Capìtulo 56

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Ele se moveu com tanta rapidez que ela não percebeu o soco, apenas sentiu o impacto no rosto. O golpe fez com que ela fosse impulsionada para trás, batendo em uma mesa, ferindo suas costas.

- Como pôde fazer isso? - perguntou ela, com raiva, com a mão no rosto. - Pensei que fosse um cavalheiro. Você me decepcionou.

Ela sentiu muita dor e pensou que no dia seguinte, o hematoma em seu rosto seria muito grande.

- Eu não queria machucar você - disse ele, segurando-a pelos ombros, chacoalhando-a. - Você me deixou irado porque sei que você nunca será minha, não como eu quero.

- De que maneira você me quer? - ela gritou com ele, chorando de raiva. - Estou sempre aqui, à sua espera, faço o que você me pede. O que mais você quer?

- Quero o seu coração - gritou ele, com o rosto vermelho e retorcido. Belle estava brava e magoada demais para responder de algum modo que o deixasse mais calmo.

- Você teria meu coração se tivesse me tratado como sua mulher, e não como uma prostituta - vociferou ela. - Tínhamos algo especial na casa de Martha, era doce e bom. Mas quando cheguei aqui, as coisas mudaram. Tenho me sentido tão sozinha, triste e assustada, e você deve saber disso, a menos que seja um completo idiota. Mas você já demonstrou preocupação? Já me levou a algum lugar para me dar a impressão de que quer algo mais comigo além de uma trepada? Não, nunca. Ela se afastou dele, entrou no quarto e começou a despir-se.

- O que está fazendo? - perguntou ele ao ver as roupas dela ao chão. Belle voltou para a cozinha totalmente nua.

- O que você acha que estou fazendo? - perguntou ela, de modo ríspido. - Sou uma prostituta, você está pagando por mim, por isso vamos resolver as coisas, certo?

Naquele momento, Faldo percebeu que havia se comportado de modo muito errado com ela. Quando Belle estava vestida, ela parecia sofisticada e decidida. Isso, juntamente com sua inteligência e facilidade de comunicação, todos pensavam que ela tinha 20 e poucos anos.

Ela não era apenas bonita, mas, sim, devastadoramente bela, com aqueles cachos escuros, sobrancelhas como pequenas asas de anjo sobre olhos profundamente azuis, pele clara e uma boca grande e muito sensual.

Ele havia aparecido na casa de Martha um pouco depois de sua partida, e Martha dissera muitas coisas sobre a moça, principalmente que ela era uma vaca traidora, que aceitava qualquer homem pelos bens que ele possuía.

Faldo não queria acreditar nela; tentou convencer-se de que Martha estava sendo maldosa apenas porque havia perdido sua melhor menina, e muito dinheiro. Mas o veneno que ela derramou em seus ouvidos, além da consciência de que ele não era bonito, mas, sim, estranho, fez com que ele se convencesse de que havia errado feio e que Belle só estava brincando com ele até que alguém mais rico e mais influente aparecesse. Aquilo havia estragado tudo, e a única maneira que ele acreditava que seria justo agir seria tratando-a mal e nunca demonstrando qualquer sinal de afeto.

Havia muitas coisas em Belle que justificavam a opinião de Martha sobre ela. Ela era uma cortesã experiente, sempre usando a lingerie vermelha e preta que ele havia dado a ela. Permitia que ele a possuísse como quisesse, sem protestar, e geralmente o acariciava, satisfazia e tocava de modos que uma mulher decente não faria. Por mais estimulante e sensual que isso fosse, doía, porque era mais evidência das centenas de outros homens com quem ela já devia ter repetido os mesmos truques.

Martha dissera que Belle mentira ao dizer que tinha sido sequestrada e forçada a trabalhar como prostituta. Afirmava que Belle era uma predadora fria que havia sido criada para ser uma prostituta pela própria mãe, que tinha um bordel. Ela havia ido para New Orleans porque a prostituição era legalizada ali, sabendo que poderia ganhar muito dinheiro. Mas naquele momento, nua diante dele, com os olhos cheios de lágrimas, ele via que ela não era nada daquilo que Martha dissera e nas quais ele havia decidido acreditar.

BelleOnde histórias criam vida. Descubra agora