Minha visão ficou turva de repente e meus joelhos quase cederam, com relutância me esforcei para ficar de pé. Bang encarou Vlad e sibilou alguma coisa que apenas Vlad pode entender e então, os dez homens fardados miraram em Bang suas armas de fogo, mas elas pareciam estranhas para serem comparadas a armas normais. Senti o chão ceder e meus joelhos fraquejaram, quando eu ia cair no chão, Bang, imprevisível como sempre, numa velocidade que nem mesmo meus olhos puderam acompanhar, quebrou a cama e arrancou um pedaço de madeira do estrado,antes que alguém pudesse fazer qualquer coisa, Bang se voltou pra mim, e sem deixar que eu caisse no chão, cravou a estaca no meu coração. Gritei e coloquei minha mão sobre a dele que segurava a estaca, que estava atravessada no meu peito. Boqui-aberta de espanto eu tentei respirar, o gosto metálico na minha boca me dava ânsias. Encarei Bang em choque. Escutei um grito cheio de furor vindo do outro lado do quarto onde os homens estavam e então Bang sorriu pra mim.
- Adeus Luciana. - Falou e sussurrei "desgraçado" mas minha voz não saiu. Eu não tinha mais forças pra pronunciar palavras. Calafrios percorreram meu corpo e com uma ardência horrível no peito eu fechei os olhos lentamente. Morrendo de vez. Tudo ao redor silênciou. Me senti como se estivesse embaixo d'água e me lembrando da doce voz de minha mãe a vida que um dia foi minha se esvaiu de meu corpo....5 horas depois...
Eu podia sentir que um cobertor quente me envolvia em aconchego, abri os olhos e olhei ao meu redor um pouco ensonada e assustada, foi então que percebi que não havia morrido, eu me lembrava de Bang cravando a estaca no meu coração, me lembrava da dor e da serenidade que invadiu meu corpo enqunto eu morria, então como poderia estar viva se eu havia morrido, rolei na cama e olhei ao meu redor, eu estava num quarto bonito de paredes brancas, havia uma sacada e um banheiro dentro do cômodo, era um quarto aconchegante e até um pouco feminino levando em conta que o cobertor e travesseiros da cama eram rosa, haviam dois guarda-roupas azuis no quarto. É, concerteza eu não estava na mansão de torturas de Bang e Rive, será que eu havia sonhado tudo?
Olhei para meu corpo em confusão, não havia nem mesmo cicatrizes e eu estava vestida por um pijama um pouco largo, parecia masculino, era uma calça larga de tecido leve branca e um blusão bem quentinho. Me sentei na cama e encarei meu reflexo no espelho que ficava num dos guarda-roupas azul que estavam de frente pra cama, eu estava normal, vampira e viva. E muito confusa. Tirei o cobertor de cima de mim e coloquei os pés para fora da cama, estava uma manhã fria mas não parecia estar com o céu nublado, da sacada raios de sol invadiam o quarto, as cortinas esvoaçavam com a brisa da manhã e eu me levantei da cama, pisando no chão de madeira eu fui até a sacada, quando parei diante das cortinas a brisa atravessou minhas roupas me fazendo levemente estremecer eu respirei fundo. O que estava acontecendo? Onde é que eu estava? E por que não acordei levando tapa ou sei lá o que como sempre me acordavam. Olhei pra fora. Uma extensão de quintal florido e grande era visível, havia um coreto e caminhos de pedra que levavam até um coreto. Eu estava tão confusa com toda aquela beleza que ão fazia ideia se estava vivendo na realidade de um sonho ou se possívelmente havia ido para o céu dos vampiros depois que Bang me matou. A segunda opção parecia melhor. Me aproximei da grade de proteção da sacada, absolvida e deslumbrada com a beleza daquele quintal.
- Gosta do que vê? - Perguntou uma voz um pouco familiar e meu coração disparou dentro do peito, me virei para o dono da voz em estado de alerta. Eu estava tão destraída que nem havia percebido que alguém havia entrado no quarto e vindo atrás de mim na sacada.
- Vai me torturar também?!! - Esbravejei ríspida encarando Vlad com temor. Ele era um homem de ombros largos, charmoso e não parecia ser perigoso, mas depois de tudo que passei nas mãos de Bang e Rive... Os homens se tornaram o maior perigo da humanidade....
- Acalme-se, não vou machuca-lá, apenas quero te dar seu café da manhã e depois, se a senhorita quiser é claro, levá-la para passear pelo jardim que estava a admirar. - Relatou Vlad e eu o encarei com desconfiança. O melhor era não confiar nele, se ele quisesse me machucar eu não saberia o que poderia fazer para me defender, não o conheço, não sei o que ele é.
- Não confio em você. - Alertei - O que me garante que não vai tentar me matar também ou me abusar ou sei lá o que esta passando essa sua mente. - Falei e ele deu um passo adiante se aproximando, o que me fez recuar e encostar as costas na grade de proteção da sacada.
- Não vou tentar nada senhorita... - Começou a dizer e eu o interrompi.
- Não me chame assim, me chame pelo meu nome. - Falei e ele me encarou com um olhar de afeto, o que será que ele queria fazer comigo? - O que você quer afinal? - Perguntei defensiva e ele se aproximou mais um pouco.
- Apenas cuidar de você Luciana - Relatou suspirando, ele parecia exausto, quando pois a mão na cintura tirou uma arma do cinto, tentei recuar relutante quanto a ele e ele estendeu a mão me entregando a arma, ela era igual a que os homens fardados usavam quando estavam lá na mansão, antes de Bang me matar. - Use-a para se sentir confortável, pode atirar em mim se eu fizer alguma coisa com você. Sei que está com medo. - Falou e com relutância peguei a arma da mão dele e apontei pra ele.
- O que esta arma faz em você? E o que você é? - Perguntei e ele deu mais um passo adiante.
- Sou um híbrido como você. Porém, eu sou um híbrido de lobisomem com anjo caído. E você uma híbrida de vampira e lobisomem. - Falou e eu franzi o cenho em confusão.
- Eu sou uma vampira, apenas isso.
- Não, não é.
- E como você pode ter tanta certeza? - Perguntei e ele passou a mão no cabelo em um gesto calmo e natural, segurei a arma com mais firmeza.
- Você não morreu quando aquele desgraçado atravessou uma estaca no seu coração. E... Além disso, acho que percebeu que sua transformação como vampira mudou não é mesmo. - Falou e eu rei para refletir, me lembrando do dia em que matei aquele jovem rapaz ruivo, o quanto ele estava assustado comigo, o quanto eu me assustei quando me olhei no espelho, balancei a cabeça em protesto tentando afastar a lembraça. Vlad estava certo. Eu estava mudada. Bang haviam me transformado em um monstro, senti meus olhos se encherem de água, eu não queria ter matado pessoas inocentes, a vida deles havia se perdido como folhas para o vento. Senti lágrimas quantes rolarem por meus rosto e as limpei rapidamente com a manga o blusão. Eu não queria ter tado eles. Eles não tinham culpa de nada. Escorreguei pela grade lentamente, enquanto o desespero me tomava, eu não queria ter feito aquilo. Me sentei no chão com a arma apontada para baixo, os gritos daquele jovem rapaz ruivo ecoavam na minha mente, eu me lembrava do quanto ele se esforçou para me empurrar e salvar sua vida, mas não foi suficiente. Eu era um monstro. Eu era um monstro de verdade. A presença de Vlad não me importava mais. Eu só queria lamentar pela morte deles e me enojar pelo que fiz. Abracei minhas pernas e escondi meu rosto em meus joelhos enquanto lágrimas e mais lágrimas desciam pelos meus olhos. Eu era um monstro...

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Cadáver de Sangue I
TerrorQual é a pior forma de morrer? Vamos descobrir juntos...? Lucy era uma doce menina, ajudava todos e vivia feliz...até acidentalmente se envolver com pessoas erradas e ter seu destino traçado por dois homens com distúrbios psicológicos. E depois de p...