Capítulo XLVIII - Furor Instantâneo

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  " Lucy: Quando terei paz...?"

  - A única coisa que você vai tocar vai ser a sua cara no meu punho seu merda! - Vlad bradou indo na direção do médico.
  - Contenha-se! - Pediu o médico tentando ser educado e Zelo agarrou Vlad pelos braços pra segura-lo, me encolhi e abracei as pernas ficando nervosa, será que já não chega de tantos problemas? E agora o Vlad quer criar mais um?!!
  - Para Vlad, não é hora pra ter ciúme, ele é o único médico sobrenatural aqui dentro, ele não vai fazer nada demais, e precisamos dele! - Disse Zelo tentando acalmar Vlad e o mesmo se soltou dos braços do amigo fulminando o médico com os olhos queimando de ódio. - Você não vai tocar nenhum lugar impróprio né doutor??! - Perguntou Zelo e o médico olhou pra mim percebendo que eu já estava desconfortável com a situação.
  - É óbvio que não vou, sou um profissional! - O médico retrucou parecendo ofendido e então coçou o queixo trocando um olhar raivoso com Vlad, vampiro e lobisomem não se dão bem! Se Vlad não tivesse um lado vampiro no seu D.N.A era certeza que esses dois já teriam se matado. Em seguida, o médico ignorou os demais na sala e se voltou pra mim - Senhorita, posso começar? - Perguntou o médico e eu larguei as pernas, olhei pra Vlad e depois pra Zelo, o Vlad não parecia muito contente.
  - C-claro doutor. - Respondi, não queria ter gaguejado, mas não consegui me conter. O médico voltou a sorrir como se nada tivesse acontecido e então veio até mim, com cuidado me ajudou a deitar na cama, após ele se afastou e foi até o pé da cama.
  - Vamos começar pelas pernas, vou tocar nas panturrilhas pra dobrar sua perna. - Disse ele e eu assenti, então o médico pegou na panturrilha da minha perna direita e ergueu minha perna pra cima, e com cuidado a flexionou para dobrar, eu podia sentir o peso do olhar de todos em cima de mim, principalmente o de Vlad. O médico dobrou minha perna bem devagar três vezes. Parecia normal, pelo menos eu não sentia dor nenhuma, só os nervos formigando.
  - Está sentindo alguma dor? - Perguntou o médico me analisando com atenção, eu neguei. Então ele pegou a outra perna, segurando no meu tornozelo e na panturrilha e dobrou a perna três vezes. Ele me perguntou de novo o que eu estava sentindo, afirmei que nenhuma dor, e isso se seguiu pelos dedos dos meus pés, pelos dedos das mãos, pelo pescoço, pelos braços e várias regiões que tinham ligamentos e terminações nervosas até chegar no momento que ele teve que tocar minhas costelas. O médico tirou o travesseiro debaixo da minha cabeça e me pôs reta na cama.
  - Vou segurar a extensão de pele que cobre os ossos da sua costela, e então você vai ver se consegue deitar de lado, tabom? - Perguntou o médico e eu assenti, ele pôs a mão nas minhas costelas do lado direito do meu corpo, colocando pressão em cima, senti um leve desconforto, arfei e me virei cuidadosamente, de lado, assim que parei de me mecher senti uma fisgada um pouco abaixo do busto.
  - Ah! - Gemi de dor, a fisgada latejou no meu pulmão, deu pra sentir o osso raspar em cima do órgão. O médico tirou a mão de cima assim que eu gemi. Vlad se aproximou da cama.
  - Luciana... - Vlad sussurrou pegando na minha mão, o médico o afastou deixando Vlad mais irritado do que já estava.
  - Não atrapalhe rapaz. -Pediu o médico e me pegou pela cintura e me deitou de barriga pra cima. Me ajeitei e ele me fez uma careta. - Acho que temos uma costela fora do lugar senhorita, eu vou ter de devolvê-lá ao seu devido lugar. - Ele olhou nos meus olhos e eu pensei na hipótese de sair correndo, mas eu acho que eu iria cair no chão antes de conseguir passar pela porta. Olhei pra Vlad, ele não estava olhando pra mim, estava observando atentamente as ações do médico. Quando pensei em desviar o olhar seus olhos azuis confrontaram os meus. Aquilo me confortou momentâneamente, mas eu ainda estava com medo.
  - Vai doer muito? - Perguntei voltando a olhar para o médico e ele umideceu os lábios pensativo.
  - Só um pouquinho. - Disse - É como levar uma picada de abelha, dá pra suportar. - Explicou e então eu respirei fundo.
  - Tabom então, eu aguento. - Falei e o médico colocou sua mão na bainha da camisola.
  - Vamos ter que erguer isso um pouco. - Disse ele e Vlad bufou.
  - Que tal você sair daqui antes que eu quebre seu pescoço? - Vlad sugeriu e o médico se afastou de mim, estressado cruzando os braços sobre o peito.
  - Rapaz se você não parar de agir com falta de maturidade eu vou ter que tirar todos do quarto. - Disse o médico e Vlad arregalou os olhos se enchendo de furor.
  - Eu vou arrancar a sua cabeça se você tentar fazer isso! - Antes que Vlad pudesse se mecher Zelo o segurou. Jennifer e Sofia assistiam tudo atentamente.
  - Vlad dá pra parar! - Bradei perdendo a paciência e Vlad me encarou incrédulo.
  - Eu to tentando te defender!!? - Retrucou ele.
  - Não, você está atrapalhando! Eu to cansada já e quero que isso acabe logo e você está enrolando! - Respondi nervosa e Vlad ficou quieto. Não sei se ficou bravo comigo, mas eu sei que não quero me preocupar com isso agora, me voltei para o médico - Faz o que tiver que fazer. - Falei e o médico se aproximou de mim e ergueu a camisola, expondo minha barriga, fiquei com um pouco de vergonha, eu era muito pálida. Zelo soltou Vlad que agora parecia mais controlado e foi até Jennifer ficar ao lado das meninas, enquanto Jennifer acolhia Zelo em seus braços, Sofia estava parada observando tudo, Vlad continuou em pé, ao lado da cama.
  - Quando eu falar "3", você não pode segurar minhas mãos, se não pode dar errado e o osso pode acabar perfurando o pulmão, ok? - Disse ele e assim que eu assenti ele começou a contagem  - ...1... - Respirei fundo - ...2... - Meu coração começou a disparar e eu senti um frio terrível na barriga, o médico colocou uma mão gelada embaixo da minha costela e a outra bem em cima da costela fora do lugar - ...3... - Cerrei os olhos com força e ele pressionou o osso com tudo, por impulso eu quis segurar as mãos dele, mas aguentei, a dor começou com uma fisgada e então aumentou até parecer um soco ou uma agulhada profunda na pele, senti o osso passar de raspão perto do pulmão e arquejei - Já está acabando - Disse o médico e eu mordi o lábio inferior com força pra não gritar, ardia muito!
  - Você está machucando ela seu imbecil! - Escutei a voz de Vlad e quase gritei, meus olhos se encheram de água e então a dor acabou, foi como se uma engrenagem encaixa-se na outra e o médico tirou a mão da minha pele. Abri os olhos, e olhei pras minhas costelas, tinha uma breve extensão de pele toda vermelha, mas a dor que eu senti e todo aquele desconforto não existia mais. O médico abaixou a camisola e me abriu um sorriso.
  - Está melhor? - Perguntou e eu passei a mão sobre a costela, massageando a região dolorida.
  - Agora está. - Respondi - Obrigada. - Agradeci e depois de me responder um "não há dê quê" o médico se voltou pra Vlad com um olhar convencido.
  - Viu? Eu sei o que eu estou fazendo. - Disse o médico e Vlad mostrou o dedo do meio pra ele, e antes que o médico tomasse outra atitude, acrescentou - Ah e, imbecil é você por agir dessa forma, devia estar repousando. - Vlad ficou vermelho de raiva, me segurei pra não rir, então o médico se virou pra mim.
  - Tome o café da manhã, coma bastante e durma um pouco, vai ajudar na recuperação. - Me disse ele e eu iria apenas assentir quando me lembrei de algo importante.
  - Eu vou fazer isso, mas será que eu não posso saber o que aconteceu com a bebê antes?

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