Capítulo XXXVIII - Acertando Combate

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" Lucy: Sentir seu sangue gelar nas veias é uma sensação horrível, e infelizmente estou sentindo isso de novo, pela pessoa que eu menos esperava..."

.... Lucy narrando....

  Engoli em seco e o lobo pulou pra cima de mim, dei um grito e cai pra trás. As costas bateram no chão com brutalidade e o lobo subiu em cima de mim rosnando e mostrando todos os dentes. Suas patas pisaram meus ombros e eu gritei quando ouvi o barulho dos ossos da minha clavicula quebrarem. Gritei mais uma vez agonizando e o lobo começou a aproximar seus dentes do meu rosto, ele era muito pesado, estava esmagando meus ossos. Não tinha outro jeito, eu teria que me arriscar e enfrentá-lo. Dei um soco no focinho do lobo, com toda força, o lobo foi lançado pro outro lado rosnando e eu me levantei, era minha deixa, reuni todas as forças e sai correndo pro banheiro, entrei e tranquei a porta, encostei as costas na porta, eu não estava conseguindo respirar de tanto ofegar. Por um momento pensei que meu coração iria rasgar meu peito e sair correndo de tanto que batia. Respirei fundo e de repente senti uma batida forte na porta, o lobo, ainda bem que lobos não tem mãos! O lobo bateu mais uma vez, outra, outra e outra e então as batidas fortes cessaram. Deslizei as costas na porta e me sentei no chão pondo a cabeça entre os joelhos, abraçando as pernas e recomeçei a chorar. Por que ele tinha agido daquela maneira comigo? O que eu fiz pra ele? Comecei a soluçar e quando eu pensei que não aguentaria mais chorar escutei batidas na porta, como se fosse alguém. Me encolhi, Bang tinha razão, esse mundo está podre, e Vlad é igual a Rive! Enxuguei minhas lágrimas e me levantei do chão.
  - Lucy vamos conversar. Eu quero pedir desculpas, pelo amor de Deus não seja tão rancorosa! - Disse ele do outro lado da porta e eu destranquei a porta do banheiro, pra olhar na cara dele, do idiota que eu confiava. Vlad abriu um sorriso e estendeu a mão pra mim, passei por ele ignorando sua mão, fiquei frente a frente com ele e coloquei minhas mãos em seu rosto, desliguei minha humanidade. Tá na hora da vingança.
  - Me perdoa meu amor pelo amor de Deus, eu não sei o que deu em mim. - Disse ele, a voz carregada de sarcasmo.
  - Não clame a Deus se você sabe que é um demônio! - Falei friamente, aprendi aquela frase com Bang, e pela maneira que Vlad arregalou os olhos ele também já a ouviu. Sem perder muito tempo virei seu pescoço pra trás bruscamente. Um estalo foi auditivel e Vlad caiu no chão, morto. Eu havia quebrado o pescoço dele.
  - Vai pro inferno canalha. - Respondi e sai dali indo pra poltrona me sentar, peguei o celular do Vlad na mesinha e vasculhei os contatos, pra quem eu poderia pedir ajudá?
  Uma mulher!
  Mas qual? Pensei em Sofia, mas como eu tinha acabado de quebrar o pescoço do irmão dela, ela não seria muito amigável. Jennifer é a delegada, e ela não tem nada contra mim. Procurei o contato de jennifer e liguei.

  Depois de dez minutos eu havia explicado tudo pra ela, que Vlad estava doente, que me bateu, que enlouqueceu e se transformou, ela ficou perplexa, acho que esse lado do Vlad em que ele ficava agressivo e canalha ninguém conhecia, vai ver ele era um psicopata disfarçado que só agora colocou suas garras de fora, pra mim tanto faz, não me importo, quero distância desse desgraçado, ele é só mais um homem machista e canalha que nem Bang e Rive. Uns verdadeiros covardes que batem em mulher. Jennifer disse que essa nova personalidade do Vlad era completamente diferente do habitual, e que já que aconteceu tudo isso ela ia imediatamente pegar um avião junto com Zelo e vir pra cá o mais rápido possível. Tudo o que eu teria de fazer seria aguardar ela chegar, e ficar de olho em Vlad para garantir que ele não acorde tão cedo.

.... Vlad narrando....

  Tinha alguma coisa errada, eu estava sentado num dos bancos do quartel, esperando segundas ordens, eram cerca de cinco da manhã, o capitão estava de pé, minha farda me deixava pesado, e eu estava exausto, quando o capitão deu as ordens nós levantamos em posição de sentido e começamos a marchar, estávamos carregados de armas, um batalhão inteiro, numa guerra bélica, a segunda guerra mundial, teríamos de lutar contra as forças armadas alemães, disseram que eles são mais fortes e estão mais preparados mas eu não sei a verdade. Era a primeira vez que os enfrentariamos. Eu tinha 24 anos, estava servindo o exército, não passo de apenas um ser humano qualquer como todos os outros, então era natural que eu sentisse medo. Fomos pra fora, pro campo de batalha, marchamos até o campo e fomos pegos por uma armadilha. Nos forraram de balas à queima roupa e depois nós deixaram pra morrer, foi uma batalha dura, e não estávamos preparados o suficiente, eu havia levado quatro tiros, um em cada perna, um na barriga e um na costela, eu estava agonizando e ia morrer. Mas eu não queria, eu estava com medo de morrer. Naquele momento de dor lembrei da minha mãe dizendo "seja forte! Nem parece homem!" ela nunca foi uma boa mãe, era alcoólatra e me surrava diariamente mas eu sempre a amei. Quando eu pensei que estava nos meus últimos suspiros de vida, um homem velho apareceu no meu campo de visão.
  - Quem é você? Um alemão? - Perguntei temendo, eu não queria morrer, eu não queria! Ele me analisou com interesse e então sibilou algo que eu não entendi, e depois se pronunciou.
  - Você ainda não morreu... - Disse pensativo, mais pra si mesmo do que pra mim - Quer morrer garoto ou quer ter uma segunda chance? - Ele perguntou, seu sotaque evidentemente não era alemão, era russo. Quando ele perguntou sobre uma segunda chance eu pensei na possibilidade de ele ser um médico, mas meus ferimentos estavam tão graves que eu não imaginava que teria alguma chance.
  - Você pode me curar? - Perguntei e ele abriu um sorriso malicioso.
  - Posso te dar uma segunda chance de viver, posso te dar força, rapidez e aguçar todos os seus sentidos mundanos... - Disse me fitando - Você é o único que está vivo e eu estou com muita fome...
  - Você tem como me ajudar então? - Perguntei interessado, quase não percebendo o quão perigoso aquele homem era.
  - Posso - Afirmou - Mas quero algo em troca.
  - Se for dinheiro ou qualquer coisa eu te ajudo - Respondi inocente, eu não fazia ideia de quem ele era e o que era realmente.
  - Eu quero seu sangue... - Disse e presas apareceram em sua boca.
  - Mas, se você quer meu sangue eu vou morrer! - Tentei protestar e o homem se ajoelhou ao meu lado, mordeu o próprio pulso e me fez beber seu sangue, depois ele tomou o meu, até eu morrer, e depois foi embora. Ele havia me transformado num vampiro...

  Sentei na cama abruptamente arquejando, minha respiração estava descompassada e eu me sentia atônito, tinha sonhado com uma lembrança do meu passado, quando eu ainda era humano e fui transformado em vampiro. Mas assim que me recompus, meu campo de visão foi preenchido por várias pessoas.
  Jennifer, Zelo e Luciana. E eles pareciam preocupados e desconfiados. Por que? Foi quando me lembrei de ontem a noite, eu tinha desligado minha humanidade e nem tinha dado conta disso.
  De repente a dor no peito voltou e eu não consegui enxergar mais nada. Meu coração começou a se contorcer e doer muito, e eu temi pelo que estivesse prestes a acontecer.

Cadáver de Sangue IOnde histórias criam vida. Descubra agora