CapítuloXIV- Retorno Doloroso

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"Lucy: Nem o diabo me causou tanto medo quanto seu filho..."

Minhas costas bateram contra o asfalto e meus machucados recém feitos no acidente começaram a sangrar. Arquejei sentindo o ar fugir de meus pulmões, e agoniada comecei a tentar me levantar, apoiando os cotovelos no chão, e assim que minha visão melhorou, eu vi o próprio filho do diabo na minha frente... Bang...
Tentei gritar mas meu grito morreu na garganta, ondas pavor e desespero me invadiram como correntes elétricas e meu sangue gelou. Era pra ele estar preso, bem longe de mim. Comecei a me arrastar para trás, fugindo de forma falha de seu alcance e Bang sorriu diabólico me encarando com olhos negros e a púpila vermelha.
- Vamos pra casa Luciana, você foi uma menina muito má e precisa ser castigada pra aprender a ter disciplina! - Falou e então se aproximou de mim, o suficiente para me alcançar e me pegou pelos cabelos, solucei assustada, só agora que fui perceber que estava chorando de medo. Lágrimas escorreram dos meus olhos pelo meu rosto e dolorosamente Bang, me puxando pelo cabelo, me pôs de pé, me olhando nos olhos, coloquei minhas mãos sobre a sua para tentar evitar tanta dor lhe segurando mas não adiantava. - Está muda hoje... - Comentou Bang e me deu um soco na cara, me derrubando no chão brutalmente, a força investida no soco foi tão forte que eu não consegui levantar desnorteada.
- Volta pro inferno... - Suspirei cuspindo sangue no chão quando consegui me endireitar no chão, Bang me olhou com desdém e se preparou para chutar meu rosto, concerteza ia doer muito, ele fez menção de chutar, e quando finalmente realizaria sua ação eu fechei os olhos esperando a pancada.
- Para seu verme! - Escutei uma voz fraca esbravejar entre dentes, o chute não veio e então eu abri os olhos repentinamente e virei o rosto para encontrar o dono da voz e avistei Vlad, de pé, cheio de ferimentos espalhados pelo corpo, e arfando.
- Aé... E você vai fazer o que pra me impedir??! - Perguntou Bang com sagacidade na voz e então saiu de perto de mim, Suspirei de alívio e Vlad deu um passo a diante, mancando, atravessado na sua perna direita tinha um pedaço enorme de vidro e ele pressionava a barriga com a mão, devia estar cheio de machucados, os cortes em seu rosto e as suas roupas rasgadas davam a entender que sim pelo menos. Bang percebendo que Vlad não teria chance alguma de bater de frente com ele voltou-se pra mim gargalhando em deboche.
- Não percebe? - Perguntou-me rindo e eu tentei me levantar, as dores no meu corpo não me permitiram, e então Bang se aproximou mais um pouco, e pois o pé sobre minha barriga, para que eu não saísse do chão. - Ele quer bancar o herói Luciana... - Bang riu mais - E sabe por que ele quer te proteger tanto assim? - Perguntou esmagando minha barriga com o peso investido no seu pé e eu tentei segurar para ele não me machucar mais - Responda! - Falou entre dentes e eu suspirei agoniada.
- Por que ele é um líder, ele protege os outros. - Foi o que me veio a cabeça naquele momento e Bang riu das minhas afirmações.
- É óbvio que não sua estúpida! - Falou e voltando seu olhar frio para Vlad continuou - Ele quer protege-la por que gosta de você. - Falou e suas palavras se infiltraram na minha pele como agulhas enquanto ecoavam na minha mente traiçoeiramente. - A única coisa que muda entre ele e Rive é que o Vlad não a força a beija-lo e não a toca sem que deixe. - Falou friamente e eu olhei pra Vlad assustada, Vlad não queria meu mal, ele não quer... - Pensa que ele não a deseja..? Pensa que não quer tocá-la como Rive te tocava...? - Perguntou Bang e eu tapei os ouvidos esperando que Vlad negasse tudo o que Bang dizia mas ele não negou. - Pensa que ele está sendo bonzinho com você só por que quer te ajudar Luciana?!! - Esparventou Bang e sua veia na garganta saltou de nervoso e eu pressionei mais os meus ouvidos.
- Está mentindo! - Esbravejei e Bang tirou seu pé da minha barriga me olhando com repulsa.
- Então vamos ver a verdade. - Falou friamente tirando um cacetéte de policial da cintura e me mostrando.
- Não... - Sussurrei perdendo as esperanças, eu já sabia que ele iria me bater e que não iria parar até ver que todos os meus ossos estivessem quebrados. - Não por favor... - Sussurrei quase sem voz de tanto medo e Bang sorriu, aquele sorriso temeroso do Chelsere e então não deu nem tempo de gritar, cerrei os olhos e a pancada veio. O som de ossos de costela quebrando foram auditíveis mas eu estava intacta da pancada. Senti uma respiração contra meu rosto e abri meus olhos assustada e perplexa, minha garganta deu um nó, Vlad estava sobre mim, com seu corpo a poucos centímetros do meu, sem encostar em mim, ele havia usado seu corpo para me proteger de Bang, ele estava com os olhos fechados com força, a dor era evidente em sua expressão. Lágrimas silenciosas escorreram dos meus olhos, e Bang bateu outra vez e deu pra ouvir mais ossos serem quebrados, Vlad arfou, suas mãos estavam fechadas em punhos em cada lado do meu corpo ele estava suando frio, e então abriu os olhos, Bang bateu outra vez com mais brutalidade e Vlad arquejou quase caindo sobre mim, seus olhos azuis se encheram de escuridão e ele levou mais uma pancada, forte o suficiente para fazê-lo tocar a testa dele na minha, ele estava pegando fogo, devia estar com febre por causa de tanta dor, seus olhos confrontaram com os meus e aquilo foi suficiente para se transformar, ele estava que nem eu fiquei quando matei o Tao. A lembrança de me olhar no espelho e ver um monstro veio na minha cabeça e Vlad me empurrou pra longe para que eu ficasse em segurança, eu fui lançada cautelosamente dois metros pra longe deles, não me machuquei muito e Vlad se voltou contra Bang, se levantando rapidamente e tomando o bastão da mão do agressor. Bang gargalhou e Vlad partiu pra cima dele, com garras e dentes afiados como navalhas. Com um golpe certeiro de punho Bang foi lançado no ar. Quando caiu Vlad lhe juntou pelo colarinho e começou a bater em Bang, mas o agressor era mais astuto e se transformou em uma cobra, grande e demoniaca. A mesma cobra com que lutei naquela casa maldita. Me levantei do chão, Vlad caiu de joelhos enfraquecido, a dor nas costelas o condenara, com os ossos quebrados ele sentia muita dor, e eu sabia muito bem disso por que já tive os meus quebrados também. Vlad tentou se defender, mas a cobra se enrolou em seu corpo e lhe mordeu o braço arrancando um pedaço de sua pele, o sangue de Vlad começou a escorrer e eu corri em direção a eles, eu precisava fazer algo pra salvar Vlad ou Bang iria matá-lo pela covardia. Fui até o carro que estava de ponta cabeça e peguei a maleta de Vlad que estava fechada, eu sabia que tinha uma arma la dentro, era impossível que ele não andasse armado sendo que vivia rodiado de policiais, estourei o trinco e vi a arma, logo peguei a arma de fogo que estava ali. A empunhando corri e a mais ou menos dois metros de distância, disparei diversas vezes contra a pele da cobra que furiosa pelos buracos feitos em sua pele voltou a forma humana, Vlad estava desmaiado no chão e Bang estava vindo em minha direção irado em fúria. Disparei contra Bang fazendo mais um buraco em seu peito e de novo em seu braço, ele continuou vindo em minha direção como se nada tivesse o atingido e quando me alcançou, tomou a arma de minha mão e a bateu em minha cabeça. Cai zonza e com dor, mas isso não me impediu de ouvir as sirenes da polícia, se Bang fosse preso novamente meu pesadelo acabaria, mas para o meu azar Bang tinha outros planos.
- Eu voltarei Luciana. - Falou e me chutou na barriga, me fazendo vomitar tudo o que eu havia comido e sangue dos meus machucados internos ao mesmo tempo. Ele se afastou e como se fosse poeira, desapareceu virando cinzas no vento. Teletransporte era a pior coisa que esse desgraçado podia fazer. Assim ficava difícil mantê-lo preso. Encarei o asfalto enjoada. Meu estômago estava vazio, e minha garganta ardia como se eu tivesse engolido cacos de vidro. Pressionei a barriga sentindo dor e passei as mãos na testa que escorria algo. Quando olhei para minha mão vi que estava cheia de sangue. A coronhada de Bang tinha cortado minha testa. Quando os carros de polícia finalmente chegaram diversas pessoas vieram ao encontro de mim e Vlad para nos ajudar.

.......6 horas depois......

Abracei meus joelhos, a água da banheira estava quente e o banheiro cheirava a sabonete e creme de cabelo, eu estava tomando banho, meus machucados já haviam cicatrizado, tirando pelo corte na testa que não queria cicatrizar tão rápido. Eu ia por uma faixa pra proteger depois que saísse do banho mas agora eu não queria pensar nisso, eu não queria me preocupar com essas coisas, eu estava cansada dessa vida, e o pior é que não dava pra simplesmente me matar por que pra fazer isso eu teria que arrancar meu coração e minha cabeça pra fora do corpo. Era o único jeito morrer. Suspirei e mergulhei a cabeça dentro d'água, era tão relaxante fazer isso, quando submergi,respirei fundo, passei as mãos no cabelo pra tirar o excesso de água e me levantei.
Sai da banheira e enrolei uma toalha no meu corpo, eu queria dormir, meu lado licantrope me deixava mais humana, minha pele não era mais fria, meu coração batia e eu sentia fome; cansaço e frio. Era como ser humana de novo, porém muitas vezes mais forte que uma simples vampira ou uma simples mulher. No emaranhado dos meus pensamentos eu fui até a porta e a abri, minha roupa estava na cama então eu teria que sair do banheiro para vesti-la. Fui até a cama e desenrolei a toalha do meu corpo a jogando na cama, peguei o conjunto rosa de lingerie na cama e vesti, peguei a regata branca e coloquei, após meu próximo item foi a calça jeans preta. Depois de pronta eu fui até o guarda-roupas me olhar espelho, eu precisava enxergar o que estava fazendo, peguei uma pomada e uma faixa pra machucado, passei a pomada e prendi a faixa, agora estava protegido de bactérias. Encarei meu reflexo vendo as marcas roxas pelos meu braços. Pelo menos a marca roxa no meu olho direito que Bang me dera um soco já havia sumido. Quando voltei pra cama alguém bateu na porta.

Cadáver de Sangue IOnde histórias criam vida. Descubra agora