Capítulo 71

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- Preciso que me expliquem melhor toda a situação - ele pediu.

- Sim, precisamos, e Gabrielle é quem pode fazer isso. Etienne percebeu que Noah não sabia o que Belle estava fazendo na França e não queria ser o responsável por contar.

- Tenho algumas investigações a fazer agora e você deve estar muito cansado da viagem de Londres até aqui. Por que não fica com Gabrielle? Ela explicará tudo. Podemos nos reunir amanhã pela manhã, quando você estiver descansado e souber tudo que eu sei.

- É o melhor plano - Gabrielle concordou.

- Tenho um quarto livre para você, Noah, mas, em primeiro lugar, vou lhe trazer uma bebida e algo para comer.

***

Etienne pegou uma carruagem para a Champs-Elysées. Ele imaginava que Belle teria suposto que os homens de negócios ricos procurariam hotéis naquela área porque era uma região central. Levava no bolso o bilhete recebido por Belle e tinha o esboço de um plano na cabeça.

Ao descer da carruagem e pagar ao cocheiro, veio-lhe à mente a ideia de que a tarefa que abraçara seria mais difícil do que tinha imaginado no início. Ele não passava por aquela área de Paris havia alguns anos e parecia haver muito mais hotéis do que ele se lembrava. Também não fazia ideia de quais eram os mais elegantes naquele momento.

Na época em que ele entrava em hotéis para roubar joias e dinheiro dos ricos, existiam apenas uns dez. Porém, muitas construções e reformas haviam acontecido para a Exposition Universelle em 1900; segundo se lembrava, a Gare de Lyon fora construída para o evento, assim como o primeiro trem do Métropolitain. Ele caminhou depressa, passando pelos hotéis e olhando para dentro deles, reparando na qualidade das roupas e da bagagem das pessoas que saíam das carruagens e táxis. Não ia perder tempo com hotéis cujos hóspedes fosse, na maior parte, turistas. Eram os lugares seletivos e caros que ele queria verificar. O primeiro em que entrou, o Elysée, encaixava-se nesses critérios.

Árvores de louro em vasos ladeavam as portas duplas de mogno com detalhes brilhantes em cobre que foram abertas por um funcionário de uniforme verde e dourado. Etienne cruzou um chão de mármore branco até o balcão da recepção e sorriu para o recepcionista de semblante sério e óculos de acetato.

- Poderia me dizer o nome do seu concierge ? Um colega disse que deixaria um pacote para mim com ele, mas não tenho certeza se estou no hotel certo - ele disse.

- Temos dois - o recepcionista respondeu. - Monsieur Flambert e Monsieur Annily. Flambert está aqui agora, talvez ele possa ajudá-lo, mesmo que este não seja o hotel certo.

Ele apontou para a mesa do concierge do outro lado do lobby, onde alguns hóspedes falavam com um homem. Nenhum dos homens tinha as iniciais certas, mas Etienne perguntou se o Monsieur Le Brun estava hospedado no hotel. O recepcionista verificou o livro de registros e disse que não havia ninguém com aquele nome no momento. Etienne pediu o nome de outros bons hotéis que ele poderia tentar. O recepcionista citou muitos nomes; alguns dos hotéis ficavam por perto, outros ficavam longe de lá, mas foi solícito e os marcou em um mapa das ruas e até se ofereceu para dar a Etienne os números de telefones.

Um por um, Etienne ligou para os hotéis, mas em todos os casos não havia ninguém com as iniciais certas nem um hóspede chamado Le Brun. Ele anotou cada um que tentou, com o nome do concierge ao lado. Às 11 horas, estava começando a pensar que poderia não ser um concierge o homem que procurava, mas um gerente de hotel, embora soubesse que gerentes geralmente estavam acima da função de conseguir encontros para os hóspedes. Restava apenas o Ritz para ele verificar, mas Etienne não tinha muitas esperanças de que o hotel de mais prestígio de Paris tivesse um funcionário que se arriscaria lidando com algo tão obscuro.

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