Capítulo 42

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- Prazer em conhecê-la, Belle. Você deve saber que seu nome significa bela em francês. Você recebeu um bom nome, porque é mesmo muito bela.

Belle sentiu-se corar da testa aos dedos dos pés, pois aquele bonito homem que
lhe fazia um elogio tão extravagante tinha um sotaque francês, assim como
Etienne, com um tom profundo e aveludado que fazia com que ela estremecesse por dentro.

- Muito obrigada, Sr. Laurent, o senhor é muito gentil - disse ela, rapidamente.

- Você deve me chamar de Serge. Quer caminhar um pouco comigo? perguntou ele. - Podemos ir à Jackson Square para tomar um sorvete.

Belle percebeu, assim que Martha a chamou no andar de baixo para apresentá-la àquele homem, que ele devia ser um dos que Martha esperava que ensinasse a Belle como gostar de fazer amor. Ela havia descido as escadas com ansiedade, pensando que ele fosse velho e feio. Quando viu um homem magro, alto, muito bem vestido com um terno cinza-claro e um rosto cativante, ela sentiu o coração acelerar. Os cabelos dele eram pretos, os olhos pareciam duas poças de chocolate
derretido, e seus lábios tinham um contorno que davam a impressão de que ele sorria o tempo todo. Ela nunca tinha visto um homem tão perfeito; ele tinha até uma covinha no queixo e seus dentes eram impecáveis.

Por um momento, ela apenas olhou para ele. Podia estar assustada com a ideia de fazer amor, mas certamente nenhuma mulher no mundo conseguiria resistir a Serge Laurent. Até mesmo seu nome acelerava o coração de Belle.

- Adoraria caminhar com o senhor. - Enquanto eles caminhavam em direção à Jackson Square, Serge contou a ela muitas histórias a respeito das pessoas que haviam vivido nas casas pelas quais eles passavam no French Quarter.

Contou sobre piratas, jogadores,
criadoras de vodus, madames e caras maus, além de muitos escritores e poetas famosos. Ele tornava tudo tão colorido que ela teve certeza de que ele inventava um pouco daquilo, ou que pelo menos exagerava, mas não importava - ela estava gostando da companhia e o dia estava agradavelmente quente.

Martha dissera, mais cedo, que logo ficaria muito quente e quando isso acontecia, as pessoas ficavam preguiçosas demais para trabalhar, ficavam irritadas e às vezes enlouqueciam por causa do calor. Belle não conseguia imaginar um calor assim; em sua cidade, nos dias mais quentes, a única coisa de que se lembrava era do leite azedado e da manteiga derretida na manteigueira. Mas o calor na Inglaterra nunca durava mais do que sete ou oito dias no ano todo.

Serge comprou dois sorvetes em cone e eles foram para os jardins da Jackson
Square e se sentaram em um banco à sombra para tomá-los. Belle estivera
poucas vezes naquela parte de French Quarter e gostara muito. Era uma área
calma, tranquila e serena, pelo menos quando comparada com a Basin Street,
que estava sempre cheia de pessoas, movimentada e barulhenta. Havia dois músicos se apresentando, uma menina negra fazendo sapateado em cima de uma tábua de madeira e uma mulher mulata de aparência estranha, usando um capuz vermelho de cetim por cima do que parecia um vestido de casamento velho de renda, estava lendo a sorte com alguns palitos que estava
jogando.

Muitos dos homens que passavam pela praça tinham chances de ir ao Distrito
mais tarde naquele mesmo dia; talvez muitas das belas jovens que caminhavam com sombrinhas decoradas fossem, na verdade, prostitutas à noite. Mas não era o
que parecia. Se Belle olhasse para a frente, conseguiria ver pessoas sentadas ao sol da tarde nas varandas com grades de ferro forjado, mães amamentando seus bebês. Conseguiria ouvir casais conversando e crianças gritando enquanto brincavam com as mães, e parecia que nada de ruim poderia acontecer no French Quarter.

Serge não fez nenhuma pergunta a ela, nem mesmo a respeito de seu passado
nem sobre como chegara à casa de Martha. Ele falava sobre generalidades e contou a ela histórias ainda mais divertidas, mas o tempo todo ele segurava sua mão e a acariciava, e ela só conseguia pensar no desejo que sentia de ser beijada por ele.

BelleOnde histórias criam vida. Descubra agora