos nos botões de sua camisa branca. Reviro os olhos e suspiro.

Fomos até o elevador e em seguida caminhamos até a sala. Didô bateu e logo ela foi aberta mostrando a visão de um homem de cabelos brancos e olhos azuis, seu semblante era de uma pessoa alegre. Seu sorriso se intensificou ao ver Didô e o mesmo abriu um sorriso.

-''Paulinho, meu afilhado, quanto tempo. '' Dizia o homem dos cabelos brancos.

-''Pois é, estava com saudades padrinho. '' Ele diz abraçando o doutor.

-''Meu menino se tornou um grande homem. Entrem, hm... Essa é a sua namorada? '' Ele pergunta me olhando de cima a baixo. Didô consentiu e eu fico vermelha. -''Prazer, sou o Doutor Fábio, mas pode me chamar de Fábio. É um prazer lhe conhecer. '' Ele diz todo simpático estendendo a mão para mim.

-''Obrigada, o prazer é todo meu. Meu nome é Analua. '' Digo com a voz baixa e tímida.

-''Essa é a minha menina, padrinho. '' Didô diz me abraçando de lado. Olho para ele e vejo seus olhos brilharem.

-''Eu sei que vocês não vieram para me visitar e sim para uma consulta. '' O doutor gesticula para sentarmos nas cadeiras em frente a sua mesa. A sua sala era toda branca e espaçosa. -''Então vocês dois estão esperando um bebê? Seus pais ficaram muito felizes ao saber disso, meu afilhado. Creio que eles soltaram fogos ao saber. '' O doutor diz rindo e Didô gargalha.

-''Não tenha duvidas disso, padrinho. Você como ninguém sabe que eles são exagerados. '' Didô diz e eu fico olhando para os dois.

Nunca que poderia imaginar que Didô seria afilhado de um médico, logo sabia que Didô era diferente de quaisquer outros traficantes que já comandaram a rocinha, mas, ser afilhado de um médico é novo pra mim.

-''Então, vamos ver esse bebezinho, estar pronta Analua? '' Aceno e ele se levanta e assim também faço. Caminhamos para outra sala, a onde estava uma cama e os aparelhos da ultrassonografia. Ele pediu para deitar-me e Didô me ajudou, o mesmo estava ao meu lado segurando minhas mãos.

O doutor Fábio, colocou um gel gélido em minha barriga e logo passou o aparelho por toda extensão da mesma, nunca estivera tão ansiosa como estou hoje e eu não tirava o olho daquela pequena tela, olhei para o Didô e o mesmo estava vidrado. Sorri e voltei a encarar, até que vim um pontinho um pouco grande. Minha respiração acelerou e Didô apertou minha mão com tamanha força.

-''Estão vendo? Esse é o bebê de vocês, meu futuro netinho. '' Ele diz todo animado. -''É um meninão, e está muito bem de saúde. Está vendo isso aqui... '' O doutor diz apontando um pontinho. ''É o biluzinho dele, parabéns. '' Ele diz animado olhando para nós dois. Senti as lágrimas escorrer pela minha face e logo não consegui controlar as mesmas, quando olhei para o Didô o mesmo estava chorando. Beijei-o e ele retribuiu com um beijo molhado e intenso.

-''É um menino, amor... Um menino... '' Ele dizia todo feliz, limpei suas lágrimas e tentava controlar as minhas.

-''Sim, meu amor. É o nosso menino. ''

Choramos mais ainda ao ouvir os batimentos cardíacos do nosso bebê. O doutor tirou o gel da minha barriga e nos guiou para a primeira sala de antes.

-''Sente-se. '' Ele diz, e logo sentamos. -''Apesar de o bebê estar bem, agora mais do que nunca você precisa cuidar de sua saúde Analua e dá o seu melhor. Você já está de quatro meses, logo fará cinco em breve. '' Engulo em seco e arqueio as sobrancelhas.

-''Isso tudo, puta que pariu daqui a pouco nosso filho nasce amor. '' Didô fala tocando em minha barriga. O encaro assustada e aceno.

-''Quando vai dar a noticia para a seus pais, filho? '' Perguntou Fábio contente.

-''Logo. '' Didô disse.

O doutor me passou algumas receitas de vitaminas para eu tomar e se despedimos. Saímos da clinica e adentramos o carro, pus o cinto e fiquei pensando. ''Não pode ser... '' Pensei comigo mesma.

-''Um menino... Caralho, já estou até imaginando o meu molequinho. Vou ensinar ele a soltar pipa, jogar bola, pegar mulher tá ligada, amor? '' Estava perdida em meus pensamentos e Didô me cutuca. -''Está me ouvindo? Oque houve? Por que está séria? Não ficou feliz em saber que vai ser um menino? '' Ele fez várias perguntas de uma vez só e me deixou mais confusa ainda.

-''É claro que estou... Só... Enfim, vamos pra casa estou enjoada e com fome. '' Digo e ele beija meu rosto. Ele deu partida no carro e seguimos para a favela.

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Demorei pra postar, pois essa semana foi corrida para mim. Espero que entenda, logo sai o próximo.

Beijos, Lara. :)


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