Capítulo 28

107 1 6
                                    

Até mesmo o porão, que era sua área, estava aceso agora. Todos estes pequenos tesouros, sua cesta de costura, uma fotografia de Belle em uma moldura de tartaruga, a escova de cabelo prateada atrás que Annie havia lhe dado no Natal, um gato de porcelana e umas coisinhas e peças que ela juntou durante anos, e que faziam de seu quaro seu lar, tinha sido queimado.

Mog supunha que a maioria das pessoas pensavam que é uma vergonha trabalhar como empregada em um bordel, mas ela nunca teve - na verdade tinha orgulho em mantê-lo limpo e confortável. Annie e as garotas eram como sua família, o
bordel tinha se tornado sua vida, e agora tinha desaparecido.

- Sim, tudo se foi. - Mog lutou para não desabar. - Mas vamos ficar felizes que ninguém morreu lá. Alguém estava tentando matar todas nós.
Garth veio e colocou um cobertor nos ombros de Mog quando ela estava ajoelhada ao lado de Annie.

- O melhor para vocês duas é vir comigo - ele disse rouco.

Mog olhou para cima, para o grande e barbudo homem ruivo com surpresa. Ela sempre tinha ouvido falar que ele era duro e de espírito mesquinho.

- Isso é tão gentil, senhor Franklin - ela respondeu. - Mas você fez mais que o suficiente por nós esta noite. Não podemos nos impor a você. Iremos para um hotel.

- Vocês não farão isso - ele falou com firmeza. - Alguém tentou matar vocês esta noite, e não é difícil adivinhar quem pode ser. Vocês precisam de uma lugar seguro, e estarão seguras comigo.

As pessoas foram indo embora, pois os bombeiros tinham o fogo sob controle e estava muito frio para ficar parado. Mog olhou e viu que todas as outras garotas tinham ido embora - ela supôs que os vizinhos tinham amavelmente lhes oferecido uma cama por uma noite. Mas ela achou que elas podiam ter vindo e perguntado como ela e Annie estavam.

- Venham, vocês procurarão a morte aqui fora - Garth disse impacientemente, e pegando Annie em seus braços como se ela não pesasse mais que uma pequena
criança, ele começou a andar em direção do Ram's Head.

- Venha, senhorita Davis. - Jimmy sorriu para Mog, colocando sua caixa de dinheiro no chão e segurando o casaco de pele de Annie para ela colocar os braços dentro. - Para casa com a gente? Seus pés devem estar congelados! - Ele pegou a caixa de dinheiro novamente e ofereceu seu braço a ela. Mog ficou feliz de pegá-lo, pois depois do choque e dos esforços feitos naquela noite era bom poder deixar as decisões para outra pessoa, mesmo que fosse apenas um jovenzinho.

Três dias depois do fogo, Mog estava parada ao lado de Annie em desespero. Ela tinha com firmeza se recusado a tomar banho, então ainda cheirava a fumaça e seu cabelo ainda continha rabos de ratos nos ombros de sua camisola suja. Exceto levantar para usar o penico de vez em quando, ela não tinha deixado a cama desde a noite em que Garth a colocou lá.

- Estou arruinada - ela soluçou. - O que vai ser de mim?

Mog automaticamente colocou uma mão, em apoio, no ombro de sua amiga, mas ela estava achando difícil sentir muita simpatia, pois fisicamente não havia nada errado com Annie. Ela comia tudo que colocavam na frente dela, e tinha parado de tossir. Mog havia perdido sua casa e sua subsistência também, mas não ficava deitada chorando e se lamentando, na verdade ela estava tentando tirar o melhor de uma situação se fazendo útil no Ram's Head.

O quarto que elas dividiam era desagradável, muito pequeno, e até Mog teve dificuldade com isso, e muito sujo. Mas mesmo que não tivesse conforto e estilo a que elas estavam acostumadas, era muito gentil de Garth levá-las para lá.
Em retribuição, Mog se virava para cozinhar e limpar desde manhã bem cedo no Ram's Head. E embora Garth fosse um homem de poucas palavras, e não dado a elogios, sentia que ele estava gostando de ter comida caseira e uma faxineira lá.

BelleOnde histórias criam vida. Descubra agora