CapítuloIII- Morte Incurável/Parte2

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  - Ai! - Gemi estridente enquanto tentava me levantar novamente - Eu vou morrer - Fraquejei tentando pressionar minha costela com a mão esquerda para amenizar a dor, só piorava e a agonia de sentir meu osso se mecher dentro da minha pele era gritante. Eu podia sentir, agora que já estava raciocinando melhor, meu pé ardendo, provávelmente eu havia torcido e estourado uma veia. Estava ardendo demais. Com dificuldade e praticamente sem conseguir respirar direito, eu me sentei ereta de frente para o monstro, sentindo uma imensa vontade de vomitar com o medo que percorria minhas veias em forma de adrenalina, e fazia meu coração pulsar descontroladamente. Ele ia estourar aquela corrente, eu podia ver, e iria arrancar minha cabeça com os dentes, enquanto dilaceraria meu corpo com as duas outras cabeças. Eu ia morrer se ficasse alí. Tentei me levanter e assim que consegui me levantar um pouco do chão para tentar ficar em pé, meus joelhos cederam e eu cai de joelhos. No exato momento em que isto aconteceu a fera, cujo nome era Cérberus, o cachorrinho adorável de Hades, arrebentou a corrente e veio em minha direção, a cabeça do meio lambendo os beiços e as outras duas rosnando ferozmente. Meu coração disparou novamente e eu senti uma corrente de sangue ser liberada em minha pernas, e a adrenalina tomou conta de meu corpo, quando dei por mim, assim que o monstro estava próximo, eu já estava correndo por debaixo dele com a minha velocidade de vampira, e quando cheguei ao outro lado, vi uma porta branca que antes eu não virá por causa do monstro que bloqueara minha visão. Sem pensar duas vezes eu girei a maçaneta e olhando para trás para ver Cérberus se virando em minha direção e me encarando com olhar de fúria para correr e tentar me dilacerar, eu passei pela porta entrando em um quarto mal iluminado.
  Com o busto subindo e descendo em desespero, e com o coração quase saindo pela boca eu fechei a porta e a tranquei me afastando o máximo que podia daquela porta branca, bem no fim uma pancada muito forte foi ouvida e eu arquejei esbarrando em alguém que antes eu não havia notado por que estava precupada demais com Cérberus tentando me matar. Eu gritei e me virei o mais rápido possível para ver quem ou o que era, mancando por causa do pé e com a mão esquerda ainda pressionada na costela. Quando vi quem era meu estado de alerta amenizou um pouco, Rive estava me encarando com um sorriso de orelha a orelha, ele estava sem camisa e tinha diversos cortes profundos em seu peito. Ele não falou nada, eu estava tremendo com toda a adrenalina que ainda estava correndo em minhas veias, e ele não se movia, ele apenas estava parado como uma estátua. Uma estátua humana. Um frio desceu pela minha espinha, e eu senti o pânico me invadir novamente quando outra panacada foi desferida pelo lado de fora da porta, e eu gritei com o susto dando um pulo pro lado e me virando para encarar a porta. Meus olhos estavam arregalados e eu estava morrendo de medo pensando que ia morrer, quando de repente Rive virou a cabeça para o lado e começou a gargahar que nem um lunático psicopata.
  - Morra logo de uma vez sua vadia desgraçada! - Berrou ele rindo e antes que eu pudesse reagir ou sequer entender o que se passava, fui atingida por um tapa na cara, desferido por Rive, que me fez cambalear, caindo pra trás sentindo a dor e a ardência que emanava de minha pele, provávelmente vermelha e marcada pelos dedos de Rive.
  Num ataque de fúria que eu não pude controlar, chutei suas pernas com o meu pé bom, lhe dando uma rasteira e fazendo-o perder o equilíbrio e cair. Outra pancada foi dada pelo lado de fora da porta quase fazendo com que as dobradiças cedessem, eu ia morrer se ficasse alí, então me arrastei pelo chão até a parede mais próxima e tentei me levantar, mas Rive não ia deixar barato a rasteira que lhe dei e por isso ele agarrou suas mãos asquerosas no meu pé machucado e me puxou para perto de si, me fazendo gritar com a dor de meu pé ardendo e latejando.
  - Desgraçado! - Resmunguei com os olhos se enchendo de água, meu Deus aquilo doía demais! Eu pendi a cabeça quando ele me puxou mais para perto, meu pé parecia que estava sendo arrancado fora, e assim que eu estava perto o bastante, ele se levantou antes que eu pudesse raciocinar por causa da dor, e me chutou no estômago me fazendo perder o ar e sentir a agressão dentro de meus órgãos, foi como levar um choque dentro do corpo, doia demais!! Meu ar se esvaiu e quando eu comecei a recupera-lo novamente Rive chutou meu rosto, fazendo meu nariz arder e minha boca se cortar completamente por causa dos meus dentes, quando dei por mim antes de Rive me bater de novo, escorria alguma coisa do meu nariz o que o fazia arder ainda mais, quando Rive deu mais um chute em mim, ele chutou minha costela me fazendo berrar sentindo o osso que havia saido fora do lugar quebrar dentro de meu corpo, eu levei a mão a costela me encolhendo, uma dor angustiante subia pelo meu peito, e minha garganta estava queimando, em segundos eu já estava cospindo sangue no chão. O sangue do meu nariz estava se misturando com o sangue da boca e dos lábios cortados e minha boca tinha um gosto metálico náuseante. Quando Rive chutou meu estômago mais uma vez eu gemi de dor sentindo ânsia, eu ia vomitar, mas eu ia vomitar sangue.
  - Já esta morrendo? - Perguntou Rive com sarcasmo, me encarando enquanto eu ansiava cospindo mais sangue no chão, eu não estava conseguindo me mecher direito, meu corpo doia demais. Rive se agachou na minha frente para ver meu rosto, eu já estava entrando em desespero pelo fato de não conseguir respirar, havia sangue no meu nariz e na minha boca, aquele cheiro nauseante e aquele gosto metálico estavam me enlouquecendo. Quando eu pensei que Rive daria risada da minha deplorável situação, ele apenas se levantou e chutou minha cabeça, fazendo com que ela virasse, quebrando meu pescoço na hora.

  Quando acordei de novo eu estava sentada em uma cadeira de ferro, com os pulsos e o pescoço rodiados por correntes grossas e bem firmes, eu não estava entendendo o que estava acontecendo, a única coisa que via em meu campo de visão era Rive com os braços cruzados a poucos metros de mim. Eu estava em sua sala de tortura. Puxei os pulsos com força mas as correntes eram mais resistentes do que minha força de vampira poderia aguentar quebrar. Encarei Rive e ele sorriu de volta, aquele sorriso de orelha a orelha me enlouquecia. Um calafrio desceu por minha espinha e eu levantei o rosto furiosamente.

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