Capítulo 41

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Ele foi à Maiden Lane primeiro, mas como o esperado, a porta do clube estava trancada com cadeado. Em seguida, foi para a Strand, atravessou a rua próximo ao Savoy Hotel e olhou para as janelas do outro lado. A maioria das janelas acima do andar das lojas faziam parte da loja ou do estoque abaixo; em alguns casos, os proprietários moravam ali. A sala que Jimmy queria alcançar era muito óbvia, porque as janelas não eram limpas havia anos, e, além disso, a menor folha de vidro na ponta tinha sido quebrada em algum momento e um pedaço de madeira havia sido colocado por cima, algo que ele notara enquanto espiava pela fresta da porta.

Havia um cano grosso que ia desde o topo do prédio e descia em direção à rua, e ficava a cerca de apenas trinta centímetros do parapeito da janela do primeiro andar. Mesmo do outro lado da rua, na escuridão, Jimmy conseguiu ver que o parapeito era largo. Dentro do bolso do casaco, ele levava um molho de chaves, duas velas e algumas ferramentas para estourar cadeados e abrir portas. Também tinha um cordame enrolado no corpo, na altura do peito, escondido pelo casaco.

Mas acreditava que conseguiria entrar na sala sem precisar usar nenhuma
daquelas coisas. Observando para ver se não havia ninguém olhando, ele atravessou, deu um pulo para se segurar no cano e então começou a subir.

Sempre fora bom em escalada;
sua mãe dizia que ele parecia um gato.
Quando conseguiu chegar ao parapeito, analisou a janela quebrada e descobriu,
com alegria, que a madeira estava apenas encostada na estrutura, para impedir que a chuva ou o frio entrassem, mas não era um bloqueio para ladrões. Com jeitinho, logo conseguiu tirá-la, mas antes de sair do parapeito, Jimmy pegou o cordame do peito e o amarrou com força ao redor do cano para o caso de ter de escapar rapidamente.

Dentro da sala, Jimmy acendeu uma vela, e então fechou as cortinas. Elas eram feitas com um tecido velho, endurecido pela sujeira e com um cheiro ruim. Mas pelo menos elas eram grossas e, assim, ninguém na rua veria a luz ali acesa. Depois de fechar as cortinas, ele acendeu a luz a gás do teto, pois agiria com mais rapidez se conseguisse enxergar bem. Era uma sala desarrumada e cheia de coisas, e muito suja, com cinzeiros repletos de bitucas de charuto, copos usados, pratos e xícaras por todos os lados. O cesto de lixo estava transbordando de
papéis e havia cinza de charuto pelo chão todo. Parecia que o local não era limpo havia meses.

Dentro das gavetas da mesa não havia nada de interessante, apenas alguns livros de registros que pareciam ser do clube. Dentro de uma caixa de dinheiro aberta, havia quase 50 dólares, talvez o dinheiro de alguns dias de trabalho. Mas ele a fechou e a colocou de volta onde a havia encontrado, pois seu objetivo não era roubar. Em seguida, abriu o arquivo, que estava totalmente desorganizado, com montes de papéis jogados, uns em cima dos outros. Estava claro que o
proprietário do local não compreendia o conceito de arquivamento.

Jimmy ergueu uma pilha de papéis e os colocou sobre a mesa, para poder mexer neles. Havia diversas correspondências. Algumas das cartas eram sobre aquele prédio; parecia que o Sr. J. Colm estava alugando a propriedade em Maiden Lane
de uma empresa em Victoria. Eles estavam escrevendo para ele para avisar que haviam recebido reclamações de outros inquilinos a respeito de barulho, de pessoas embriagadas saindo do prédio e da violência que se espalhava na Maiden Lane. Algumas das cartas ameaçavam despejá-lo, mas Jimmy viu que tais ameaças eram de mais de quatro ou cinco anos antes, então parecia que o Sr. Colm as estava ignorando ou dando dinheiro aos locatários para mantê-los calados.

Outras correspondências eram, em grande parte, de fornecedores de bebida. Havia também uma lista de nomes e endereços de mulheres que Jimmy pensou que pudessem ser dançarinas ou garçonetes. Ele as colocou dentro do bolso. Analisou o conteúdo do armário, mas não havia nada ali que provasse um elo ou parceria entre ele e Kent, ou algo além de coisas que diretamente tinham que
ver com a administração do clube. Ele espiou pela cortina e, por uma luz fraca no céu, viu que já se aproximava das seis horas, e que tinha que sair antes de a Strand ficar repleta de pessoas.

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