Capítulo 45

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Noah pegou seu relógio de bolso.

- Quase uma - disse ele. - Por que não almoçamos naquele lugar ali? - Ele apontou para um restaurante do outro lado da praça com mesas e cadeiras do lado de fora. - Podemos nos fazer passar por dois turistas e perguntar ao garçom onde encontrar algumas meninas!

James riu. Ele gostava da companhia de Noah; seu calor humano, boa aparência
e confiança atraíam outras pessoas a eles. James não tinha facilidade para fazer amizades - não era exatamente tímido, apenas incapaz de ir além. Sabia que não era belo, por ser baixo e um pouco rechonchudo, e seus cabelos pareciam recuar mais a cada vez que ele se olhava no espelho. As pessoas sempre diziam que aos 30 anos, bem-educado e rico, ele era o partido ideal, mas apesar de seus pais e amigos sempre apresentarem moças distintas a ele, nenhuma o agradava. A verdade é que ele acreditava que as mulheres o consideravam chato, e sentia que devia ser, afinal, ainda era virgem. Mas não conseguia contar isso a Noah.

Duas horas depois, após um bom almoço com diversas taças de vinho, os dois homens bebiam um brande. James não tivera coragem de perguntar se havia um bordel por perto, mas Noah, com seu vocabulário limitado em francês, um pequeno desenho de uma mulher nua em um pedaço de papel, e muitos gestos com as mãos, conseguira se fazer entender ao garçom pequeno e curvado e de avental verde quase tão longo quanto a calça que vestia. O homem apontou na diagonal, exatamente para o endereço que eles tinham, e mostrou sete dedos, e os rapazes concluíram que aquele era o horário de abertura da casa.

- Então, estamos indo bem por enquanto - disse Noah, pedindo mais uma bebida.

- Quando soube que ali era um bordel, não achei que deveria mencionar o nome de Madame Sondheim. Se ela soubesse que alguém esteve perguntando por ela, talvez não conseguiríamos entrar ali.

- Então teremos de ir lá esta noite? - perguntou James com nervosismo.

- De que outro modo poderemos descobrir algo? - perguntou Noah, rolando os olhos e demonstrando impaciência. - Vamos, James, você é quem fala francês aqui, não comece a
relutar justamente agora.

- Nunca fui a um bordel - disse James em voz baixa, cuidando para que ninguém o escutasse. - Não sei como funciona.

- Elas sabem se você é "verde" - disse Noah, rindo, lembrando sua primeira vez. - Não acho que as coisas sejam diferentes aqui. Vamos agir como dois novatos, assim poderemos conversar mais com as meninas. Como é você quem fala francês, pode dizer que não quer fazer nada por ser novo.

- Mas não me importo em fazer - disse James com empolgação. Noah sorriu.

- Você é inexperiente, não é?

James abaixou a cabeça e admitiu. Noah havia explicado tudo a respeito de Belle ter testemunhado o assassinato de Millie quando James concordou em ir à França com ele, mas agora sentia que precisava contar ao amigo como conhecera Millie e o que pensava sobre ela.

- Eu me apaixonei por ela - admitiu. - Ela era tão linda, calorosa e gentil, diferentemente do que as pessoas pensam das prostitutas. É por causa do jeito Dela que preciso descobrir onde Belle está, e onde todas as outras meninas estão.

- Você a ama? - perguntou James. Ele havia concordado em fazer aquela viagem porque pensava que ele e Noah salvariam moças dos prejuízos morais e físicos. Mas sua educação rígida tornava difícil para ele compreender que um homem decente pudesse nutrir ideias românticas em relação a uma prostituta.

- O que é o amor? - perguntou Noah com um sorriso. - Se é pensar em alguém o
tempo todo, sem conseguir comer, dormir ou pensar em qualquer outra coisa, então, sim, eu a amo. Mas acho que meu pai diria que o que sinto é desejo.

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