Capítulo LIX - Sêlo Prisioneiro/ Parte 3

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.... Jennifer Narrando....

- Você não vai vomitar aqui se é no que está pensando em fazer. - Escutei a voz de Bang de novo, eu mal conseguia manter meus olhos abertos, a dor parecia me corroer da ponta dos dedos dos pés até ponta dos fios do meu cabelo. Frequências de uma ardência forte percorria meu corpo por dentro, eram como correntes elétricas, que ardiam lentamente até a morte, o pior era o enjoo fazendo eu querer devolver tudo aquilo que eu não comi. Senti mãos tocarem meu corpo, em determinados locais me pegando no colo, encostei a cabeça no peito dele e me encolhi sentindo um calafrio passar pela minha cabeça e descer pela nuca, era tão horrível aquela sensação, de estar sentindo dor e estar tão impotente sem poder fazer nada, mesmo estando no colo do Bang e tão fraca a ponto de não conseguir me defender de alguma forma.
- Aqui você pode vomitar. - Escutei a voz dele de novo e fui posta no chão gelado, sentada, mesmo quando eu mal aguentava me sustentar ereta. Lentamente eu abri os olhos, minhas pálpebras molhadas de suor pareciam tão pesadas quanto eu podia levantar, quando recuperei minha visão a primeira coisa que vi foi uma privada, eu estava na frente da privada, tentando não cair de fraqueza no chão, olhei o banheiro ao redor onde a pouco tempo eu havia tomado banho, procurando por Bang. Demorou um tempo até eu conseguir encontra-lo, ele estava atrás de mim, me segurando para que eu não caísse, mas eu nem mesmo conseguia raciocinar direito, tudo parecia estar doendo. E tudo girava, ia pra lá e pra cá e ficava embaçado. Então meus olhos cediam a se fechar e meu corpo caia, mas as mãos dele me mantinham sentada.
- Por que não me mata de uma vez...? - Murmurei e a voz saiu fraca e arrastada, nem eu entendi o que eu disse. As mãos que estavam nas minhas costas vieram pra minha cintura e me puxaram pra trás, me fazendo encostar as costas no peito musculoso dele, eu estava toda suada e tudo parecia estar colando, eu estava tão zonza que quase esqueci do fato que Bang está se aproveitando de mim por que estou fraca. Droga, eu preciso prender esse imbecil... Minha cabeça pendeu pra trás e eu acabei apoiando-a no ombro do Bang.
- Porque você não pode morrer... Eu preciso de você viva... - Bang sussurrou contra o meu pescoço e eu abri os olhos novamente, a dor parecia estar diminuindo, latejando em cada parte do meu corpo, mas diminuindo a pulsação enervante de dor. Eu até podia sentir meu coração acalmando.
- Porque...? - Perguntei, mas antes de ouvir a resposta, tudo escureceu diante dos meus olhos, e a dor voltou, dez vezes mais forte, cerrei os olhos e os punhos mesmo sem força alguma e gritei, sentindo como se milhões de agulhas entrassem pelos meus póros e furassem minha pele até chegar nos órgãos. Com tanta pressão que eu pensei que ia morrer ali, agonizando de tanta dor, eu podia sentir como se meus órgãos estivessem sendo perfurados por agulhas de verdade, os pulmões foram os primeiros a serem atingidos. Bang me apertou em seus braços, como se estivesse me envolvendo num abraço, e eu senti falta de ar. Depois os rins pareciam que iam se dissolver ou explodir dentro de mim. Em seguida minha barriga, não exatamente minha barriga, meu útero, parecia que estava inchando para explodir. Gritei mais alto, estava doendo tanto, minha cabeça estava latejando, como se eu tivesse levado uma pancada na cabeça, ou como se as agulhas estivessem perfurando meu cérebro.     E então tudo começou a sumir, a dor diminuiu de novo, foi suavizando, meus olhos relaxaram, meus pulsos e dedos dormentes enfraqueceram e eu abri meus olhos... Me assustando. Eu estava enxergando tudo em vermelho. E sentindo uma dor muito forte de fome no estômago. Tão forte que subia pra minha garganta, e eu podia sentir o cheiro de sangue invadindo meu nariz como se fosse o ar. Eu. Quero. Esse. Sangue...

.... Flash back on....

Peguei a garrafa de vodka da mesa e taquei no chão com força, só assistindo enquanto o líquido se diluia e escorria pelo chão.
- Dá pra parar! - Pedi nervosa, em meus plenos 14 anos não dá pra acreditar que meu próprio irmão já está se tornando um monstro.
- Você sabe que eu não ligo para o que você fala, e você sempre soube o que eu quero. E eu quero agora. - Disse ele recolhendo um caco de vidro no chão e vindo até mim, eu pensei em correr, mas estávamos no porão, seria bem mais difícil de escapar daqui sem as chaves da porta. Antes que eu agisse ele me prensou na parede, me cercando e colando seu corpo no meu.
- Lee Joon por favor... Não faz isso comigo... Somos irmãos... - Tentei dizer e ele roçou seus lábios nos meus pondo o caco de vidro na minha garganta.
- Não somos irmãos de verdade, você sempre esteve ciente de que não temos o mesmo sangue. - Disse ele contra a minha boca, eu queria empurra-lo e sair correndo, mas eu estava com tanto medo. Minhas pernas estavam bambas praticamente.
- Lee Joon por favor... - Pedi com os olhos se enchendo de lágrimas e ele forçou o caco de vidro na minha garganta.
- Shiii... - Disse ele mas seus olhos estavam ficando escuros e seu rosto estava tomando outra forma - Você não quer que o papai nos escute e se machuque também não é mesmo? - Disse Lee Joon, mas não era mais ele, agora era o Bang. - Que tal fazermos assim - Disse ele, e o objeto na minha garganta que antes era o caco de vidro, agora era uma agulha numa seringa, diretamente na minha veia - Você grita bem alto e eu te faço sentir tanta dor quanto você possa suportar?

.... Flash back off....

  Senti um clique atrás das pálpebras e então me levantei do chão me sentindo revigorada, eu me sentia bem, com fome, mas perfeitamente bem. Como se, independente se o mundo estivesse um caos lá fora, eu não me importava, eu só queria vestir a melhor roupa que encontrasse e me divertir.
  - Bang! - Chamei espontaneamente e ele se levantou do chão me olhando com curiosidade, desde quando esse imbecil demonstra reações humanas?  
  - Onde fica o seu guarda-roupas, eu quero uma roupa que preste, a que eu estou usando está cheia de sangue. - Falei convincente puxando a bainha da camiseta pra cima, revelando um pouco a minha barriga sarada e Bang ficou sério de repente.
  - Não tire a sua roupa. - Disse Bang e então saiu do banheiro me deixando pra trás.
  - Por que não? Você não quer ver o espetáculo por baixo dos panos?
  - Assim que falei isso fui arrastada repentinamente pra fora do banheiro e posta contra parede com força como se fosse a minha lembrança que estivesse se materializando. Talvez...
  - Não me provoque... - Antes de Bang terminar eu já o interrompi.
  - Cala a boca imbecil, eu quero roupas e... Você sabe onde está o Zelo? Tenho umas contas pra acertar com ele sabe.
  - Por que está tão animada delegada? - Indagou ele e eu abri um sorriso largo e provocativo, do jeitinho que só eu sabia fazer.
  - Porque... - Falei me aproximando mais do corpo musculoso de Bang e colando nossos corpos enquanto sussurrava em seu ouvido - Eu vou arrancar a sua cabeça, com os meus dentes.

Cadáver de Sangue IOnde histórias criam vida. Descubra agora