Capítulo 44

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Mog olhou para a Sra. Stewart sem acreditar.

- Está dizendo que sua Amy desapareceu? - assustou-se.

- Sim, isso mesmo. Já faz dois anos. Quase enlouqueci de dor e preocupação.

- Sinto muitíssimo - disse Mog, com sinceridade. - Perdemos a nossa Belle da mesma maneira, por isso compreendo pelo que você está passando. Posso entrar um pouco para conversarmos?

- Você sabe de alguma coisa? - A esperança tomou conta do rosto da Sra. Stewart e por um breve instante ela pareceu ter dez anos a menos.

- Não exatamente, mas se pensarmos juntas... - disse Mog. A Sra. Stewart abriu mais a porta.

- Entre, Sra... - Ela fez uma pausa,
percebendo que não sabia o nome da mulher.

- Sra. Davis - disse Mog ao entrar na casa -, mas todos me chamam de Mog. Belle é minha filha preferida, eu não tenho filhos biológicos, mas eu ajudei a criar Belle desde que ela era um bebê.

- Sou Lizzie. - A Sra. Stewart liderou o caminho por um corredor estreito para
dentro de uma cozinha quente e ampla. - Eu levaria você ao salão, mas está frio
lá dentro. Sempre acendia a lareira ali, até o dia em que Amy desapareceu, mas
agora não vejo motivos.

- Eu também vivo na cozinha - disse Mog. Ela olhou ao redor, na sala, notando que não havia nada sujo, e a mesa e o chão eram bem polidos. Duas cadeiras próximas do fogão deixavam o ambiente muito acolhedor. - Não faz sentido gastar bom carvão em uma lareira diante da qual não se possa sentar. Você disse que sua Amy tinha 13 anos quando se foi. A polícia tinha suspeitos?

Lizzie balançou a cabeça com tristeza.

- Eles foram piores do que inúteis, ficavam me dizendo que ela iria para casa quando fosse a hora certa. Eu conhecia a minha menina, ela não iria embora dessa maneira para me assustar.

- O que você acha que aconteceu com ela? - perguntou Mog.

- Acredito que ela tenha sido levada para o mercado de escravas brancas -
respondeu Lizzie.

Nos jornais mais sensacionalistas, sempre havia histórias a respeito de jovens quetinham sido raptadas para esse tipo de situação. No passado, Mog acreditava queeram histórias apenas para assustar, boatos inventados para vender mais jornais.

Mas por mais que já tivesse rido a respeito de histórias dando conta de meninasinglesas raptadas para serem concubinas nos haréns dos príncipes persas, agoraque Belle não estava mais por perto, a graça havia acabado.

- Não acho que exista o mercado de escravas brancas, pelo menos não na
maneira que a imprensa faz parecer - disse Mog, delicadamente. - Mas acho que asua Amy pode ter sido levada pelas mesmas pessoas que levaram a nossa Belle.

Ela não queria dizer coisas demais.

- Sabe, um amigo meu está tentando fazer uma investigação para encontrar Amy,e ele fez uma lista de nomes e endereços. O nome de sua Amy constava na lista,por isso eu vim falar com você.

- Devemos levar essa lista à polícia, então - disse Lizzie.

Naquele momento, Mog ficou um pouco assustada. Ela não sabia se podia confiarem Lizzie Stewart. Era uma mulher muito respeitável, e se Mog começasse adizer a ela sobre uma menina que tinha sido assassinada em um bordel, elaprovavelmente desceria a rua gritando como louca.

- Achamos que o homem que está por trás disso tudo tem a polícia na palma damão - disse ela. - Por isso, não ousarei contar a eles até ter prova de que ele estálevando as meninas. Mas procurarei as outras pessoas da lista, e se todas asoutras meninas também tiverem desaparecido, teremos um caso que a polícianão conseguirá ignorar.

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