Dois dias se passaram e mesmo assim continuo desolada, sem chão e com o coração partido. Eu não quis ir ao enterro da Sayra, e o corpo do Didô foi levado para família, os mesmos irão enterrar o filho no estado aonde mora. Não me despedi dele e nem dela porque senão iria ficar mais triste do que estou agora, tenho que ficar calma e tranquila para o meu filho, pois daqui alguns dias ele pode nascer. Os papeis da adoção já chegaram para gente e a mãe da Sayra assinou sem ler o documento, agora por lei Maria Esperança é minha filha e do Otávio, fiquei um pouco receosa por Otávio ter registrado ela como filha porque não sei se ele está fazendo isso por livre arbítrio, mas de qualquer forma ele está todo bobo com a Maria e começou comprar várias roupinhas para ela, prevejo que ela será muito mimada. Maria saiu do hospital ontem, os médicos disseram que ela está com saúde muito boa e que ela até ganhou peso e que não era necessário que ela ficasse na incubadora. Agora ela está aqui nos meus braços dormindo com um anjo sem nenhuma preocupação, é tão pequena mais tão guerreira.
Hoje iremos ir embora do Rio, Tavinho não para de ligar dizendo que está com saudades e que quer me ver logo, ainda não contamos a novidade para ele, mas sei que ele vai adorar ter uma irmãzinha. Benjamin não para de se mexer, espero que ele aguente até chegarmos a são Paulo para nascer.
Minhas malas estavam prontas e a tia Drica e Camile veio mais cedo se despedi de mim e trouxeram até presente para o Ben, vou sentir muitas saudades delas, mas agora irei seguir com a minha vida e tudo oque me prendia aqui morreu nada mais me restou. Agora tenho três crianças para eu cuidar, amar e educar tem que pensar um pouco neles e em mim, tudo oque me faz mal eu preciso deixar de lado e seguir em frente.
Levanto-me e coloco Maria no bebê conforto, ela ainda estava dormindo. Ela só come e dorme o dia todo, é uma fofa. Aproveito que a empregada estava na sala e peço para que ela vigie a Maria enquanto eu iria ao quarto buscar a bolsa do Ben. Subo e encontro o quarto arrumado e as malas já havia descido oque faltava era a bolsa do Ben que estava no armário; peguei-a, fui ao banheiro depois voltei para o quarto e peguei o meu celular que tocava no criado-mudo. Olhei para a tela e vi o nome do Gustavo; meu corpo todo gelou, por que ele está me ligando? Será que descobriu algo? Meu coração se acelerou e eu tive que me sentar na cama, pois já estava sem equilíbrio. Suspirei fundo e atendi.
-''Oi Analua... '' Ele diz com uma voz grave e firme.
-''Oi. ''
-''Você iria me esconder até quando? '' Arregalo os olhos e prendo a respiração.
-''Esconder oque? ''
-''Essa criança que você carrega é minha, eu sei de tudo, vai negar? ''
-''Essa criança... ''
-''É minha, por que me escondeu? Se você tivesse dito eu teria ficado, a gente iria construir uma família juntos... Eu lhe daria todo o meu amor... Por que você tirou isso de mim? '' Ele diz e eu engulo em seco.
-''Quem te contou? '' Indaguei.
-''Ontem eu olhei o meu email e encontrei um email da Sayra há alguns meses atrás e ela me disse que você esperava um filho MEU e não do traficante de quinta. '' Esbravejou. Não sabia oque dizer, Sayra deve ter dito na época que eu saí da favela, mas não estou com raiva dela. Eu não quero que meu filho tenha Gustavo como pai, ele me fez muito mal e o mesmo não é um bom exemplo como pai, ele não passa de um garoto irresponsável, mimado e infantil. Eu quero que ele fique bem longe de mim e do meu filho, agora vou seguir a minha vida e ele tem que ficar bem longe. Respiro fundo e tento me acalmar.
-''Eu... Perdi o bebê... '' Minto. Passo a mão na minha barriga e me arrependo de ter dito isso, mas só assim conseguiria afastar de uma vez Gustavo. Ele ficou mudo do outro lado da linha e só ouvia sua respiração pesada. –''Tenho que ir... Sinto muito. '' Digo.
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PÔR DO SOL
Lãng mạnAnalua uma jovem dedicada, amorosa, inteligente e bonita. Estuda em uma escola no bairro nobre do rio, pois se esforçou para entrar, é moradora do morro do macaco, aonde é comandada por Didô, traficante da área, o mesmo tem uma paixão descontrolada...