Capítulo LXXVI - Contenção

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  - O que você fez...? - Indaguei ríspida, e senti meu corpo cedendo, caindo pro lado, mas Bang me segurou antes que eu fosse pro chão, me envolvendo em seus braços e me puxando pro seu colo, por mais que eu relutasse, ele continuou, colocando meu corpo bem próximo ao seu.
  - Você se lembrou sozinha Eva. Do amor que tínhamos, e dos filhos que tivemos. - Respondeu Bang e eu senti uma forte vontade de vomitar, aquelas palavras pareciam ecoar pela minha cabeça e me deixar ainda mais atordoada do que eu já estava. Eu havia usado poder demais, isso me deixou fraca. E perto desse maníaco, neste momento, eu estou indefesa. E também tentando entender porque o Bang ainda está falando e agindo naturalmente se eu tinha rasgado a garganta dele?!!
  - Por que você não morre e volta pro inferno...? - Indaguei frustrada, mas minha voz arrastada mal conseguia expressar meu ódio. Me mechi tentando empurrar o peito dele e me jogar no chão, qualquer coisa era melhor que ficar perto dele. Mas ele não me deixou.
  - Ora... Porque...
  - Jennifer! - Escutei alguém gritar o meu nome, parecia a voz da Lucy interrompendo o que Bang ia dizer, meu corpo todo pareceu ter tomado choque, alívio e dor atravessaram meu corpo enquanto eu tentei virar a cabeça para olhar na direção de onde tinha vindo a voz, mas Bang me segurou pelo queixo, me puxando para perto dele, bem perto, meu coração disparou, não! Não quero que ele me toque!
  Coloquei minhas mãos em seu peito tentando afasta-lo. Eu não sabia exatamente o que ele ia fazer, mas do jeito que estava se aproximando parecia nitidamente que ia me beijar. Agora por mais que meu cérebro não estivesse assimilando as coisas com precisão eu podia perceber, notando com facilidade que meu corpo estava todo sujo de sangue, eu estava cheirando a sangue. Meu corpo nu, coberto por aquele casaco comprido parecia quebrado, por mais que eu saiba que meus ossos estavam inteiros.
  - Para... - Pedi zonza, a imagem de Bang estava começando a ficar embaçada na minha frente, mas ele não me deu ouvidos e se aproximou, o suficiente até tocar seus lábios nos meus. Me deu nojo a princípio, a situação de que eu não queria que ele me tocasse e que ele estava indo contra mim e me beijando contra vontade me fazia lembrar de quando meu irmão tentava me assediar, era horrível, era nojento, eu queria vomitar.
  Escutei Lucy gritar outra vez, mas só entendi o porque quando senti as presas de cobra que surgiram na boca dele, os olhos se moldando como se houvesse uma fenda em sua púpila, olhos vermelhos envoltos numa pupila negra. E então senti, no meu lábio inferior as presas afiadas cortando o meu lábio e injetando o veneno. Nem deu tempo de ficar aterrorizada.
  Tentei empurrar ele de novo, e meus braços fraquejaram enquanto ele puxava meu corpo mole contra o seu. Eu pude sentir a ardência nas veias enquanto o veneno se espalhava pelo meu sangue. E então ele se afastou, com um sorriso no rosto. Era tão simples, e parecia que poderia me matar com tanta facilidade. Aliás, o que o veneno de uma cobra demoníaca pode fazer no sangue de um ser sobrenatural...?
  - Agora todos vocês vão parar de se rebelar. Nada como algumas horas de sossego enquanto vocês vão pro inferno. - Disse Bang animado, e então me deitou no chão, enquanto ia até os outros. Escutei Lucy gritar, não um grito comum, um grito de medo, pavor. E Vlad gruniu. Quando virei a cabeça de lado para encara-los, tentando entender o que estava acontecendo vi Vlad com o pescoço ensanguentado e Lucy caindo no chão junto a Vlad, no mesmo estado. No mesmo estado que eu, machucados e atordoados. Enquanto Bang ia calmamente, em seus passos mecânicos e calculados com uma calma elegante que me dava ódio, para uma multidão de pessoas, seus aliados. Todos eles, e mais alguns novos. Até mesmo a vaca da Sofia. E o Taehyung... E o Zelo... E então meus olhos se fecharam.

.... Bang Narrando....

  - Não toquem neles. Vão permanecer neste local, o veneno não permitirá que movam nem sequer um músculo até o amanhecer. - Comuniquei e percebi que Rive e Lee Joon pareceram ter ficado inquietos, mas pela forma como os olhei severamente, eles se manteram calados. - Então senhoras e senhores, finalmente vamos à nossa reunião. - Declarei e todos se voltaram, sem questionar, para os portões e corredores que levavam para dentro do castelo. Rive e Lee Joon pareceram hesitar, e por isso eu os guei, com o olhar para que entendessem que aquele assunto não seria discutido. Não agora.

Cadáver de Sangue IOnde histórias criam vida. Descubra agora