Capítulo 35

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Fiquei uma semana sem ir à escola, e nem quero ir e também sem conversar com o meu pai, nem sequer trocamos um ''bom dia, boa tarde ou boa noite'' Ele estava magoado comigo, mas eu não podia dar o braço a torcer. Sei que errei em deixa-lo preocupado e ter gritado com ele na frente do Didô, mas ele também não colaborou. Moro em baixo de seu teto, ele me alimenta e é pai e mãe pra mim, no entanto, ele quer controlar minha vida como se eu fosse um fantoche e eu não posso aceitar isso. Se for pra eu aprender alguma coisa na vida tenho que errar, mesmo não querendo. A vida é assim; errando e aprendendo.

Nessa semana recebi ligações de numero desconhecido, ou melhor, do Gustavo. Recusei todas. Nem por um milhão eu aceitaria ouvir a voz desse infeliz de novo. Não me encontrei com Didô essa semana só pra não dá motivo para novas brigas com meu pai, apesar de que Didô insistiu muito pra se encontrar comigo pelo menos na frente da minha casa.

Hoje eu iria visitar minha amiga Camile estava morrendo de saudade da minha nega. Levantei da cama era 8h, fui tomar banho, depois coloquei um short jeans com barra dobrada e uma regata soltinha. Penteei os cabelos e resolvi fazer um rabo de cavalo meio desajeitado mesmo. Passei perfume e desci para tomar café. Hoje era sábado e estava um calor infernal.

Quando desci meu pai estava sentado tomando café e lendo seu jornal. Sentei e ele nem sequer me olhou, comi um pão e tomei leite com toddy. Eu devorei o pão em segundos, ultimamente ando com muito apetite.

Meu pai me encarou me analisando e eu olhei para o mesmo e depois virei o rosto.

-''Come devagar senão vai se engasgar. '' Ele diz severo. Mesmo ele estando bravo já é uma vitória estar falando comigo, isso demonstra que o mesmo não está tão chateado comigo.

-''Desculpa. Tô com muita fome. '' Digo de boca cheia. Ele odeia que eu fale de boca cheia, mas eu acabei esquecendo-se desse detalhe.

-''Vai sair hoje?'' indagou curioso.

-''Eu posso ir à casa da Camile?'' Pergunto

-''É só pra ir na casa da Camile mesmo?''

-''É claro pai. '' Digo sem olha-lo

-''Posso te fazer uma pergunta? '' Indagou colocando o jornal na mesa e cruza os braços.

-''Sim. '' Respondo pegando uma maça.

-''Vou ser direto. Você ainda é virgem Analua? '' Ele pergunta e eu quase engasgo. Não acredito que meu pai está perguntando isso pra mim, alias nunca tivemos uma conversa desse jeito. Quando me tornei uma mocinha ele me deu alguns conselhos e disse para não deixar nenhum menino brincar de ficar pegando em meu corpo. Eu entendi perfeitamente o que ele quis dizer. Na escola sempre dava aulas sobre sexo, e eu aprendi sozinha algumas coisas. Não podia mentir para o meu pai sobre isso, mas não iria falar sobre o abuso que sofri. Eu nunca vou falar para ele sobre isso.

-''Pai... Por que dessa pergunta? '' Digo olhando para a mesa.

-''Só responda Analua. ''

-''Tá bom... Então... Bom e-eu não sou mais pai. '' Digo sem jeito e ele não fala nada. Olho de relance para o mesmo e vejo uma expressão impassível. Novamente desapontei meu pai. Não queria falar mais nada, apenas continuei a comer a maça e fiquei em silêncio esperando sua reação. Depois de alguns minutos em silêncio meu pai fala.

-''Tudo bem. '' Ele diz se levantando. Essa não era a resposta que eu esperava, no entanto foi a que eu recebi. –''Você pode ir á casa da Camile e não demore. '' Ele diz subindo. Fiquei olhando para a cozinha sem entender o que houve aqui, sei que ele está decepcionado e magoado e, por isso esperavam alguns gritos.

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