Capìtulo 33

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- New Orleans é uma cidade com aparência refinada - ele disse com óbvia
admiração. - Foi construída por franceses com mansões elegantes, lindos jardins e quadras. Acho que você a amará.

- Talvez, quando eu tiver superado o fato de ter que me vender - ela disse sarcasticamente. Ele lhe deu um sorrisinho irônico.

- Você sabe das coisas, Belle, eu tenho a sensação de que você é esperta o suficiente para convencer as pessoas que te compraram que é mais útil para eles em outro papel.

- Que tipo de papel? - ela perguntou.
Etienne sugou as bochechas pensativo. - Dançar, cantar, em frente da casa, guardadora de chapéu. Não sei, mas pense nisso e veja o que pode surgir. Sua mãe tinha alguém trabalhando na casa que não fosse com homens?

- Bem, tinha Mog, de quem eu já falei - Belle disse. - Minha mãe a chamava de
empregada, mas ela era empregada doméstica e cozinheira também. À noite ela trabalhava no andar de cima. Acho que ela apresentava os homes e lhes servia bebidas, ela nunca me falou o que fazia.

- Uma empregada em um bordel geralmente cuida do dinheiro e das garotas - Etienne explicou. - É um papel crucial, pois ela tem que ser diplomática e sensível, mas dura também se necessário. Por que você supõe que ela não fica com nenhum homem? - ele perguntou, com a sobrancelha levantada.

- Bem, ela não era muito bonita - Belle disse, e instantaneamente se sentiu
desleal com Mog.

Etienne gargalhou e afastou um cachinho da bochecha dela.

- Ninguém nunca dirá isso
de você! Mas você é definitivamente astuta, Belle, e isso pode ser uma vantagem em uma cidade que tem centenas de garotas lindas, mas preguiçosas, mesquinhas e muito
estúpidas.

Belle já tinha deduzido que quem a comprou agora deve ter pago um alto preço por ela. Só as despesas de viagem deveriam custar mais dinheiro do que ela já sequer sonhou ganhar. Ela estava confusa, porque não fazia o menor sentido comprar uma garota inglesa que eles nem conhecem, quando deve haver
inúmeras garotas mais bonitas e maleáveis já lá nos estados do sul da América.

Mas isso significa que ela deve ser vista como algum tipo de prêmio. Então se ela somar isso com o que Etienne tinha dito sobre se oferecer como outra coisa, talvez funcionasse. Mas o que ela podia oferecer? Ela conseguia cantar afinado, mas não era brilhante; a única dança que ela conhecia era a polca, e não conseguia tocar um instrumento musical também. Ela não podia pensar em nada que ela podia fazer que faria alguém sentar e notá-la.

Mog tinha dito logo após Millie ser morta que ela era a favorita da casa, e Belle sempre teve consciência de que Mog e Annie davam a ela mais elogios, afeição e presentinhos do que para qualquer outra garota. Agora ela sabia que isso significava que Millie trazia mais dinheiro para elas, mas qual era a diferença em como Millie tratava os clientes das outras garotas? Belle certamente não queria ser uma prostituta, mas se não tinha escolha, então era melhor ser uma boa para
quem os homens pagassem mais.
Mas como ela podia descobrir o que fazia uma delas ser a melhor? Ela tinha a sensação de que Etienne saberia, mas ela era muito tímida para perguntar-lhe
esse tipo de coisa.

Dois dias antes eles foram para o desembarque devido em Nova York, Etienne a levou para um passeio à tarde pelo convés. Estava frio e ventando, mas o sol estava saindo, e era bom sair para tomar ar fresco observando as gaivotas
gritando e fazendo um redemoinho em volta do navio.

- Temos dois dias em Nova york, antes de embarcarmos no navio para New
Orleans - ele disse quando eles se apoiavam na murada perto da proa, observando a ondulação do mar indo embora enquanto o navio o atravessava como um arado. - Vou te dar uma escolha. Ficar trancada no hotel comigo ou se me prometer que não vai fugir eu a levo para ver a vista.

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