Capítulo LVIII - Lamento dos Mortos/ Parte 2

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.... Vlad Narrando....

  - Que coisa você gostaria que eu fizesse? - Perguntou Luciana e eu engoli em seco procurando as palavras certas para explicar o que eu queria dizer. Eu queria que ela tomasse o meu sangue pra ficar forte, ela ia precisar de mais força pra aguentar todas as torturas, e eu não tenho nem uma noção de quando vão nos alimentar, então o melhor seria eu alimentar ela, pra deixa-lá menos vulnerável para o Rive. Mas o receio de dizer algo que ela me entenda errado parecia maior do que eu podia controlar. Eu só não queria discutir com ela.
  - É que eu queria que você...  - Comecei mas parei de falar quando avistei à pouco mais de um metro a mochila que Zelo havia me entregado - Antes de nos trancar aqui, eles disseram que se quiser tomar banho, tem um banheiro aqui dentro e naquela mochila tem roupas e toalha. - Apontei para a mochila e Luciana estendeu a mão e pegou ela no colo, abrindo pra ver o que tinha dentro, mesmo já sabendo o que era. Calças jeans, roupas íntimas e camisetas.
  - É... Tomar banho não parece nada mal... Eu até quero tomar banho... Mas eu to com medo de ficar sozinha. - Disse ela se levantando do colchão com a mochila na mão, assisti ela ir até a porta do banheiro e acender a luz. - Eu não estou insinuando nada! - Ela ressaltou enrubescendo e eu acabei dando risada. Não sei como numa situação destas, eu acabei dando risada.
  - Então o que eu entendi não foi exatamente o que eu entendi? - Perguntei contendo o riso e ela negou com a cabeça mas depois assentiu confusa, me levantei do chão e fui até ela.
  - Eu não quero que você entre. Só queria que você ficasse perto da porta. Eu estou com medo de algum deles entrar aqui e me pegar tomando banho. - Falou ela e eu assenti dando a entender que eu lhe havia compreendido.
  - Pode tomar seu banho tranquila, vou ficar aqui, e se acontecer alguma coisa eu bato na porta pra te deixar alerta, ok? - Perguntei e ela assentiu.
  - Ok.

.... Lucy narrando....

  Eu fechei a porta do banheiro, não dava pra trancar, a fechadura estava quebrada, a única coisa que dava pra fazer era encostar a porta. Olhei para o cenário ao meu redor, o banheiro não era muito grande, as paredes cinza estavam com a tinta descascando e o piso no chão estava quebrado. O chão era frio. Coloquei a mochila sobre a tampa da privada e tirei a camisola ensanguentada, o sangue já havia secado e aquele cheiro metálico subiu direto pro meu nariz, me dando náuseas. Eu não queria ter vindo parar nas mãos do Bang e do Rive de novo. Fitei o sangue seco me lembrando do olhar do Rive, o jeito que os olhos dele pareciam tão tomados de insanidade, inebriados por uma sensação de prazer abominável. Aquilo era repugnante. Como ele consegue sentir prazer na dor de outra pessoa? Isso não é amor... É loucura.
  Respirei fundo, tirei o resto de roupa que ainda estava no meu corpo, peguei uma toalha e fui até o chuveiro, que aliás parecia novo. Não havia espelho no banheiro, e isso me dava alívio de saber que por acaso não vou ver assombração nenhuma hoje. Tinham apenas alguns cacos de espelho num canto perto da porta de madeira.
  Usei a toalha nas minhas mãos pra abrir o registro do chuveiro, eu estava com medo de tomar choque pelo fato de estar descalça. Quando consegui ligar o registro, a água caiu em pequenas torrentes, e dela saia uma fumaça indicando que a água estava quente. Coloquei a toalha sobre a pia que era localizada próxima do chuveiro e entrei debaixo da água. Sentindo o meu corpo rígido de frio, se soltar e relaxar.

  Vesti a camiseta branca, era a última peça que faltava pra mim estar completamente vestida. A calça jeans era um pouco larga mas estava confortável, pelo menos eu não estava com aquela camisola suja que deixa minhas pernas expostas. Deixei a camisola em um cantinho debaixo da pia e sai do banheiro. Vlad estava na porta, sentado no chão, dormindo. Tadinho. Fiz ele dormir no chão frio por causa do meu pedido de ele ficar de vigia.
  Me abaixei em sua frente e acariciei seu rosto gentilmente, para tentar acorda-lo.
  - Vlad... - Um sussurro escapou de meus lábios na tentativa de acordar ele e Vlad abriu os olhos. Foi então que reparei. Ele não estava dormindo, estava apenas com os olhos fechados, mas atento a tudo ao redor.
  - Me morde. - Seus lábios pronunciaram e ele me puxou para um abraço, a princípio eu me contive com a ação repentina dele, mas então me aconcheguei no seu abraço, eu estava com um pouco de frio e Vlad estava tão quentinho.
  - Por que você quer que eu faça isso? -  Perguntei calmamente encaixando meu rosto em seu ombro, me escondendo do frio.
  - Pra ficar forte. - Respondeu ele e eu senti sua mão depositar carícias no meu cabelo enquanto seus dedos se encaixavam em minha nuca. Senti sua respiração no meu pescoço me arrepiar.
  - Vou tentar ser delicada. - Assenti e ele se levantou do chão me segurando em seu colo, Vlad me levou até o colchão. Eu me sentei em sua frente, próxima dele mas não colada em seu corpo, aproximei meu rosto de seu pescoço novamente e inalei aquele cheiro doce e atrativo do sangue, meus olhos escureceram e minha visão ficou preto e branca.
  - Você não vai ficar fraco se eu fizer isso? - Perguntei e ele passou a mão em meus cabelos molhados.
  - Meu lado licantrope está ficando mais ativo esses últimos dias, vou continuar forte. - Explicou ele e eu senti minhas presas roçarem na pele do pescoço dele o fazendo arrepiar. Depositei um selinho no local, e em seguida minhas presas atravessaram sua pele. Vlad pois suas mãos na minha cintura e me puxou contra o seu corpo quente.

.... Jennifer narrando....

  Minha visão embaçada me impedia de ver ele, mas eu sabia que Bang havia se afastado da cama. Eu sentia o suor frio escorrer pela minha testa machucada e tocar no colchão. Me encolhi em posição fetal quase vomitando, eu não conseguia respirar direito, o ar saia mas não voltava o suficiente, e nem em desespero eu não conseguia entrar. Senti uma forte vontade de vomitar, mas quando fiz ânsia sufoquei um grito na garganta, a parte de trás da minha cabeça doía demais. Como se eu tivesse levado uma pancada muito forte.
  - Não está tão durona agora não é mesmo delegada. - A voz de Bang chegou aos meus ouvidos, mas eu não entendi direito, parecia que estava muito distante para que eu pudesse identificar aquelas palavras.
  Senti mãos frias pegarem meus pulsos e me obrigar a levantar, tentei relutar mas eu mal conseguia me sustentar em pé, meus joelhos cediam a cada tentativa de me manter sobre eles. Fui arrastada até alguma coisa que não era nada macia, fui posta a força em cima dela e senti o frio do metal atravessar o fino tecido das minhas roupas e tocar minha pele, eu estava em cima de uma mesa de ferro. Só consegui reconhecer porque uma vez eu fui posta em cima de uma destas na minha infância. O que aconteceu em cima dela depois foi horrível. Tentei forçar minhas pernas para fora da mesa, pelo menos para cair no chão, eu não queria ficar aqui, eu não estava conseguindo respirar. Acabei chutando alguém e escutei um grunhido, em seguida levei um tapa na cara, tão forte que me fez gritar e virar o rosto pro outro lado. Em seguida senti mãos macias e frias se encaixarem em meu pescoço, ele ia me esganar...

Cadáver de Sangue IOnde histórias criam vida. Descubra agora