PÔR DO SOL

Capítulo 63

Didô.

Estava ficando doido sem noticia da Analua. Oque essa menina tem na cabeça de me abandonar assim? Porra, ela é imprevisível. KL veio me avisar na hora que ela saiu da favela e o mesmo parecia estar triste com a partida dela. Não gostei nenhum pouco do comportamento dele. Talarico aqui na favela não tem vez, se eu souber de algo dele com a minha menina eu meto bala nele.

Estava eu no escritório da boca resolvendo umas paradas que andam me dando muito problemas, houve um desentendimento com os traficantes da facção rival e logo eles estão me ameaçando a tomar a minha favela. Não tenho medo desses merdinhas, só não quero que eles invadam o morro senão vai ter muita morte de inocente e tudo oque eu menos quero é barulho na minha favela, até porque isso irá chamar atenção dos homens e logo a favela toda ficara cheias de policias sacanas.

Pego no meu telefone e vejo se tem alguma mensagem ou ligação da Analua e não tem absolutamente nada, há não ser mensagem da Sayra perguntando quando vou pra casa. Essa Sayra não larga do meu pé desde quando veio pra favela. Novamente meu telefone toca e eu ignoro, estava fazendo as contabilidades do mês e faturamos mais do que qualquer outro mês. Esses usuários de droga estão a todo vapor, olho o caderno dos caras que compra fiado e vejo que tem uma galera que falta para pagar. Não gosto de vender fiado, mas Filipe acaba vendendo e o mesmo garante que esses noiados iram pagar.

-''E ai chefia... '' Disse Filipe tirando a minha concentração.

-''Alguma novidade? '' Digo sem tirar o olho do caderno. Ele se senta na minha frente e sinto o cheiro de cigarro que ele fumava.

-''Talvez... Rondei a casa da Camile e descobri através do marica do namorado dela que Analua entrou em contato com a Camile. '' O encarei me encostando por completo na cadeira e abri um sorriso. Minha menina entrou em contato oque já é um bom sinal. Preciso saber dela, preciso ter ela de volta pra mim... Eu preciso da Analua mais do que nunca, oque sinto por ela é amor e não uma paixãozinho. Fiz merda e preciso pedir perdão a ela. Ela é minha e vai ser sempre minha assim como eu vou ser sempre dela.

-''E ai? Oque ela disse? A onde está? '' Indaguei curioso.

-''Não sei direito oque conversaram, mas soube que está em São Paulo na casa de uma prima... ''

Eu não sabia que Analua tinha parente vivo, achava que a mesma só tinha o pai e agora sou surpreendido com essa informação. Levanto-me e me encosto-me à parede e fico pensativo. Se eu soubesse o endereço de onde está eu iria busca-la mesmo que ela não venha, a primeira coisa que eu faria seria beija-la e implorar para que a mesma me perdoe.

-''Oque que tu tá pensando patrão? '' Indagou curioso.

-''Tô pensando em muitas coisas... Ai Filipe tu tem que dá um jeito nas pessoas que tá devendo a boca. A divida tá grande e não pode ficar assim, tá ligado? '' Dei uma bronca nele e o mesmo balançava a cabeça concordando.

-''Tô ligado... Vou começar a cobrar, mas qualquer coisa é bala neles. '' Disse se levantando e apertando a minha mão.

-''É o certo. '' Digo abraçando-o. Filipe era meu parceiro e sempre foi fiel a mim.

-''Se eu souber de mais noticia da Analua, eu te aviso, demoro? '' Consinto e ele sai.

Volto a olhar aquelas contas e tenho vontade de jogar tudo para o alto. Pego no telefone e vou até a galeria e a mesma tem milhares de fotos da Analua e minha. A que eu mais gosto é uma nossa no alto do morro, no nosso ''cantinho'', na foto Analua estava distraída e sorria para o pôr do sol, e logo eu a olhava admirado por tê-la ao meu lado.