Capítulo 68

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Didô:

A volta da Analua me deixou um pouco mais aliviado, mesmo que ela não me perdoe ela vai criar a minha filha caso Sayra não aguente na operação, mas é difícil que ela sobreviva os médicos me alertaram que a morte dela é certa, se ela sobreviver é por Deus mesmo. Esses cinco meses foram difíceis pra caralho, sem ter noticia da Analua e aguentar essa barra com Sayra e tentar dar todo o apoio à mesma. Depois da noite que eu tive com a Sayra eu nunca mais encostei um dedo nela, alias, mal ficava em casa por causa dela e quando ela teve quase um aborto descobrimos o tumor cerebral e foi ai que eu comecei a dá mais atenção a ela.

Não posso criar a minha filha sendo um traficante, meus pais não sabem dessa criança e não saberão dela até porque se soubesse já teria feito de tudo para levar Sayra e minha filha de perto de mim. Eles são bons pais, mas às vezes me sufoca com esses jeitos protetores e mandões. Os pais da Sayra não quer saber dela e nem da criança que carrega, da ultima vez que ela tentou ligar para eles pra falar sobre o tumor os mesmos nem fizeram questão de atender. Senti dó dela, é triste ser rejeitada pelos próprios pais, até pensei ir lá ameaça-los, mas ela preferiu deixar isso pra lá.

Conversei com o namorado da Analua e o cara me pareceu ser gente boa, apesar de que é todo mauricinho igual o filho da puta do Gustavo. Quando disse a ele do meu antigo relacionamento com Analua, ele ficou surpreso e não gostou muito em saber disso, logo soube que Analua não havia dito nada sobre a gente para ele. Depois de deixa-los na casa de Camile fui para a boca; e havia uma aglomeração de pessoas em frente. O morro estava em guerra e todos queriam participar disso como se fosse algo bom. Tentei fazer o máximo para não entra em briga com a facção rival da rocinha, não por medo e sim por não querer que minha favela seja alvo da mídia, se explode uma guerra no morro do macaco vai dar gente pra caralho comentando e vai trazer policiais para cá estragando o meu movimento.

-''E ai patrão, chegaram noticia pra nós ai. '' Disse Filipe como uma cara nada boa; assinto. Coloquei informantes dentro da rocinha só pra vigiar o movimento do traficante do morro.

Adentro o escritório da boca e reconheço um dos informantes e o mesmo estava com uma expressão de pânico, logo atrás veio Filipe e KL os dois estavam com um semblante de preocupação. Já sabia que iria vim chumbo.

-''Qual foi? Tu não devia tá na rocinha como mandei, Pedro?''

-''Deu merda patrão. Mataram a minha mulher, tô só a neurose. Sai de lá a mil e nem pude pegar as minhas coisas. Na moral eles são muitos filhos da puta, caralho a minha mulher estava grávida patrão... Porra eles arrancaram a cabeça nela. '' Pedro chorava na minha frente e a minha vontade era de meter bala nos filhos da puta dos traficantes da rocinha.

-''Sinto muito parceiro, mas relaxa tu vai vingar tua mulher e teu filho. Agora é guerra porra, convoca geral e manda os pivetes fica de olho em todas as entradas do morro, demoro KL? '' KL me olhava estranho e sua cara estava fechada. –''Tá me ouvindo KL? ''

-''Acho que não é uma boa ideia enfrentar eles agora patrão. Fiquei sabendo que eles estão com armamento pesadão e a gente não tem metade do que eles têm. '' Disse KL e Filipe consentiu.

-''É verdade Didô, acho que não é uma boa ideia. Os moleques da rocinha estão de bicho, matando geral. '' Disse Filipe.

-''Tão com medo porra? Qual é a tua, Filipe? Pensei que você era guerreiro, mas vejo que é um cagão da porra. '' Estava estressado com as coisas que eu estava enfrentando e agora tenho que ir pra guerra pra colocar esses filhos da puta no lugar deles.

-''Não sou cagão porra, mas olha pra gente a maioria dos moleques são crianças que mal sabe atirar e vai morrer facinho porra. '' Esbravejou. Ele estava certo, porém agora é tarde. Tenho que matar o TH do mesmo jeito que ele matou alemão meu grande amigo.

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